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Crise assusta instituições financeiras na Europa
BCE põe 15 bi no mercado; Reino Unido convoca bancos
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
As principais Bolsas européias voltaram a fechar em baixa ontem, em meio ao pessimismo alimentado por maus
indicadores nos Estados Unidos, da queda nos preços das
matérias-primas e de uma nova
tentativa de bancos centrais de
reduzir os efeitos da falta de liquidez na economia. O BC europeu injetou 15 bilhões no
mercado, enquanto o presidente do Banco da Inglaterra reuniu as cinco principais instituições financeiras britânicas para discutir a crise.
Em mais um sinal de que as
turbulências estão longe de
acabar, o segundo maior banco
da Suíça teve que rever para
baixo sua receita no no ano
passado e não prevê lucro no
primeiro trimestre de 2008. O
Credit Suisse justificou o desempenho bem pior que o esperado afirmando que o mês de
março está sendo "muito difícil", e que o mercado opera sob
"tremendo estresse". Mas acusou também a "má conduta" de
alguns operadores do banco.
As Bolsas européias atravessaram o dia entre sobressaltos,
para fechar com perdas moderadas. Quedas em Londres
(-0,91%), em Frankfurt
(-0,65%) e em Paris (-0,49%)
marcaram os pregões.
Num gesto que casou surpresa e foi interpretado entre analistas como um esforço para garantir uma Páscoa sem tanto
nervosismo, o Banco Central
Europeu anunciou na véspera
do feriado a injeção de 15 bilhões no mercado, para a facilitar a vida de bancos carentes de
liquidez.
Reunião
Em Londres, o presidente do
Banco da Inglaterra se reuniu
com os presidentes dos cinco
maiores bancos britânicos
-Royal Bank of Scotland,
Lloyds TSB, HSBC, Barclays e
HBOS- para discutir o que pode ser feito vitaminar o mercado de crédito. Na segunda-feira
o BC britânico já anunciara a
injeção de 5 bilhões de libras
(cerca de R$ 17,1 bilhões) no
mercado.
Os banqueiros britânicos há
muito pedem que os Bancos
Centrais aceitem mais tipos de
garantias para empréstimos, o
que permitiria que fossem usados investimentos de valor
questionável. O BC britânico
resiste, afirmando que os contribuintes não deveriam ter
que pagar pelos riscos que os
banqueiros assumem voluntariamente.
Diante desse quadro de incerteza, o Credit Suisse afirmou ontem que deverá concluir um trimestre com perdas
pela primeira vez desde 2003,
devido às condições do mercado e à "má conduta intencional" de alguns operadores.
Em um comunicado distribuído ontem, o banco suíço baixou de US$ 1,32 bilhão para
US$ 540 milhões (R$ 918 milhões) o lucro do último trimestre de 2007. Com isso, a previsão de lucro para o ano passado
caiu de US$ 8,5 bilhões, para
US$ 7,76 bilhões (R$ 13,1 bilhões). O banco já havia informado que teria de baixar sua
previsão de lucro porque o valor de algumas de suas aplicações havia sido inflado.
Uma auditoria interna revelou, de acordo com o banco, que
"a má conduta de um pequeno
grupo de traders" estava por
trás do erro. Brady Dougan,
presidente do Credit Suisse,
disse que os funcionários envolvidos haviam sido demitidos
ou suspensos.
O Credit Suisse não foi a única vítima européia a sangrar
ontem com os efeitos da crise
norte-americana. O alemão
IKB Deutsche Industriebank,
informou prejuízos em posições atreladas ao mercado hipotecário dos Estados Unidos,
e calculou que perderá cerca de
US$ 1,6 bilhão (R$ 2,7 bilhões)
neste ano.
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