São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disputa por 3G em SP tem ágio menor

Sobrepreço em leilão de áreas de celular de 3ª geração na área mais rica fica em 68%, contra até 274% em outras áreas

Ao contrário de anteontem, Nextel não deu lances que elevaram preços, e "venda casada" com áreas menos lucrativas reduzem atração

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa pelo que seria o maior atrativo do leilão de 3G (freqüências de celular para serviços de terceira geração, com acesso em alta velocidade à internet, TV e outros) teve ágios pequenos. Enquanto para Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe os ágios chegaram a 274%, em São Paulo o maior lance da disputa elevou o preço mínimo em 67,96%.
Um dos motivos que explica a queda no ágio em São Paulo é o sistema de "venda casada" montado pelo governo para garantir que áreas pouco atrativas tenham oferta de serviço.
Quem ganha São Paulo (capital e região metropolitana) fica obrigado a oferecer o serviço também no Amazonas, no Amapá, no Pará, no Maranhão e em Roraima.
Quem comprou freqüências no interior do Estado também levou a obrigação de fornecer celulares em Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. A disputa foi pouco movimentada, com as quatro grandes operadoras de celular (Vivo, TIM, Claro e Oi) dividindo lotes nas duas áreas (capital e interior). No total, os oito lotes paulistas em região nobre saíram por R$ 1,346 bilhão, ágio médio de 51,22% sobre o preço mínimo total.
A comparação com os quatro lotes vendidos terça-feira na área 1 (composta por Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe) demonstra como o resultado para São Paulo teve uma disputa menor. O total arrecadado com a venda dessa área foi R$ 1,918 bilhão, com ágio médio de 160,45% em relação ao preço mínimo.
Para a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o sistema de "venda casada" não pode ser culpado pelo resultado inferior de São Paulo. Na análise de Jarbas José Valente, superintendente de Serviços Privados da agência, assim como a postura agressiva da Nextel explicou o sucesso do leilão na terça-feira, sua falta de apetite também explica a piora de resultado ontem.
"Hoje [ontem] a Nextel não veio com tanto apetite", disse Valente. "Isso aconteceu porque a empresa não conseguiu nenhuma freqüência [na área 1] e, com isso, não poderá montar um pacote de serviços nacional", disse. Valente, que na terça-feira havia projetado ágio médio de 100%, reviu sua previsão para 80%. Ontem, até o fechamento desta edição, o leilão, que ainda estava em andamento, havia arrecadado R$ 5,042 bilhões, com ágio médio de 76,32%.
As áreas de maior interesse econômico para as empresas (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, região Sul e Triângulo Mineiro), no entanto, já haviam sido licitadas.
Em São Paulo, ainda haveria licitação para outros quatro lotes em uma área com 23 municípios. No resto do país, para outras quatros áreas, cada uma com quatro lotes.

Serviços
A expectativa da Anatel é que os vencedores do leilão assinem os termos de autorização até o final de janeiro do ano que vem. A partir da data da assinatura, as empresas têm até um ano para iniciar a prestação dos serviços.
As projeções da agência reguladora, no entanto, são mais otimistas. A Anatel avalia que, em locais onde já existe rede instalada (como São Paulo e grandes centros), o início da oferta dos serviços 3G começa em até três meses da assinatura do termo. Ou seja, até abril de 2008.
A marca "3G" já vem sendo utilizada há algum tempo por várias operadoras de celular para ofertar serviços.
As faixas de freqüência que estão sendo licitadas agora pela Anatel vão permitir um aumento de capacidade (e de velocidade) na transmissão de dados por celular. Na prática, isso significa tornar viável serviços como TV no celular e acesso a internet, por exemplo.
Outro efeito esperado é a redução no preço dos pacotes de acesso à internet em banda larga oferecido por operadoras de telefonia fixa e de TV por assinatura.
Isso deve acontecer, de acordo com a Anatel, por conta do aumento da competição com as operadoras de celular.


Texto Anterior: Executivo do banco desiste de receber bônus
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.