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Mercado Aberto
guilherme.barros@uol.com.br
Copom deve manter Selic em 11,25% na primeira reunião do ano
O Banco Central deve manter a taxa básica de juros em
11,25% na reunião do Copom
desta semana, a primeira do
ano, mas não deve continuar
assim ao longo de 2008.
Se os resultados da inflação
continuarem piorando e a atividade mostrar um cenário forte de crescimento para o primeiro trimestre, o BC pode sinalizar com movimentações de
juros para cima.
A previsão consta do comentário quinzenal da MB Associados. "Trabalhamos com a hipótese de continuidade de 11,25%
ao longo do ano, mas com viés
significativo de alta, e as sinalizações que o BC dará nas primeiras atas do Copom serão
cruciais para determinar o
comportamento ascendente ou
estável da política monetária."
De acordo com o relatório, a
tendência ascendente dos preços deve se manter em 2008,
com projeção do IPCA de 4,5%,
com viés de alta. Em 2007, o índice fechou em 4,46%.
A forte elevação dos preços
de alimentação de 2007 não deve se repetir na mesma magnitude neste ano, mas a MB espera que ainda haja pressões significativas em 2008.
A aceleração da inflação pode
ser vista também no IPA industrial. O impacto de alta até setembro por conta da alimentação estabilizou-se e, mesmo assim, o IPA industrial tem subido. Isso, segundo a MB, é resultado de pressão de demanda e
custos, diferentemente de
2004, quando o processo inflacionário foi de demanda.
"Dessa vez, há três fatores
pressionando pelo lado dos
custos: petróleo, energia e
mão-de-obra."
No caso de energia, a MB já
vem alertando a possibilidade
do "tarifaço" ocorrer, o que já
começou a acontecer no final
de 2007. Os preços de energia
no mercado livre subiram fortemente no final do ano passado e já se encontram próximos
dos patamares negociados na
época do apagão em 2001.
Em relação ao petróleo, a
tendência de crescimento mais
forte da demanda dos países
em desenvolvimento e a inadequação de oferta pela Opep devem continuar pressionando os
preços em 2008.
Já a mão-de-obra qualificada
virou produto escasso e tem
pressionado o custo em setores
de alto crescimento como
construção civil, petroquímica,
mineração e energia.
MODA À VENDA
"Com aquisições, Brasil pode virar celeiro de criatividade e produção"
Crise de meia-idade, vontade
de crescer, fuga da produção
para países de mão-de-obra
mais barata, globalização. Essas são algumas das questões
que envolvem o atual cenário
da moda brasileira, em que fundos de investimento compram
grifes de moda nacionais, segundo Andréa Bisker, que comanda o birô de tendências
WGSN no Brasil e na América
do Sul. Bisker falou com exclusividade à Folha durante a São
Paulo Fashion Week.
Leia trechos da entrevista a
seguir.
FOLHA - Como vê o atual cenário
da moda, das compras de grifes? Para onde a moda brasileira pode ir?
ANDRÉA BISKER - Os designers
das marcas bacanas do país hoje estão na casa dos 60. A venda
das marcas pode significar uma
virada em suas carreiras. É um
movimento de querer partir
para outros vôos, mudar as ambições, ver a sua marca crescer.
Já com os mais jovens, é um
jeito de ver a criação se expandir e se abrir para o mercado internacional.
FOLHA - Acha que é mais fácil exportar dessa maneira, é uma preparação para o mercado externo?
BISKER - Para o externo e para o
interno. Acho incrível para o
mercado. É a chance de essas
marcas se estruturarem, crescerem, poderem concorrer no
mesmo patamar com empresas
mundiais. Se você pensar, o que
essas empresas estão comprando não são commodities, fábricas. A maioria das empresas está comprando criação, marca.
FOLHA - Com esse modelo, não há
perigo de a produção ser esvaziada,
de os grupos preferirem países com
mão-de-obra mais barata?
BISKER - Esse ponto de vista
tem que ser considerado. Mas
acho que tem dois lados. É cada
vez mais fácil você exportar,
mas depende das leis de sustentabilidade. Nos EUA, não há
produção. Na Inglaterra, também não. Acho que o Brasil vai
ser uma mescla de criatividade
e produção.
FOLHA - Você acha que o processo
de venda de grifes é uma explosão
momentânea, ou as marcas estão
indo atrás? Como estão os seus
clientes?
BISKER - Estão todos indo atrás.
Os meus clientes, muitos deles
têm muita vontade de serem
comprados. Agora, depende, se
você está vendendo porque
quer crescer ou porque está
mal. Um dos primeiros que
venderam, o Amir Slama, eu
acho que está feliz.
CENÁRIOS
Se as obras na área de
energia previstas pela Aneel
forem concluídas no prazo,
o Brasil está praticamente livre da chance de racionamento. O país só enfrenta
risco se crescer em média
6% anuais nos próximos cinco anos -possibilidade baixa. Já se as obras começarem a atrasar e a quantidade
de energia injetada no sistema cair, o risco de apagão sobe significativamente. Essa
foi a conclusão de 77 cenários para suprimento de
energia feitos pelo anuário
"Análise de Energia" de
2008, lançado na última semana. Dos 77 cenários, em
23 há chances de a demanda
de energia superar a oferta.
NA ÁFRICA
O escritório de advocacia
brasileiro J. G. Assis de Almeida & Associados, em
parceria com o francês Gide
Loyrette Noel, ganhou licitação para assessorar o governo de Cabo Verde.
SEM DOCUMENTO
Celta Engenharia e Caixa
fecharam convênio para facilitar concessão de crédito
para clientes que não podem
comprovar renda por documentos exigidos pelo banco.
CRIATIVA
Na SPFW, um grupo que
reuniu nomes como Ruth
Cardoso, Pedro Passos (Natura), Cledorvino Belini
(Fiat) e Gloria Kalil debateu
na semana passada "economia criativa". Na pauta,
mercado da moda, design,
concorrência da China e da
Índia, perda de mão-de-obra
qualificada e necessidade de
sofisticação da demanda.
NA ESCOLA
A AmBev e a Business
School São Paulo iniciam
neste mês um MBA Internacional para formar 40 diretores e gerentes da empresa.
Os executivos estão sendo
preparados para assumir,
nos próximos anos, cargos
de liderança no Brasil e no
exterior. O curso inclui visitas às sedes das empresas da
AmBev.
BIOTECNOLOGIA
A Biolatina 2008, feira sobre biotecnologia, que será
realizada em São Paulo de
29 de setembro a 1º de outubro, abriu inscrições, com
expectativa de receber cerca
de 1.200 pessoas. Da organização participam entidades
como a Federação Latino-Americana de Associações
de Empresas de Biotecnologia e a Fundação Biominas.
PATENTEADO
A Xerox Corporation teve
584 patentes concedidas no
ano passado. Com nanotecnologia, controles e materiais de síntese de software e
sistemas inteligentes para
tecnologia de documentos e
serviços, a patente total representa um aumento de
cerca de 31% sobre as que foram concedidas à companhia em 2005.
com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA
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