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JUROS
Para analistas, corte não é prudente pois inflação não cedeu, mas é cedo para elevar taxa devido a guerra iminente
Copom manterá Selic em 25%, diz mercado
DA REPORTAGEM LOCAl
A taxa básica de juros da economia não deve ser alterada na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que começa hoje. A
opinião de analistas e economistas ouvidos pela Folha é unânime:
o Copom manterá a Selic nos
atuais 25% ao ano. A justificativa
do Copom para elevar a taxa de
juros em três pontos percentuais
em dezembro foi a preocupação
com os reajustes de preços e, consequentemente, as maiores dificuldades para o governo não estourar a meta de inflação.
"Parece um pouco precipitado,
logo após a elevação de juros no
final do ano, já especularmos sobre a possibilidade de uma redução de juros futura. A resposta da
economia em relação aos juros estende-se por seis a nove meses",
afirma Hugo Penteado, economista-chefe do ABN-Amro Asset
Management.
Para Penteado, o Copom vai
manter os juros nos patamares
atuais e com viés neutro. "Se é
precipitado aguardar uma redução de juros, é talvez também exagerado antecipar mais elevações.
O motivo está na necessidade de
evitar flutuações indesejáveis na
atividade econômica, um objetivo
não menos desprezível que o de
manter a inflação estável. Faz todo o sentido esperar a reação da
economia no início de 2003, bem
como a das expectativas inflacionárias, antes de elevar novamente
os juros", diz Penteado.
Para Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimentos,
nem a ameaça de guerra é razão
suficiente para elevação de juros
agora. Segundo ela, é preciso esperar ainda para ver a extensão de
um possível conflito.
Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Unibanco, cita
a estabilidade nas expectativas de
inflação do mercado como outro
motivo para a manutenção dos
juros atuais.
Expectativa
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as projeções dos
contratos DI também indicam expectativa de manutenção dos juros por parte dos investidores. O
contrato DI de prazo em fevereiro
fechou com taxa de 25,14%
anuais, muito próxima da Selic.
Para Clive Botelho, diretor financeiro do banco Santos, não há
espaço para o Copom cortar juros
no momento.
"A inflação cedeu um pouco,
mas não vejo chances de o Copom cortar os juros. Também
acho que é cedo para subir a Selic,
pois ainda não houve tempo das
últimas elevações de juros surtirem o efeito esperado", diz Botelho. (FABRICIO VIEIRA E ÉRICA FRAGA)
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