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ANÁLISE
Um Palocci mais liberal
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Marcos Lisboa, novo secretário
de Política Econômica do Ministério da Fazenda, continua trabalhando com total discrição. Mas
ecos das suas idéias liberais se refletem com intensidade crescente
no discurso do ministro Antônio
Palocci Filho.
A última mudança de tom nas
idéias de política econômica defendidas por Palocci pôde ser percebida na entrevista dada pelo ministro da Fazenda ao jornalista
Bóris Casoy, da Rede Record, no
último domingo.
Ao falar de comércio exterior,
Palocci abandonou o discurso
tradicionalmente mercantilista
do PT sobre a importância de se
aumentar apenas as exportações
do país para reduzir a fragilidade
externa da economia.
No seu lugar, o ministro encampou argumentos da teoria econômica liberal que enfatizam a necessidade de se incrementar a
participação do país no fluxo de
comércio exterior.
Ou seja, não basta aumentar o
volume exportado. Nas palavras
do próprio Palocci, "é preciso que
o país exporte e importe mais".
"O Brasil precisa ter uma presença mais forte no mercado
mundial", disse o ministro da Fazenda.
Não por acaso, essas idéias são
há tempos defendidas por Lisboa.
O economista-que é professor
da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e fez doutorado na Universidade da Pensilvânia- diz que o
volume total de comércio exterior
do Brasil deveria ser o dobro do
que é hoje.
Essa linha de argumentação
também está presente na chamada "Agenda Perdida"- documento coordenado por Lisboa e
pelo economista José Alexandre
Scheinkman, que apresentou
propostas para que o país retome
a rota do crescimento econômico
com maior justiça social.
Liberalismo
Do ponto de vista da teoria econômica liberal, a importância de
uma maior integração ao comércio mundial é explicada pelos ganhos de eficiência econômica que
podem ser conseguidos.
Um país que, além de exportar,
também importa muito consegue
melhor acesso a tecnologias e insumos que podem ser utilizados
na sua própria produção. Com isso, pode melhorar sua produtividade. O que, por sua vez, facilita o
aumento das exportações em segmentos nos quais é mais competitivo. É a chamada teoria da vantagem comparativa, formulada pelo
economista inglês David Ricardo.
No campo da teoria política liberal, há também o argumento de
que quanto maior a integração de
um país ao fluxo de comércio externo, maior sua importância na
economia mundial.
Assim, parceiros estratégicos
que exportam bastante para um
determinado país teriam maior
disposição de ajudá-lo a superar
crises a fim de preservar seu mercado importador.
No caso do Brasil, tudo isso contribuiria para a redução da volatilidade dos fluxos de capitais, segundo essa argumentação. Trocando em miúdos, além de maior
eficiência, o país conquistaria
maior estabilidade cambial.
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