São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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Metrópoles vivem desindustrialização

Capitais como São Paulo e Rio focam em serviços e perdem espaço no PIB do setor industrial, aponta pesquisa do IBGE

Agropecuária tem a melhor distribuição do PIB, já que 183 cidades tinham 25% de participação no setor; na indústria são apenas dez

DA SUCURSAL DO RIO

Se, por um lado, o PIB paulistano avançou graças ao setores de serviços, a cidade vive, por outro, um processo de desindustrialização. O peso de São Paulo no PIB industrial do país caiu de 10,7% em 2002 para 9,8%, revela pesquisa do IBGE.
Mas o fenômeno não é exclusividade da capital paulista: no Rio, cedeu de 3,4% para 2,5%. A capital fluminense tinha, em 2005, participação no PIB industrial praticamente igual a Campos dos Goytacazes (no norte do Estado), que é a maior produtora de petróleo do país.
Campos tinha um peso de 2,4% na indústria do país. Excluídas as capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, era a maior participação de uma cidade para o PIB industrial. Ou seja, o município figurava como o terceiro maior pólo industrial do país, à frente de Manaus (2,1%), sede da zona franca.
A cidade do norte fluminense se beneficiou do aumento expressivo da produção e do preço do petróleo na bacia de Campos. Somente de 2004 para 2005, o incremento da extração de óleo foi de 15%.
Para Sheila Zani, coordenadora da pesquisa PIB dos Municípios do IBGE, as capitais se focam mais em serviços, e a indústria tende a migrar para o interior do Estado ou para o próprio entorno das metrópoles. É o que acontece no Rio e em São Paulo, diz, com a indústria ganhando força fora da capital, em cidades como Campos e Guarulhos, por exemplo.
Segundo o IBGE, a indústria é mais concentrada do que o PIB. Só dez cidades abocanhavam 25% do PIB em 2005. Além de São Paulo, Rio, Campos e Manaus, estavam na lista Guarulhos, São José dos Campos e São Bernardo do Campo (SP), Betim (MG), Camaçari (BA) e Duque de Caxias (RJ).
Segundo o IBGE, o chamado índice de Gini da indústria era o mais alto dos setores, o que indica maior concentração. Estava em 0,91 em 2005. Nesse índice, quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade.
Num olhar desatento, o setor de serviços pode parecer o líder em má distribuição do PIB. Apenas duas cidades -São Paulo e Rio- concentram 25% da produção. Acontece, porém, que as atividades de serviços se irradiam também para cidades menores, ainda que com menos intensidade. Basta notar que 1.370 cidades correspondiam a 1% do PIB do setor de serviços. Na indústria, o número era bem maior: 2.585 municípios.
Tal realidade se refletiu no índice de Gini do setor de serviços, que ficou em 0,87 em 2005 -bem próximo ao 0,86 do PIB, já que a atividade é a de maior peso na economia. Segundo Sheila Zani, o maior peso do setor de serviços fez com que a economia ficasse mais centralizada nas capitais, onde está a maior parte das atividades de administração pública e intermediação financeira.
Na outra ponta, surge a agropecuária como o setor com a melhor distribuição do PIB. Seu índice de Gini era de 0,57 em 2005. Em 2005, eram necessárias 183 cidades para chegar a uma participação de 25% do PIB da agropecuária. Das dez maiores em PIB, seis estavam em Mato Grosso. O PIB mais robusto do setor ficou com Campo Verde (MT), grande produtora de algodão. (PS)


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