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Após emprestar US$ 8,4 bi em 12 anos, BNDES cobrará explicações da empresa
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) vai cobrar explicações da Embraer sobre a demissão de 20% do quadro de
funcionários da fabricante de
aeronaves. Está prevista para
os próximos dias uma reunião
com a diretoria da empresa.
O banco é acionista da Embraer, com uma participação de
5,2%. Em 12 anos, o apoio do
governo a Embraer soma US$
8,39 bilhões (ou R$ 19,7 bilhões) por meio do financiamento à exportação de aeronaves pelo BNDES. O montante
equivale à metade do orçamento do Estado do Rio em 2008.
No ano passado, o BNDES
desembolsou US$ 542,3 milhões (ou R$ 1,27 bilhão) em
crédito à exportação da Embraer. As operações com a empresa correspondem a 10,15%
de todos os financiamentos a
exportações da indústria concedidos pelo banco em 2008.
Os contratos de financiamento do banco não têm cláusulas que obriguem a manutenção de emprego. De modo geral,
a única restrição nos contratos
do BNDES é que o investimento apoiado não pode gerar desemprego. Questionado se o
banco foi informado sobre as
demissões antes do anúncio, o
BNDES informou que não participa da gestão e que as decisões da empresa não são comunicadas com antecedência.
O governo tem uma "golden
share" da Embraer -ação especial que dá direito a veto em relação a aspectos estratégicos,
como transferência de controle
acionário, criação de programas militares e mudança de
nome da companhia.
Segundo Brian Moretti, analista de aviação da Planner, o
apoio do BNDES é essencial em
um setor em que fabricantes
como Airbus, Boeing e Bombardier, contam sempre com financiamento dos governos para a exportação.
Cortes
O corte em massa na Embraer atingiu, apenas no Brasil,
4.240 trabalhadores. A informação foi repassada por representantes da empresa à Prefeitura de São José dos Campos.
A Embraer não divulgou o
número exato. Em nota, disse
apenas que seria cerca de 20%
de um total de 21.362 empregados, o que corresponde a 4.272.
Segundo a empresa, o número
também inclui desligamentos
em suas unidades dos EUA, da
França e de Cingapura. As fábricas da China e de Portugal
não foram atingidas.
O corte foi maior em São José, que, antes do anúncio, empregava cerca de 14 mil. Foram
demitidos 3.720. Ontem sindicalistas fizeram protestos na cidade. Um grupo viajou a Brasília para tentar audiência com o
presidente Lula, mas não foi recebido. O Ministério Público do
Trabalho convocou representantes da Embraer para uma
reunião no dia 2 de março.
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