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Investimento direto cai 60% em janeiro
Sob efeito da crise global, fluxo de recursos estrangeiros ficou em US$ 1,93 bi, contra US$ 4,8 bi no mesmo período de 2008
Para o BC, números ainda são positivos em vista da situação "aguda" atual; impacto nas contas externas é amenizado pela queda no envio de lucros
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de um resultado recorde em 2008, o fluxo de investimentos estrangeiros para
o Brasil começou o ano em desaceleração, já sentindo os efeitos da crise financeira internacional. Segundo dados do Banco Central, no mês passado o
ingresso de capital externo no
país ficou em US$ 1,930 bilhão.
Em fevereiro, de acordo com
dados parciais fechados ontem,
a entrada de investimentos soma US$ 1,5 bilhão e deve chegar
a US$ 1,8 bilhão até o final do
mês, nas contas do BC. Isso significa que, mesmo somando o
fluxo projetado para os dois
primeiros meses de 2009, não
se chega ao resultado de dezembro, quando esses investimentos haviam sido de US$
8,117 bilhões. E ficam 60% abaixo dos US$ 4,8 bilhões de janeiro do ano passado.
O número de dezembro foi
inflado por US$ 3 bilhões referentes a operação de troca de
ações entre a CSN e um consórcio de empresas asiáticas e que
não resultou em ingresso efetivo de recursos. Mesmo descontando esse efeito extraordinário, os resultados mais recentes
representam forte queda ante
os números que vinham sendo
observados em 2008.
Ainda assim, o chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes, diz que os números não surpreendem. "Já
esperávamos uma retração
nesses fluxos. Mas eles ainda
são bastante positivos se considerarmos o período que estamos vivendo, de crise aguda."
Teoricamente, uma queda no
ingresso de investimentos estrangeiros poderia colocar em
risco o equilíbrio das contas externas, já que a entrada desses
recursos serve para compensar
a saída de dólares ligada a operações como o pagamento de
juros da dívida externa e as remessas de lucros e dividendos.
Por outro lado, esse menor
fluxo vem sendo acompanhado
por uma redução no déficit externo. As remessas de lucros
feitas ao exterior no mês passado, por exemplo, foram as mais
baixas já registradas pelo BC
desde 2005, o que reduz o impacto negativo que a redução
nos investimentos estrangeiros
tem sobre as contas externas.
Para o economista Antônio
Corrêa de Lacerda, professor
da PUC-SP, os números estão
em linha com sua projeção de
que o Brasil receba US$ 25 bilhões em investimentos externos no ano -se confirmada, a
queda será de 44% ante o valor
de 2008, o maior da história.
"O resultado [de janeiro] foi
positivo. Também já há sinais
de que a oferta de linhas de crédito [externas] está melhorando." De acordo com o Banco
Central, as empresas brasileiras têm conseguido, nas últimas semanas, encontrar mais
facilidade para refinanciar suas
dívidas contraídas no exterior.
No mês passado, segundo o
BC, foram refinanciadas 50%
das parcelas a vencer. Neste
mês, a proporção já está em
92%. Além disso, também há
dados que indicam uma volta
dos estrangeiros à Bovespa.
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