São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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Bolsa cai 4% em meio a perdas de bancos no exterior

NY tem maior queda em dia de posse em 112 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

O dia da posse do novo presidente dos EUA, Barack Obama, não trouxe euforia para os mercados. As Bolsas de Valores encerraram em baixa nas principais praças financeiras -a Bovespa teve perdas de 4,01%.
Com o setor bancário internacional de volta ao centro das preocupações, os investidores têm se desfeito de muitas ações que tinham iniciado uma recuperação nos primeiros pregões de 2009. Sem novidades no discurso de posse de Obama, os mercados recuaram ontem a suas mínimas no fim do pregão.
O índice Dow Jones, que reúne as ações americanas mais negociadas, terminou com recuo de 4,01%. Esse foi o pior pregão em um dia de posse de um presidente dos EUA em 112 anos, segundo compilação da Bloomberg. Na Europa, a Bolsa de Paris perdeu 2,15%; Frankfurt teve queda de 1,77%; e Londres perdeu 0,42%.
"Os pregões voltaram a ser tumultuados, com a preocupação com o setor bancário retornando com força. Obama não disse nada de muito novo. Mas o que se espera dele agora são ações, e não discursos", afirma Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
O mau desempenho das instituições financeiras tem afetado de forma intensa as Bolsas nos últimos pregões. O que os investidores temem é que os bancos necessitem de mais ajuda dos governos como forma de cobrir suas perdas bilionárias.
Ontem, em Wall Street, foi a vez de as ações da administradora de investimentos americana State Street caírem 59%, com previsão de lucro menor.
Na Bovespa, as ações dos bancos não escaparam do mau humor com o segmento: BB ON recuou 6,85%; Itaú PN caiu 6,83%; e Bradesco PN, 5,27%.
Nesse dia mais tenso, o dólar se apreciou diante de várias moedas. Em relação ao real, a moeda norte-americana registrou alta de 1,72%, para encerrar cotada a R$ 2,372.
O Banco Central brasileiro marcou presença no mercado e vendeu dólares às instituições financeiras, mas a atuação não deteve mais um dia de depreciação do real. No ano, o dólar passou a registrar alta de 1,63%. A autoridade monetária também vendeu contratos de "swap cambial" (que rendem a variação da moeda), em um montante de US$ 2,46 bilhões.

Fuga da Bolsa
Na Bovespa, o saldo das operações feitas com capital externo voltou a ficar negativo. Até o dia 15, as vendas de ações brasileiras feitas pelos estrangeiros bateram as compras em R$ 248,27 milhões. Esse balanço vinha se mantendo positivo havia até pouco tempo: no dia 7, o saldo estava positivo em R$ 1,04 bilhão.
Essa virada no saldo externo do mercado acionário favoreceu a depreciação do real e a queda da Bolsa.
Após empolgar os investidores no começo do ano, a Bovespa entrou ontem em terreno negativo. O Ibovespa, o principal índice do mercado doméstico, passou a registrar desvalorização de 0,74% no ano. Ontem, o índice acionário encerrou aos 37.272 pontos. A pontuação da Bolsa oscila com o valor dos preços das ações. Quando os valores de mercado das companhias encolhe, a pontuação diminui. Em maio de 2008, a Bovespa bateu em seu pico, ao alcançar 73.516 pontos. Mas a crise internacional corroeu o valor das empresas com ações listadas na Bolsa e afastou o mercado da máxima histórica.
A recuperação do petróleo ontem não ajudou as ações da Petrobras, que terminaram com baixa de 3,23% (preferenciais) e 3,58% (ordinárias). A ação PNA da Vale encerrou em desvalorização de 4,13%.
(FABRICIO VIEIRA)


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