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Câmbio e juro elevam taxa de investimento
Com dólar mais baixo e Selic menor, crédito avança e empresas compram mais máquinas, e taxa de inversão chega a 20,8% do PIB
Indicador é o segundo melhor para um 3º trimestre desde o Real; para analistas,
no entanto, taxa precisa ser de 23% para país crescer 5%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Juros mais baixos, crédito
em expansão para empresas,
retomada da construção civil e
câmbio favorável à importação
de máquinas e equipamentos
fizeram a taxa de investimento
da economia brasileira subir
para 20,8% no terceiro trimestre de ano, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O indicador, que mede o volume de investimentos como
proporção do PIB (Produto Interno Bruto), alcançou a segunda melhor marca para um terceiro trimestre desde o Real.
Apenas no terceiro trimestre
de 2004, quando a economia
estava bastante aquecida, é que
a taxa havia sido maior
-20,9%. No terceiro trimestre
de 2005, ficou em 20,4%.
Em 2004, o PIB cresceu
4,9%. Neste ano, as projeções
apontam para uma expansão
inferior a 3% -2,8%, segundo
estimativa do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada).
De acordo com Claudia Dionísio, técnica da Coordenação
de Contas Nacionais do IBGE,
os investimentos estão ganhando espaço no PIB porque
crescem a um ritmo superior
ao da economia com um todo.
No terceiro trimestre, os investimentos subiram 2,5% na
comparação livre de efeitos sazonais com o trimestre anterior. O PIB cresceu 0,5%. Ontem, o IBGE divulgou o valor do
PIB, que totalizou R$ 542,1 bilhões no terceiro trimestre.
Entre as razões para o bom
desempenho do investimento,
diz Dionísio, estão a redução da
taxa básica de juros (Selic), o
incremento do crédito para
pessoas jurídicas e a recuperação da construção civil.
Beneficiada pela desoneração fiscal aos seus principais insumos, a indústria da construção cresceu 5,5% ante o terceiro trimestre de 2005. Foi o segundo melhor desempenho entre os subsetores do PIB, só
atrás da agropecuária.
De acordo com Dionísio, outro fator de impulso ao investimento é a desvalorização do
dólar, que alavanca as importações de bens de capital. Desse
modo, diz, aumenta a capacidade produtiva da economia.
"A tendência é que aumentem as importações de máquinas e equipamentos em decorrência do câmbio", prevê.
Apesar da expansão da taxa
de investimentos, economistas
ainda a consideram insuficiente para sustentar um crescimento econômico vigoroso no
longo prazo. Especialistas calculam que a taxa deva chegar a
um patamar de 23% a 25% do
PIB para que o país cresça a um
ritmo de 5% ao ano.
"Teremos em 2006 um esforço de investimento superior ao
que temos feito normalmente e
com tendência de aumento, o
que é favorável", avalia o Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
Poupança também cresce
Pelos dados do IBGE, a taxa
de poupança do país ficou em
25,2% no terceiro trimestre
deste ano, a mais alta da série
iniciada em 1995.
De acordo com Dionísio, a taxa de poupança cresceu porque
a renda disponível do país aumentou numa proporção
maior do que o consumo. Como
a poupança é um resíduo da
renda que não vai para o consumo, houve expansão, diz.
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