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Votorantim espera ganhar R$ 4,5 bi com a aquisição
Negócio se concretiza 6 meses após 1ª oferta pelos papéis da Arapar na Aracruz
Desde então, preço da celulose cai 35%, valor das ações cede e perdas com derivativos marcam trajetórias de empresas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
Seis meses após a primeira
oferta de R$ 2,7 bilhões pelos
papéis da Arapar na Aracruz, o
grupo Votorantim irá pagar a
mesma quantia pela empresa.
No período, o preço da celulose
caiu 35%. As ações da Aracruz
recuaram mais de 70% desde
setembro, quando foi fechada a
venda à VCP pela primeira vez.
"A Votorantim não olha a
aquisição do ponto de vista de
investimento em carteira, mas
estratégico, de olho no longo
prazo", diz Pércio de Souza, sócio da consultoria Estáter, que
assessorou a transação. "A geração futura de fluxo de caixa
da empresa não mudou."
A expectativa da Votorantim
é gerar ganhos de sinergia de
R$ 4,5 bilhões com a formação
da nova empresa. Ela também
terá os mais baixos custos de
produção de celulose do mundo, que ficarão entre US$ 150 a
US$ 250 por tonelada.
Segundo Souza, o fato de não
incidir correção sobre o valor a
ser pago à Arapar fará com que,
trazido a valor presente, os R$
2,7 bilhões equivalham a R$ 2,3
bilhões. Além disso, a desvalorização do real fez com que os
mesmos R$ 2,7 bilhões, que valiam US$ 1,8 bilhão em setembro, hoje sejam equivalentes a
US$ 900 milhões.
A VCP tem uma série de investimentos engatilhados.
Dentro de dois meses, entra em
operação uma fábrica de celulose da VCP em Mato Grosso
do Sul, que irá produzir 1,3 milhão de toneladas de celulose
por ano e abrir 2.800 vagas.
Segundo Raul Calfat, diretor-geral da VDI (Votorantim Industrial), esse investimento será mantido e haverá abertura
de vagas, uma vez que existe demanda para a produção.
Há outros projetos em curso,
mas ainda sem a batida de martelo. A expectativa da VCP é
abrir 24 mil vagas até 2020. "O
futuro depende do comportamento da demanda",diz Calfat.
Reação do mercado
Apesar das perspectivas de
ganhos com sinergia e produtividade, as ações sofreram ajustes ontem. O papel sem direito
a voto "B" da Aracruz registrou
a maior queda do Ibovespa, ao
recuar 11,32%, para R$ 2,35. Essa foi a quarta ação mais negociada no pregão de ontem, com
mais de 14 mil negócios.
A ação ordinária da Aracruz
saltou 108,03%, para R$ 11,70
-o papel é pouco negociado e
teve cerca de 800 operações.
O papel preferencial da VCP
encerrou as operações da Bolsa
com baixa de 3,65%.
Polêmica
Lembrando a compra de
49,99% do Banco Votorantim
pelo Banco do Brasil, no início
do mês, o professor Reinaldo
Gonçalves, do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade
Federal do Rio), disse que o governo Lula "transformou os
bancos públicos em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) de
grandes grupos privados brasileiros". Ele sugere que o Congresso investigue as duas megaoperações com o grupo.
O ex-presidente do BNDES
Carlos Lessa aprovou a capitalização da Votorantim por parte do banco. "Se fosse apenas
uma transação de compra e
venda de ações, eu diria que não
é tarefa do BNDES fazer isso",
disse. "Mas a verdade é que isso
é para destravar os projetos do
grupo Votorantim e da própria
Aracruz lá no Rio Grande do
Sul. Então tem sentido. É pouco usual, mas tem sentido."
Para Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora, "a VCP
pagou até um preço elevado pelas ações [da Aracruz]". O analista ainda diz que "os minoritários não vão ser prejudicados
com a operação", que prevê
"tag along" aos acionistas.
Caso optem por ficar com as
ações da Aracruz, os acionistas
minoritários receberão 80%
dos valores oferecidos pela empresa. Estão sendo pagos R$ 18
por ação da Aracruz. As condições de pagamento, no entanto,
são as mesmas do desembolso
aos grandes controladores. Isso
significa que os minoritários
que optarem pela venda levarão 30 meses para receber.
Será feita, entretanto, uma
oferta pública para que os minoritários transformem suas
ações da Aracruz em ações da
VCP. Cada papel da Aracruz valerá 0,1347 ação da VCP, segundo o preço de mercado dos últimos 30 pregões.
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