São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2006

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ECONOMIA GLOBAL

Ben Bernanke afirma que taxas de longo prazo baixas são causadas por excesso de poupança mundial

Fed sinaliza que alta do juro pode estar no fim

DA REDAÇÃO

O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, disse ontem que os juros de longo prazo anormalmente baixos podem fazer com que o Fed tenha de manter a taxa básica de juros do país, de curto prazo, mais baixa ou mais alta que o normal, dependendo da causa.
Ao falar sobre o "enigma" das taxas de juros de longo prazo muito baixas, em discurso no Clube Econômico de Nova York, Bernanke sugeriu que o Fed tem que manter as taxas de curto prazo mais baixas que o normal, porque o "enigma" é causado por um excesso de poupança mundial.
O excesso de poupança mundial é causado pela baixa demanda de investimento e pela alta taxa de poupança em vários países.
Nesse caso, disse Bernanke, a taxa de juros de curto prazo "neutra" (que não estimula nem desacelera a economia) ficaria mais baixa que o normal.
Bernanke não deu nenhum sinal claro sobre a direção da taxa básica de juros nas próximas reuniões do Fed, mas sua fala foi interpretada por alguns analistas como indício de que já na próxima reunião o órgão pode deixar de lado a frase em que indica que o processo de alta dos juros continuará. A expectativa é que, na próxima reunião, os juros subam em 0,25 ponto percentual, para 4,75%.
Juros mais altos nos Estados Unidos podem ter conseqüências negativas para os países emergentes, como o Brasil.
Quando os títulos do Tesouro americano, considerados os mais seguros, têm rendimento melhor, a tendência dos investidores é tirar dinheiro de ativos de emergentes, onde os investimentos carregam maior risco.

Outras explicações
Bernanke também falou sobre outras explicações possíveis para os juros de longo prazo baixos -como a falta de títulos de longo prazo e a demanda forte por esses títulos por fundos de pensão.
Nesse caso, disse Bernanke, as taxas de juros de curto prazo teriam que ficar mais altas que o normal. "As implicações da política monetária no comportamento recente dos juros de longo prazo não estão de forma nenhuma absolutamente claras", afirmou o presidente do Fed.
As taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos estão bem pouco acima das de curto prazo, fenômeno que, em outras ocasiões, precedeu uma recessão econômica. Bernanke disse, porém, não acreditar que esse seja o caso agora, ao dizer que, quando isso acontece, geralmente as taxas de curto prazo estão mais altas do que estão agora.
O presidente do Fed também disse que outros fatores podem estar "segurando" os juros de longo prazo, como a maior previsibilidade do crescimento e da inflação, que faz com que investidores tolerem maior risco.


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