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Lula acena com medidas pró-investimento
Presidente mostra temor com primeiro trimestre de 2009 e promete mais medidas de estímulo antes do fim do ano
Para governo, áreas prioritárias são construção civil, micro e pequenas empresas, agricultura
e o setor automotivo
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De uma "marolinha", a crise
econômica mundial virou motivo de grande preocupação para o governo nos meses de janeiro, fevereiro e março de
2009. Novas medidas para evitar a desaceleração da economia farão com que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva passe
Natal e Reveillón em Brasília,
reunido com a área econômica.
Em outubro, Lula afirmou
que nos Estados Unidos a crise
chegou como um "tsunami",
mas, no Brasil, como uma "marolinha".
Ontem, em café da manhã
com jornalistas que cobrem a
Presidência da República, ele
disse que mantém o discurso da
marola para evitar disseminar
pânico no país, mas que a situação hoje é delicada.
"O primeiro trimestre de
2009 será mais delicado, e temos que trabalhar para evitar
prejuízos. Vai ser o momento
de um esforço imenso para não
termos desaceleração. Se as
coisas pararem, recomeçar do
zero vai levar tempo. Talvez a
gente tome medidas para garantir investimentos no setor
privado", disse. Lula não quis
antecipar quais serão essas novas medidas, pois teme que o
mercado pare à espera de novas
reduções tributárias.
O presidente refez os cálculos de crescimento para o próximo ano e disse que a meta
passa a ser de 4%. "Se fosse um
crescimento maior, de 6%, seria mais gostoso", declarou.
Ele reforçou que o governo se
preocupa especialmente com
quatro setores, e, para eles, serão voltadas a maior parte das
novas medidas: construção civil, micro e pequenas empresas, agricultura e setor automotivo, que nas últimas semanas
se beneficiou de reduções de
impostos e novas linhas de crédito.
O presidente disse esperar
que, entre as medidas a serem
anunciadas em janeiro, esteja
incluída a redução da taxa básica de juros, atualmente em
13,75% anuais. A tendência,
afirmou Lula, é que a próxima
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária do Banco
Central) decida pela queda da
Selic. "Esse é um dos ingredientes que acontece no início ou no
ano que vem. Até o momento, a
política monetária foi acertada,
mas em épocas de crise não pode ficar do mesmo jeito. O
[Henrique] Meirelles [presidente do BC] é um homem inteligente e sabe o que fazer",
afirmou.
Lula voltou a recomendar
que o presidente eleito dos
EUA, Barack Obama, atue rapidamente para combater a crise.
"Tem que fazer logo. Se não tomar medidas rapidamente, a
máquina nos absorve."
E disse também esperar que
a situação dos mercados americano e europeu se normalize
entre junho e julho de 2009.
Lula se reunirá com o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) no dia 29, quando deverá anunciar parte das novas
medidas econômicas.
Disse que é fundamental
manter o otimismo e que o governo está se preparando sistematicamente com medidas e
investimentos para minimizar
os reflexos.
"Não haverá recessão. Continuo olhando com otimismo o
Brasil. Entre os países do G20,
o Brasil é o mais preparado para enfrentar a crise e sofrer menos", disse.
Bem-humorado, o presidente afirmou que não descansará
-e não dará descanso- aos
seus ministros para evitar problemas até mesmo na virada do
ano.
"Eu liguei para o Paulo Bernardo e falei para ele que precisamos ficar de olho no Orçamento e que ele vai ficar à minha disposição dia 31 até cinco
para a meia-noite, enquanto a
gente pode tomar alguma medida", disse. Em seguida, complementou: "Mas, obviamente,
a gente não vai precisar disso".
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