|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Desemprego aumenta 20%, aponta IBGE
Taxa de pessoas sem trabalho em regiões metropolitanas sobe para 8,4% em janeiro, no pior resultado desde 2003
População desocupada cresce para 1,89 milhão
de pessoas; "foi um mês
cruel para o mercado de trabalho", diz pesquisador
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
O contingente de desempregados cresceu 20,6% entre dezembro e janeiro -o pior resultado para o mês desde 2003,
apontou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa de desemprego subiu de 6,8% para 8,4%. A população desocupada, de 1,55 milhão para 1,89 milhão de pessoas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas.
"Foi um mês cruel para o
mercado de trabalho", disse Cimar Azeredo, coordenador da
pesquisa do IBGE.
No mês passado, com a crise
instalada e em meio às demissões na indústria, a Pesquisa
Mensal de Emprego do IBGE
havia informado que o desemprego em dezembro tinha caído
de 7,6% para 6,8%.
Mais do que a taxa de desemprego em si -que não chegou a
ser a pior para um mês de janeiro- chamou a atenção do IBGE
o súbito aumento de pessoas
procurando trabalho. "Nem
quando estávamos em recessão, em 2003, houve variação
tão forte", disse Azeredo.
Pesaram para a piora no mercado de trabalho as demissões
ocorridas na construção civil e
no comércio. "No comércio já
era esperado, porque depois de
dezembro o setor normalmente demite. Chama a atenção o
número de demissões na construção civil, em que a queda no
contingente de ocupados de
4,7% foi a maior dos últimos sete anos." Após as demissões de
dezembro, a indústria manteve
estável seu número de vagas.
Em janeiro, o rendimento
médio real cresceu 2,2%, de R$
1.290,30 para R$ 1.318,70. "É
um efeito estatístico. Houve redução no número de empregados, e, entre eles, muitos recebiam baixos salários, porque
eram da construção civil e do
comércio", afirmou Júlio Hegedus, economista-chefe da
Lopes Filho Consultores. "A inflação menor em janeiro também corrói menos o salário",
disse a analista Ariadne Vitorino, da Tendências Consultoria.
Entre as regiões pesquisadas,
São Paulo apresentou o maior
crescimento no grupo de desempregados. A variação da taxa de desemprego foi de 32%
-passou de 7,1% para 9,4%.
Entre as outras cinco regiões,
o crescimento do grupo de desocupados também foi recorde
para janeiro em Porto Alegre
(19%) e em Belo Horizonte
(16%). Nessas cidades, a taxa de
desocupação ficou em 5,6% e
6,4%, respectivamente. No Rio,
cresceu de 6,2% a 6,6%.
Confirmando o que o Ministério do Trabalho já havia
apontado anteontem, a pesquisa do IBGE também mostrou a
queda no emprego formal. Entre dezembro e janeiro foram
eliminadas 129 mil vagas com
carteira assinada, uma queda
de 1,3% em relação a dezembro.
Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do
Trabalho, mostraram que foram cortadas 101 mil vagas.
Perspectiva sombria
A situação ainda será difícil
para quem procurar emprego
nos próximos quatro meses. A
expectativa dos analistas é que
o mercado de trabalho só melhore no segundo semestre.
"As demissões ainda se refletirão nos setores de comércio e
serviços por, pelo menos, mais
dois meses", diz Fábio Romão,
da LCA Consultores.
Para Hegedus, da Lopes Filho, "a indústria de eletroeletrônicos ainda pode demitir".
Texto Anterior: Cesar Benjamin: O nome da crise Próximo Texto: Lula sabia de demissões na Embraer desde segunda Índice
|