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Disputa por 3G em SP tem ágio menor
Sobrepreço em leilão de áreas de celular de 3ª geração na área mais rica fica em 68%, contra até 274% em outras áreas
Ao contrário de anteontem, Nextel não deu lances que elevaram preços, e "venda casada" com áreas menos lucrativas reduzem atração
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A disputa pelo que seria o
maior atrativo do leilão de 3G
(freqüências de celular para
serviços de terceira geração,
com acesso em alta velocidade
à internet, TV e outros) teve
ágios pequenos. Enquanto para
Rio de Janeiro, Espírito Santo,
Bahia e Sergipe os ágios chegaram a 274%, em São Paulo o
maior lance da disputa elevou o
preço mínimo em 67,96%.
Um dos motivos que explica
a queda no ágio em São Paulo é
o sistema de "venda casada"
montado pelo governo para garantir que áreas pouco atrativas tenham oferta de serviço.
Quem ganha São Paulo (capital e região metropolitana) fica
obrigado a oferecer o serviço
também no Amazonas, no
Amapá, no Pará, no Maranhão
e em Roraima.
Quem comprou freqüências
no interior do Estado também
levou a obrigação de fornecer
celulares em Alagoas, Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Piauí e
Rio Grande do Norte. A disputa
foi pouco movimentada, com as
quatro grandes operadoras de
celular (Vivo, TIM, Claro e Oi)
dividindo lotes nas duas áreas
(capital e interior). No total, os
oito lotes paulistas em região
nobre saíram por R$ 1,346 bilhão, ágio médio de 51,22% sobre o preço mínimo total.
A comparação com os quatro
lotes vendidos terça-feira na
área 1 (composta por Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e
Sergipe) demonstra como o resultado para São Paulo teve
uma disputa menor. O total arrecadado com a venda dessa
área foi R$ 1,918 bilhão, com
ágio médio de 160,45% em relação ao preço mínimo.
Para a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o
sistema de "venda casada" não
pode ser culpado pelo resultado inferior de São Paulo. Na
análise de Jarbas José Valente,
superintendente de Serviços
Privados da agência, assim como a postura agressiva da Nextel explicou o sucesso do leilão
na terça-feira, sua falta de apetite também explica a piora de
resultado ontem.
"Hoje [ontem] a Nextel não
veio com tanto apetite", disse
Valente. "Isso aconteceu porque a empresa não conseguiu
nenhuma freqüência [na área 1]
e, com isso, não poderá montar
um pacote de serviços nacional", disse. Valente, que na terça-feira havia projetado ágio
médio de 100%, reviu sua previsão para 80%. Ontem, até o
fechamento desta edição, o leilão, que ainda estava em andamento, havia arrecadado R$
5,042 bilhões, com ágio médio
de 76,32%.
As áreas de maior interesse
econômico para as empresas
(Rio de Janeiro, São Paulo, Belo
Horizonte, região Sul e Triângulo Mineiro), no entanto, já
haviam sido licitadas.
Em São Paulo, ainda haveria
licitação para outros quatro lotes em uma área com 23 municípios. No resto do país, para
outras quatros áreas, cada uma
com quatro lotes.
Serviços
A expectativa da Anatel é que
os vencedores do leilão assinem os termos de autorização
até o final de janeiro do ano que
vem. A partir da data da assinatura, as empresas têm até um
ano para iniciar a prestação dos
serviços.
As projeções da agência reguladora, no entanto, são mais
otimistas. A Anatel avalia que,
em locais onde já existe rede
instalada (como São Paulo e
grandes centros), o início da
oferta dos serviços 3G começa
em até três meses da assinatura
do termo. Ou seja, até abril de
2008.
A marca "3G" já vem sendo
utilizada há algum tempo por
várias operadoras de celular
para ofertar serviços.
As faixas de freqüência que
estão sendo licitadas agora pela
Anatel vão permitir um aumento de capacidade (e de velocidade) na transmissão de dados por celular. Na prática, isso
significa tornar viável serviços
como TV no celular e acesso a
internet, por exemplo.
Outro efeito esperado é a redução no preço dos pacotes de
acesso à internet em banda larga oferecido por operadoras de
telefonia fixa e de TV por assinatura.
Isso deve acontecer, de acordo com a Anatel, por conta do
aumento da competição com as
operadoras de celular.
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