São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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LEITE DERRAMADO

Comitê de interventores inicia fiscalização contábil em SP; empresa recebe quarto pedido de falência

Justiça quer proteger bens da Parmalat

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O comitê de interventores nomeado pela Justiça do Estado de São Paulo esteve ontem na sede da Parmalat, na zona oeste da capital paulista, para iniciar um trabalho de fiscalização contábil na companhia. A equipe analisará as contas do grupo e pretende evitar que o patrimônio da Parmalat no país seja dilapidado por meio do envio de recursos para a matriz.
Ainda ontem, a Justiça de São Paulo (29ª Vara Cível) recebeu um novo pedido de falência da empresa -esse é o quarto-, requerido pela Produtos Alimentícios Orlândia. O título protestado, no valor de R$ 61.331, refere-se a um pagamento não feito pelo fornecimento de gordura vegetal para a fábrica de iogurtes da empresa. A Orlândia já entrara com um pedido na Justiça duas semanas atrás, no valor de R$ 62 mil.
A Parmalat teve de interromper a fabricação em sua unidade de sucos em Jundiaí (a 60 km de São Paulo). Isso ocorreu depois de a empresa ter paralisado a produção de biscoitos no dia 12. Com isso, são duas linhas paradas.
Fabricantes de embalagens e insumos interromperam o fornecimento por atraso no pagamento e, sem matéria-prima, a saída foi suspender a produção, informa o Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Jundiaí.
Com isso, 580 empregados -da área de biscoitos e de sucos- estão de folga neste momento. A empresa espera que, a partir de amanhã, as atividades voltem ao normal e informa que essa paralisação fazia parte do planejamento da companhia.

Fiscalização
A equipe de peritos nomeada pelo juiz da 42ª Vara Cível de São Paulo, Carlos Henrique Abrão, para fiscalizar a empresa, já deve ter uma baixa. O advogado contabilista Mauro Delphin, que faz parte do grupo, pedirá afastamento por excesso de trabalho.
A equipe de especialistas, formada pelo advogado Carlos Casseb e pelo administrador de empresas Carlos Alpoim Botelho, não poderá interferir na administração da empresa, mas irá, basicamente, fazer uma radiografia do estado do grupo.
"Ninguém vai tomar decisões pela empresa ou se meter na administração. O que será feito é verificar se a empresa está seguindo o que a Justiça determinou, ou seja, que ela não acabe dilapidando seus ativos", diz Cláudio Grimaldi, advogado do banco Sumitomo, credor da Parmalat.
A Parmalat e suas controladas no Brasil enviaram R$ 1,7 bilhão para o exterior entre 1996 e 2002, segundo dados do Banco Central.


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