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ECONOMIA GLOBAL
Ben Bernanke afirma que taxas de longo prazo baixas são causadas por excesso de poupança mundial
Fed sinaliza que alta do juro pode estar no fim
DA REDAÇÃO
O presidente do Fed (Federal
Reserve, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, disse
ontem que os juros de longo prazo anormalmente baixos podem
fazer com que o Fed tenha de
manter a taxa básica de juros do
país, de curto prazo, mais baixa
ou mais alta que o normal, dependendo da causa.
Ao falar sobre o "enigma" das
taxas de juros de longo prazo
muito baixas, em discurso no Clube Econômico de Nova York, Bernanke sugeriu que o Fed tem que
manter as taxas de curto prazo
mais baixas que o normal, porque
o "enigma" é causado por um excesso de poupança mundial.
O excesso de poupança mundial é causado pela baixa demanda de investimento e pela alta taxa
de poupança em vários países.
Nesse caso, disse Bernanke, a taxa de juros de curto prazo "neutra" (que não estimula nem desacelera a economia) ficaria mais
baixa que o normal.
Bernanke não deu nenhum sinal claro sobre a direção da taxa
básica de juros nas próximas reuniões do Fed, mas sua fala foi interpretada por alguns analistas
como indício de que já na próxima reunião o órgão pode deixar
de lado a frase em que indica que
o processo de alta dos juros continuará. A expectativa é que, na
próxima reunião, os juros subam
em 0,25 ponto percentual, para
4,75%.
Juros mais altos nos Estados
Unidos podem ter conseqüências
negativas para os países emergentes, como o Brasil.
Quando os títulos do Tesouro
americano, considerados os mais
seguros, têm rendimento melhor,
a tendência dos investidores é tirar dinheiro de ativos de emergentes, onde os investimentos
carregam maior risco.
Outras explicações
Bernanke também falou sobre
outras explicações possíveis para
os juros de longo prazo baixos
-como a falta de títulos de longo
prazo e a demanda forte por esses
títulos por fundos de pensão.
Nesse caso, disse Bernanke, as
taxas de juros de curto prazo teriam que ficar mais altas que o
normal. "As implicações da política monetária no comportamento recente dos juros de longo prazo não estão de forma nenhuma
absolutamente claras", afirmou o
presidente do Fed.
As taxas de juros de longo prazo
nos Estados Unidos estão bem
pouco acima das de curto prazo,
fenômeno que, em outras ocasiões, precedeu uma recessão econômica. Bernanke disse, porém,
não acreditar que esse seja o caso
agora, ao dizer que, quando isso
acontece, geralmente as taxas de
curto prazo estão mais altas do
que estão agora.
O presidente do Fed também
disse que outros fatores podem
estar "segurando" os juros de longo prazo, como a maior previsibilidade do crescimento e da inflação, que faz com que investidores
tolerem maior risco.
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