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Relação pessoal é essencial nos negócios
DE PEQUIM
Jantares que terminam em
bebedeiras sem quase se falar
de negócios ou reuniões intermináveis estão entre os maiores choques culturais enfrentados por empresários brasileiros
na China. Os advogados brasileiros Rodrigo do Val Ferreira,
Gustavo de Jacobina Rabello e
José Ricardo dos Santos Luz falam da importância da relação
pessoal no país.
(RJL)
RITUAL DO BANQUETE
FERREIRA - No início de qualquer relação comercial, há o ritual do banquete com diversos
brindes com baijiu [a aguardente chinesa]. O que é visto
pela maioria dos ocidentais como um ritual bizarro, e nada
amistoso com o fígado, é uma
tentativa do chinês de criar um
laço de amizade, a partir do
qual ele se sentirá seguro. É da
amizade que decorrem todas as
obrigações morais que se devem aos amigos, incluindo a
lealdade comercial. Embebedar-se juntos faz parte desse ritual de criar confiança.
LUZ - Muita gente chega aqui
sem nem saber que a educação
diz que se entrega o cartão de
visita com as duas mãos e que
os seus dados devem também
estar em ideogramas chineses.
Somos mais afobados e vamos direto ao assunto. Os chineses gostam de reuniões longas, jantares longos, tiram as
dúvidas mil vezes. Paciência é
importante, não dá para vir afobado negociar.
ÉTICA LOCAL
FERREIRA - No Ocidente, a moral cristã nos ensina a amar o
próximo, a tratar um desconhecido como gostaríamos de ser
tratados. Na China, não é assim. Segundo o confucionismo,
há cinco relações principais na
sociedade: entre criador e criatura; governante e subordinado
(ou patrões e empregados); pais
e filhos; marido e mulher; e entre irmãos (e também amigos).
Todas aquelas figuras têm
um papel específico na sociedade e devem agir de acordo com
a moral intrínseca àqueles papéis. Com desconhecidos, não
há papel nenhum a se desempenhar. Ou seja, não há nenhuma obrigação moral que te direcione a agir de certa maneira.
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