São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

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Temor de estatização de bancos derruba Bolsas

Bolsa dos EUA tem pior semana em quatro meses

Shannon Stapleton/Reuters
Corretores na Bolsa de Nova de York, que recuou 1,34% ontem

DA REDAÇÃO

O temor de que o governo norte-americano decida pela estatização de parte dos bancos, especialmente o Citigroup e o Bank of America, fizeram com que a Bolsa de Nova York tivesse a sua pior semana desde outubro do ano passado.
Apesar das tentativas da Casa Branca de tentar acalmar o mercado, com declarações de que quer manter o sistema financeiro em mãos privadas, o índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, teve mais um dia de queda e se aproximou do seu menor nível em mais de 11 anos.
Com as ações dos bancos em queda, o Dow Jones recuou 1,34% ontem e fechou a semana com queda de 6,2%, aos 7.365,67 pontos -o mais baixo desde outubro de 2002 e muito próximo do nível de 1997. No acumulado do ano, o índice se desvalorizou em 16,07%.
A principal queda do dia foram as das ações do Citigroup, que recuaram mais 22,3% e hoje estão cotadas a US$ 1,95, o menor valor em 18 anos. Já as do Bank of America têm a menor cotação desde 1984, após a queda ontem de 3,56%. Os dois bancos foram os que mais recorreram a empréstimos bilionários do governo americano e, também por isso, são considerados os alvos mais prováveis em caso de estatização.
Na Europa, os mercados também tiveram um dia de retrações expressivas. A Bolsa de Frankfurt caiu 4,76%, e a de Paris, 4,35%. Em Londres, a queda foi de 3,22%.
Os rumores de estatização dos bancos ganharam força nesta semana depois que o presidente do Fed (o BC dos Estados Unidos), Ben Bernanke, sinalizou que a hipótese estava sendo discutida pelo governo. Ao ser questionado das declarações de seu antecessor no Fed, Alan Greenspan, que disse ser favorável à estatização, ele respondeu que o governo de Barack Obama "pretende manter os bancos privados ou retorná-los para mãos privadas o mais rápido possível".
Com os mercados em queda, a Casa Branca, que passou os últimos dias em silêncio sobre o assunto, buscou acalmá-los, reafirmando que pretende manter os bancos sob controle privado, ainda depois que o senador democrata Christopher Dodd disse que a estatização das instituições financeiras pode ser necessária "pelo menos por um curto período". O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, afirmou que o governo Obama "continua a acreditar firmemente que o sistema bancário mantido privado é a maneira correta a seguir".
As declarações do governo dos EUA, no começo da tarde, chegaram a acalmar um pouco os mercados, mas pouco depois eles voltaram a cair. Um dos motivos apontados para o surgimento de rumores de estatização foi a falta de detalhes do plano do governo para os bancos anunciado na semana passada. A expectativa é que alguns dos pontos sejam divulgados a partir de semana que vem.
O economista Nouriel Roubini, um dos primeiros a prever a crise, disse que ela está só no começo e defendeu a estatização. "Eu acredito como uma medida temporária: assuma o controle, conserte-o e venda de volta para o setor privado."


Com agências internacionais


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