São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

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Investimento direto cai 60% em janeiro

Sob efeito da crise global, fluxo de recursos estrangeiros ficou em US$ 1,93 bi, contra US$ 4,8 bi no mesmo período de 2008

Para o BC, números ainda são positivos em vista da situação "aguda" atual; impacto nas contas externas é amenizado pela queda no envio de lucros


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de um resultado recorde em 2008, o fluxo de investimentos estrangeiros para o Brasil começou o ano em desaceleração, já sentindo os efeitos da crise financeira internacional. Segundo dados do Banco Central, no mês passado o ingresso de capital externo no país ficou em US$ 1,930 bilhão.
Em fevereiro, de acordo com dados parciais fechados ontem, a entrada de investimentos soma US$ 1,5 bilhão e deve chegar a US$ 1,8 bilhão até o final do mês, nas contas do BC. Isso significa que, mesmo somando o fluxo projetado para os dois primeiros meses de 2009, não se chega ao resultado de dezembro, quando esses investimentos haviam sido de US$ 8,117 bilhões. E ficam 60% abaixo dos US$ 4,8 bilhões de janeiro do ano passado.
O número de dezembro foi inflado por US$ 3 bilhões referentes a operação de troca de ações entre a CSN e um consórcio de empresas asiáticas e que não resultou em ingresso efetivo de recursos. Mesmo descontando esse efeito extraordinário, os resultados mais recentes representam forte queda ante os números que vinham sendo observados em 2008.
Ainda assim, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que os números não surpreendem. "Já esperávamos uma retração nesses fluxos. Mas eles ainda são bastante positivos se considerarmos o período que estamos vivendo, de crise aguda."
Teoricamente, uma queda no ingresso de investimentos estrangeiros poderia colocar em risco o equilíbrio das contas externas, já que a entrada desses recursos serve para compensar a saída de dólares ligada a operações como o pagamento de juros da dívida externa e as remessas de lucros e dividendos.
Por outro lado, esse menor fluxo vem sendo acompanhado por uma redução no déficit externo. As remessas de lucros feitas ao exterior no mês passado, por exemplo, foram as mais baixas já registradas pelo BC desde 2005, o que reduz o impacto negativo que a redução nos investimentos estrangeiros tem sobre as contas externas.
Para o economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP, os números estão em linha com sua projeção de que o Brasil receba US$ 25 bilhões em investimentos externos no ano -se confirmada, a queda será de 44% ante o valor de 2008, o maior da história.
"O resultado [de janeiro] foi positivo. Também já há sinais de que a oferta de linhas de crédito [externas] está melhorando." De acordo com o Banco Central, as empresas brasileiras têm conseguido, nas últimas semanas, encontrar mais facilidade para refinanciar suas dívidas contraídas no exterior.
No mês passado, segundo o BC, foram refinanciadas 50% das parcelas a vencer. Neste mês, a proporção já está em 92%. Além disso, também há dados que indicam uma volta dos estrangeiros à Bovespa.


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