São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Relação pessoal é essencial nos negócios

DE PEQUIM

Jantares que terminam em bebedeiras sem quase se falar de negócios ou reuniões intermináveis estão entre os maiores choques culturais enfrentados por empresários brasileiros na China. Os advogados brasileiros Rodrigo do Val Ferreira, Gustavo de Jacobina Rabello e José Ricardo dos Santos Luz falam da importância da relação pessoal no país. (RJL)

RITUAL DO BANQUETE FERREIRA - No início de qualquer relação comercial, há o ritual do banquete com diversos brindes com baijiu [a aguardente chinesa]. O que é visto pela maioria dos ocidentais como um ritual bizarro, e nada amistoso com o fígado, é uma tentativa do chinês de criar um laço de amizade, a partir do qual ele se sentirá seguro. É da amizade que decorrem todas as obrigações morais que se devem aos amigos, incluindo a lealdade comercial. Embebedar-se juntos faz parte desse ritual de criar confiança.
LUZ - Muita gente chega aqui sem nem saber que a educação diz que se entrega o cartão de visita com as duas mãos e que os seus dados devem também estar em ideogramas chineses. Somos mais afobados e vamos direto ao assunto. Os chineses gostam de reuniões longas, jantares longos, tiram as dúvidas mil vezes. Paciência é importante, não dá para vir afobado negociar.
ÉTICA LOCAL FERREIRA - No Ocidente, a moral cristã nos ensina a amar o próximo, a tratar um desconhecido como gostaríamos de ser tratados. Na China, não é assim. Segundo o confucionismo, há cinco relações principais na sociedade: entre criador e criatura; governante e subordinado (ou patrões e empregados); pais e filhos; marido e mulher; e entre irmãos (e também amigos).
Todas aquelas figuras têm um papel específico na sociedade e devem agir de acordo com a moral intrínseca àqueles papéis. Com desconhecidos, não há papel nenhum a se desempenhar. Ou seja, não há nenhuma obrigação moral que te direcione a agir de certa maneira.


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