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CRISE NO AR
Assembléia ocorre em meio a debate judicial, e há dúvidas sobre validade da decisão; plano de recuperação é aprovado
Credor da Varig rejeita proposta de Tanure
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Os credores da Varig rejeitaram
em assembléia ontem a proposta
do grupo Docas, do empresário
Nelson Tanure, de compra das
ações da FRB-Par (Fundação Ruben Berta Participações), controladora da companhia aérea.
Descartada a proposta de Tanure, os credores decidiram aprovar
o plano de recuperação elaborado
pela administração da companhia
aérea. Ainda existem dúvidas, no
entanto, sobre a validade da assembléia. A administradora judicial da Varig, a consultoria Deloitte, deu início à assembléia seis horas depois do previsto em razão
de uma batalha jurídica travada
no STJ (Superior Tribunal de Justiça) entre advogados do grupo
Varig. A assembléia começou por
volta das 15h, apesar de o STJ ter
decidido manter uma liminar que
suspendia a reunião.
O grupo Docas vai tentar anular
o efeito da assembléia.
Segundo o presidente da Varig,
Marcelo Bottini, a empresa decidirá como tratar o assunto só depois que o administrador judicial
for comunicado. "A princípio, pelas informações que tenho aqui, a
assembléia está válida, mas não se
sabe o dia de amanhã."
Credores de peso nas contas da
Varig vetaram a proposta de
transferência do controle da FRB-Par à Docas, como Infraero, Aerus (fundo de pensão) e Boeing. A
proposta foi vetada por 100% dos
votos de trabalhadores e de credores com e sem garantias. Os índices de abstenção, no entanto,
foram altos: entre os trabalhadores, de 42,9%; entre os credores
com garantia, de 6,1%, e, entre os
credores sem garantias, de 32,4%.
A proposta aprovada pelos credores prevê a conversão de dívidas em cotas de FIPs (fundos de
investimento e participações).
O plano econômico-financeiro
prevê a criação de quatro FIPs. O
FIP-Controle receberá um aporte
de todas as ações das devedoras e
terá como administrador um
banco comercial de primeira linha e um gestor escolhido pelas
três classes de credores. Esse fundo terá participações em todos os
demais FIPs-Créditos constituídos. Os fundos de créditos serão
criados e regulados por credores
que decidirem participar.
O atual presidente da Varig
exercerá o papel de gestor interino para criar a estrutura dos FIPs
e garantir a implementação da recuperação nos moldes do plano.
O plano operacional prevê que a
Varig chegue ao final de 2006 com
75 aeronaves na frota. Do total, 69
estariam em operação. Hoje, a
frota é de 75 aviões, mas apenas 58
estão voando. "Ocorrerão substituições, algumas empresas de leasing podem não querer trabalhar
conosco", afirmou Bottini.
De acordo com o plano, a companhia passará de uma margem
operacional negativa de 4,6% em
2005 para um patamar positivo de
8,6% em 2010.
O presidente da Varig destacou
que, mesmo sem o apoio de um
investidor, a companhia conseguiu recuperar três aviões e até o
final do mês mais três voltarão a
operar. Ele enfatizou, no entanto,
que novos investidores são bem-vindos e citou os nomes da TAP e
do fundo norte-americano Mattlin Patterson, que já manifestaram interesse em participar da recuperação da companhia.
Nova York
O presidente da Varig informou
que a companhia vai levar a Nova
York, em audiência amanhã, parte do pagamento das dívidas com
as empresas de leasing. Segundo
Bottini, a dívida que vence amanhã é de US$ 44 milhões. Do total,
a Varig pretende pagar US$ 20
milhões. Os recursos serão obtidos via troca de recebíveis.
A Justiça americana estabeleceu
pré-requisitos para a Varig, como
a aprovação do plano de recuperação dos credores, o aumento do
número de aeronaves em operação, a melhor elaboração do plano de contingência e o pagamento das empresas de leasing.
"Não é só dinheiro, é uma série
de coisas. Os credores querem ver
em Nova York que somos capazes
de sair da situação que estamos
hoje", disse. O resultado da audiência nos EUA é decisivo para o
futuro da companhia. A Justiça
americana havia estendido o prazo de proteção da Varig até o dia
21, impedindo que as aeronaves
da companhia fossem arrestadas
a pedido das empresas de leasing.
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