São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula acena com medidas pró-investimento

Presidente mostra temor com primeiro trimestre de 2009 e promete mais medidas de estímulo antes do fim do ano

Para governo, áreas prioritárias são construção civil, micro e pequenas empresas, agricultura e o setor automotivo


SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

De uma "marolinha", a crise econômica mundial virou motivo de grande preocupação para o governo nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2009. Novas medidas para evitar a desaceleração da economia farão com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passe Natal e Reveillón em Brasília, reunido com a área econômica.
Em outubro, Lula afirmou que nos Estados Unidos a crise chegou como um "tsunami", mas, no Brasil, como uma "marolinha".
Ontem, em café da manhã com jornalistas que cobrem a Presidência da República, ele disse que mantém o discurso da marola para evitar disseminar pânico no país, mas que a situação hoje é delicada.
"O primeiro trimestre de 2009 será mais delicado, e temos que trabalhar para evitar prejuízos. Vai ser o momento de um esforço imenso para não termos desaceleração. Se as coisas pararem, recomeçar do zero vai levar tempo. Talvez a gente tome medidas para garantir investimentos no setor privado", disse. Lula não quis antecipar quais serão essas novas medidas, pois teme que o mercado pare à espera de novas reduções tributárias.
O presidente refez os cálculos de crescimento para o próximo ano e disse que a meta passa a ser de 4%. "Se fosse um crescimento maior, de 6%, seria mais gostoso", declarou.
Ele reforçou que o governo se preocupa especialmente com quatro setores, e, para eles, serão voltadas a maior parte das novas medidas: construção civil, micro e pequenas empresas, agricultura e setor automotivo, que nas últimas semanas se beneficiou de reduções de impostos e novas linhas de crédito.
O presidente disse esperar que, entre as medidas a serem anunciadas em janeiro, esteja incluída a redução da taxa básica de juros, atualmente em 13,75% anuais. A tendência, afirmou Lula, é que a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decida pela queda da Selic. "Esse é um dos ingredientes que acontece no início ou no ano que vem. Até o momento, a política monetária foi acertada, mas em épocas de crise não pode ficar do mesmo jeito. O [Henrique] Meirelles [presidente do BC] é um homem inteligente e sabe o que fazer", afirmou.
Lula voltou a recomendar que o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, atue rapidamente para combater a crise. "Tem que fazer logo. Se não tomar medidas rapidamente, a máquina nos absorve."
E disse também esperar que a situação dos mercados americano e europeu se normalize entre junho e julho de 2009.
Lula se reunirá com o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) no dia 29, quando deverá anunciar parte das novas medidas econômicas.
Disse que é fundamental manter o otimismo e que o governo está se preparando sistematicamente com medidas e investimentos para minimizar os reflexos.
"Não haverá recessão. Continuo olhando com otimismo o Brasil. Entre os países do G20, o Brasil é o mais preparado para enfrentar a crise e sofrer menos", disse.
Bem-humorado, o presidente afirmou que não descansará -e não dará descanso- aos seus ministros para evitar problemas até mesmo na virada do ano.
"Eu liguei para o Paulo Bernardo e falei para ele que precisamos ficar de olho no Orçamento e que ele vai ficar à minha disposição dia 31 até cinco para a meia-noite, enquanto a gente pode tomar alguma medida", disse. Em seguida, complementou: "Mas, obviamente, a gente não vai precisar disso".


Texto Anterior: MP vai garantir recurso para fundo soberano, afirma Lula
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.