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LEITE DERRAMADO
Comitê de interventores inicia fiscalização contábil em SP; empresa recebe quarto pedido de falência
Justiça quer proteger bens da Parmalat
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O comitê de interventores nomeado pela Justiça do Estado de
São Paulo esteve ontem na sede
da Parmalat, na zona oeste da capital paulista, para iniciar um trabalho de fiscalização contábil na
companhia. A equipe analisará as
contas do grupo e pretende evitar
que o patrimônio da Parmalat no
país seja dilapidado por meio do
envio de recursos para a matriz.
Ainda ontem, a Justiça de São
Paulo (29ª Vara Cível) recebeu
um novo pedido de falência da
empresa -esse é o quarto-, requerido pela Produtos Alimentícios Orlândia. O título protestado,
no valor de R$ 61.331, refere-se a
um pagamento não feito pelo fornecimento de gordura vegetal para a fábrica de iogurtes da empresa. A Orlândia já entrara com um
pedido na Justiça duas semanas
atrás, no valor de R$ 62 mil.
A Parmalat teve de interromper
a fabricação em sua unidade de
sucos em Jundiaí (a 60 km de São
Paulo). Isso ocorreu depois de a
empresa ter paralisado a produção de biscoitos no dia 12. Com isso, são duas linhas paradas.
Fabricantes de embalagens e insumos interromperam o fornecimento por atraso no pagamento
e, sem matéria-prima, a saída foi
suspender a produção, informa o
Sindicato dos Trabalhadores da
Alimentação de Jundiaí.
Com isso, 580 empregados
-da área de biscoitos e de sucos- estão de folga neste momento. A empresa espera que, a
partir de amanhã, as atividades
voltem ao normal e informa que
essa paralisação fazia parte do
planejamento da companhia.
Fiscalização
A equipe de peritos nomeada
pelo juiz da 42ª Vara Cível de São
Paulo, Carlos Henrique Abrão,
para fiscalizar a empresa, já deve
ter uma baixa. O advogado contabilista Mauro Delphin, que faz
parte do grupo, pedirá afastamento por excesso de trabalho.
A equipe de especialistas, formada pelo advogado Carlos Casseb e pelo administrador de empresas Carlos Alpoim Botelho,
não poderá interferir na administração da empresa, mas irá, basicamente, fazer uma radiografia
do estado do grupo.
"Ninguém vai tomar decisões
pela empresa ou se meter na administração. O que será feito é verificar se a empresa está seguindo
o que a Justiça determinou, ou seja, que ela não acabe dilapidando
seus ativos", diz Cláudio Grimaldi, advogado do banco Sumitomo, credor da Parmalat.
A Parmalat e suas controladas
no Brasil enviaram R$ 1,7 bilhão
para o exterior entre 1996 e 2002,
segundo dados do Banco Central.
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