São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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Câmbio e juro elevam taxa de investimento

Com dólar mais baixo e Selic menor, crédito avança e empresas compram mais máquinas, e taxa de inversão chega a 20,8% do PIB

Indicador é o segundo melhor para um 3º trimestre desde o Real; para analistas, no entanto, taxa precisa ser de 23% para país crescer 5%


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Juros mais baixos, crédito em expansão para empresas, retomada da construção civil e câmbio favorável à importação de máquinas e equipamentos fizeram a taxa de investimento da economia brasileira subir para 20,8% no terceiro trimestre de ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O indicador, que mede o volume de investimentos como proporção do PIB (Produto Interno Bruto), alcançou a segunda melhor marca para um terceiro trimestre desde o Real.
Apenas no terceiro trimestre de 2004, quando a economia estava bastante aquecida, é que a taxa havia sido maior -20,9%. No terceiro trimestre de 2005, ficou em 20,4%.
Em 2004, o PIB cresceu 4,9%. Neste ano, as projeções apontam para uma expansão inferior a 3% -2,8%, segundo estimativa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
De acordo com Claudia Dionísio, técnica da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, os investimentos estão ganhando espaço no PIB porque crescem a um ritmo superior ao da economia com um todo.
No terceiro trimestre, os investimentos subiram 2,5% na comparação livre de efeitos sazonais com o trimestre anterior. O PIB cresceu 0,5%. Ontem, o IBGE divulgou o valor do PIB, que totalizou R$ 542,1 bilhões no terceiro trimestre.
Entre as razões para o bom desempenho do investimento, diz Dionísio, estão a redução da taxa básica de juros (Selic), o incremento do crédito para pessoas jurídicas e a recuperação da construção civil.
Beneficiada pela desoneração fiscal aos seus principais insumos, a indústria da construção cresceu 5,5% ante o terceiro trimestre de 2005. Foi o segundo melhor desempenho entre os subsetores do PIB, só atrás da agropecuária.
De acordo com Dionísio, outro fator de impulso ao investimento é a desvalorização do dólar, que alavanca as importações de bens de capital. Desse modo, diz, aumenta a capacidade produtiva da economia.
"A tendência é que aumentem as importações de máquinas e equipamentos em decorrência do câmbio", prevê.
Apesar da expansão da taxa de investimentos, economistas ainda a consideram insuficiente para sustentar um crescimento econômico vigoroso no longo prazo. Especialistas calculam que a taxa deva chegar a um patamar de 23% a 25% do PIB para que o país cresça a um ritmo de 5% ao ano.
"Teremos em 2006 um esforço de investimento superior ao que temos feito normalmente e com tendência de aumento, o que é favorável", avalia o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

Poupança também cresce
Pelos dados do IBGE, a taxa de poupança do país ficou em 25,2% no terceiro trimestre deste ano, a mais alta da série iniciada em 1995.
De acordo com Dionísio, a taxa de poupança cresceu porque a renda disponível do país aumentou numa proporção maior do que o consumo. Como a poupança é um resíduo da renda que não vai para o consumo, houve expansão, diz.


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