São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Copom deve manter Selic em 11,25% na primeira reunião do ano

O Banco Central deve manter a taxa básica de juros em 11,25% na reunião do Copom desta semana, a primeira do ano, mas não deve continuar assim ao longo de 2008.
Se os resultados da inflação continuarem piorando e a atividade mostrar um cenário forte de crescimento para o primeiro trimestre, o BC pode sinalizar com movimentações de juros para cima.
A previsão consta do comentário quinzenal da MB Associados. "Trabalhamos com a hipótese de continuidade de 11,25% ao longo do ano, mas com viés significativo de alta, e as sinalizações que o BC dará nas primeiras atas do Copom serão cruciais para determinar o comportamento ascendente ou estável da política monetária."
De acordo com o relatório, a tendência ascendente dos preços deve se manter em 2008, com projeção do IPCA de 4,5%, com viés de alta. Em 2007, o índice fechou em 4,46%.
A forte elevação dos preços de alimentação de 2007 não deve se repetir na mesma magnitude neste ano, mas a MB espera que ainda haja pressões significativas em 2008.
A aceleração da inflação pode ser vista também no IPA industrial. O impacto de alta até setembro por conta da alimentação estabilizou-se e, mesmo assim, o IPA industrial tem subido. Isso, segundo a MB, é resultado de pressão de demanda e custos, diferentemente de 2004, quando o processo inflacionário foi de demanda.
"Dessa vez, há três fatores pressionando pelo lado dos custos: petróleo, energia e mão-de-obra."
No caso de energia, a MB já vem alertando a possibilidade do "tarifaço" ocorrer, o que já começou a acontecer no final de 2007. Os preços de energia no mercado livre subiram fortemente no final do ano passado e já se encontram próximos dos patamares negociados na época do apagão em 2001.
Em relação ao petróleo, a tendência de crescimento mais forte da demanda dos países em desenvolvimento e a inadequação de oferta pela Opep devem continuar pressionando os preços em 2008.
Já a mão-de-obra qualificada virou produto escasso e tem pressionado o custo em setores de alto crescimento como construção civil, petroquímica, mineração e energia.

MODA À VENDA

"Com aquisições, Brasil pode virar celeiro de criatividade e produção"

Crise de meia-idade, vontade de crescer, fuga da produção para países de mão-de-obra mais barata, globalização. Essas são algumas das questões que envolvem o atual cenário da moda brasileira, em que fundos de investimento compram grifes de moda nacionais, segundo Andréa Bisker, que comanda o birô de tendências WGSN no Brasil e na América do Sul. Bisker falou com exclusividade à Folha durante a São Paulo Fashion Week. Leia trechos da entrevista a seguir.

 

FOLHA - Como vê o atual cenário da moda, das compras de grifes? Para onde a moda brasileira pode ir?
ANDRÉA BISKER -
Os designers das marcas bacanas do país hoje estão na casa dos 60. A venda das marcas pode significar uma virada em suas carreiras. É um movimento de querer partir para outros vôos, mudar as ambições, ver a sua marca crescer. Já com os mais jovens, é um jeito de ver a criação se expandir e se abrir para o mercado internacional.

FOLHA - Acha que é mais fácil exportar dessa maneira, é uma preparação para o mercado externo?
BISKER -
Para o externo e para o interno. Acho incrível para o mercado. É a chance de essas marcas se estruturarem, crescerem, poderem concorrer no mesmo patamar com empresas mundiais. Se você pensar, o que essas empresas estão comprando não são commodities, fábricas. A maioria das empresas está comprando criação, marca.

FOLHA - Com esse modelo, não há perigo de a produção ser esvaziada, de os grupos preferirem países com mão-de-obra mais barata?
BISKER -
Esse ponto de vista tem que ser considerado. Mas acho que tem dois lados. É cada vez mais fácil você exportar, mas depende das leis de sustentabilidade. Nos EUA, não há produção. Na Inglaterra, também não. Acho que o Brasil vai ser uma mescla de criatividade e produção.

FOLHA - Você acha que o processo de venda de grifes é uma explosão momentânea, ou as marcas estão indo atrás? Como estão os seus clientes?
BISKER -
Estão todos indo atrás. Os meus clientes, muitos deles têm muita vontade de serem comprados. Agora, depende, se você está vendendo porque quer crescer ou porque está mal. Um dos primeiros que venderam, o Amir Slama, eu acho que está feliz.

CENÁRIOS
Se as obras na área de energia previstas pela Aneel forem concluídas no prazo, o Brasil está praticamente livre da chance de racionamento. O país só enfrenta risco se crescer em média 6% anuais nos próximos cinco anos -possibilidade baixa. Já se as obras começarem a atrasar e a quantidade de energia injetada no sistema cair, o risco de apagão sobe significativamente. Essa foi a conclusão de 77 cenários para suprimento de energia feitos pelo anuário "Análise de Energia" de 2008, lançado na última semana. Dos 77 cenários, em 23 há chances de a demanda de energia superar a oferta.

NA ÁFRICA
O escritório de advocacia brasileiro J. G. Assis de Almeida & Associados, em parceria com o francês Gide Loyrette Noel, ganhou licitação para assessorar o governo de Cabo Verde.

SEM DOCUMENTO
Celta Engenharia e Caixa fecharam convênio para facilitar concessão de crédito para clientes que não podem comprovar renda por documentos exigidos pelo banco.

CRIATIVA
Na SPFW, um grupo que reuniu nomes como Ruth Cardoso, Pedro Passos (Natura), Cledorvino Belini (Fiat) e Gloria Kalil debateu na semana passada "economia criativa". Na pauta, mercado da moda, design, concorrência da China e da Índia, perda de mão-de-obra qualificada e necessidade de sofisticação da demanda.

NA ESCOLA
A AmBev e a Business School São Paulo iniciam neste mês um MBA Internacional para formar 40 diretores e gerentes da empresa. Os executivos estão sendo preparados para assumir, nos próximos anos, cargos de liderança no Brasil e no exterior. O curso inclui visitas às sedes das empresas da AmBev.

BIOTECNOLOGIA
A Biolatina 2008, feira sobre biotecnologia, que será realizada em São Paulo de 29 de setembro a 1º de outubro, abriu inscrições, com expectativa de receber cerca de 1.200 pessoas. Da organização participam entidades como a Federação Latino-Americana de Associações de Empresas de Biotecnologia e a Fundação Biominas.

PATENTEADO
A Xerox Corporation teve 584 patentes concedidas no ano passado. Com nanotecnologia, controles e materiais de síntese de software e sistemas inteligentes para tecnologia de documentos e serviços, a patente total representa um aumento de cerca de 31% sobre as que foram concedidas à companhia em 2005.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA

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