São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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Bush aprova lei de energia que eleva produção de álcool

Norma amplia em quase 500% fabricação de combustível

JOHN M. BRODER
DO "NEW YORK TIMES"

Um projeto de lei que alterará de maneira lenta, mas decisiva, os automóveis que os norte-americanos dirigem, os combustíveis que eles utilizam, a maneira pela qual iluminam suas casas e os preços que pagam pelos alimentos foi sancionado ontem pelo presidente George W. Bush, depois de conquistar aprovação por larga margem na Câmara dos Representantes, um dia antes. "Hoje [ontem], estamos dando um passo importante, com a Lei da Segurança e Independência Energética", disse Bush após assinar a lei, em evento no Departamento da Energia. "É um importante avanço para reduzir nossa dependência do petróleo, combater as alterações no clima mundial, expandir a produção de combustíveis renováveis e legar às futuras gerações um país mais forte, mais limpo e mais seguro."
É a primeira vez em 32 anos em que uma lei é utilizada com o objetivo de impor padrões mais severos de economia de combustível para automóveis e utilitários leves. Ela requer a produção de 136 bilhões de litros anuais de combustíveis renováveis até 2022, uma ampliação de quase 500% ante o atual nível de produção de álcool.
A medida também estabelece novos padrões de eficiência energética para equipamentos domésticos e edifícios públicos e estabelece um prazo de de anos para a eliminação do uso de lâmpadas incandescentes.
A aprovação do projeto de lei marca uma das maiores reformulações de política energética adotada pelos Estados Unidos desde os embargos de petróleo nos anos 70. Mas os custos totais da medida não serão conhecidos por anos. Os críticos alegam que ela tornará os carros e veículos comerciais menos seguros e mais caros, desviará o uso de terras hoje utilizadas na produção de alimentos para o plantio de safras usadas na produção de álcool e outros combustíveis sintéticos, além de elevar o preço da comida devido à competição por milho e grãos entre os refinadores de combustíveis e os produtores de alimentos e ração animal.
A deputada Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, descreveu o projeto como revolucionário porque ele resultará em redução nas importações de petróleo, diminuirá as emissões dos gases que os cientistas culpam pelo aquecimento global e aumentará significativamente a eficiência energética da frota nacional de veículos. "Vocês estão presentes em um momento de verdadeira mudança", disse aos colegas antes da votação.
Pelosi e outros defensores do projeto expressaram decepção com o fato de a lei não incluir requisitos de uso crescente de fontes renováveis pelas empresas geradoras de energia e com relação ao corte de um pacote de subsídios a tecnologias de energia eólica, solar, geotérmica e outras fontes alternativas, que teria sido bancado pela imposição de tributos mais elevados sobre as companhias petrolíferas.
"A lei poderia ter sido mais forte", disse a senadora Barbara Boxer. "É realmente lastimável que não tenhamos adotado os padrões em relação à geração renovável de eletricidade ou os incentivos para energia eólica e solar. Mas lutaremos por essas idéias no futuro."


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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