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Metrópoles vivem desindustrialização
Capitais como São Paulo e Rio focam em serviços e perdem espaço no PIB do setor industrial, aponta pesquisa do IBGE
Agropecuária tem a melhor distribuição do PIB, já que 183 cidades tinham 25% de participação no setor; na indústria são apenas dez
DA SUCURSAL DO RIO
Se, por um lado, o PIB paulistano avançou graças ao setores
de serviços, a cidade vive, por
outro, um processo de desindustrialização. O peso de São
Paulo no PIB industrial do país
caiu de 10,7% em 2002 para
9,8%, revela pesquisa do IBGE.
Mas o fenômeno não é exclusividade da capital paulista: no
Rio, cedeu de 3,4% para 2,5%. A
capital fluminense tinha, em
2005, participação no PIB industrial praticamente igual a
Campos dos Goytacazes (no
norte do Estado), que é a maior
produtora de petróleo do país.
Campos tinha um peso de
2,4% na indústria do país. Excluídas as capitais de São Paulo
e Rio de Janeiro, era a maior
participação de uma cidade para o PIB industrial. Ou seja, o
município figurava como o terceiro maior pólo industrial do
país, à frente de Manaus (2,1%),
sede da zona franca.
A cidade do norte fluminense
se beneficiou do aumento expressivo da produção e do preço do petróleo na bacia de Campos. Somente de 2004 para
2005, o incremento da extração de óleo foi de 15%.
Para Sheila Zani, coordenadora da pesquisa PIB dos Municípios do IBGE, as capitais se
focam mais em serviços, e a indústria tende a migrar para o
interior do Estado ou para o
próprio entorno das metrópoles. É o que acontece no Rio e
em São Paulo, diz, com a indústria ganhando força fora da capital, em cidades como Campos
e Guarulhos, por exemplo.
Segundo o IBGE, a indústria
é mais concentrada do que o
PIB. Só dez cidades abocanhavam 25% do PIB em 2005.
Além de São Paulo, Rio, Campos e Manaus, estavam na lista
Guarulhos, São José dos Campos e São Bernardo do Campo
(SP), Betim (MG), Camaçari
(BA) e Duque de Caxias (RJ).
Segundo o IBGE, o chamado
índice de Gini da indústria era o
mais alto dos setores, o que indica maior concentração. Estava em 0,91 em 2005. Nesse índice, quanto mais próximo de
zero, menor é a desigualdade.
Num olhar desatento, o setor
de serviços pode parecer o líder
em má distribuição do PIB.
Apenas duas cidades -São
Paulo e Rio- concentram 25%
da produção. Acontece, porém,
que as atividades de serviços se
irradiam também para cidades
menores, ainda que com menos
intensidade. Basta notar que
1.370 cidades correspondiam a
1% do PIB do setor de serviços.
Na indústria, o número era
bem maior: 2.585 municípios.
Tal realidade se refletiu no
índice de Gini do setor de serviços, que ficou em 0,87 em 2005
-bem próximo ao 0,86 do PIB,
já que a atividade é a de maior
peso na economia. Segundo
Sheila Zani, o maior peso do setor de serviços fez com que a
economia ficasse mais centralizada nas capitais, onde está a
maior parte das atividades de
administração pública e intermediação financeira.
Na outra ponta, surge a agropecuária como o setor com a
melhor distribuição do PIB.
Seu índice de Gini era de 0,57
em 2005. Em 2005, eram necessárias 183 cidades para chegar a uma participação de 25%
do PIB da agropecuária. Das
dez maiores em PIB, seis estavam em Mato Grosso. O PIB
mais robusto do setor ficou
com Campo Verde (MT), grande produtora de algodão.
(PS)
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