São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Neschling entra na Justiça contra Osesp

John Neschling, regente afastado da Osesp (Sinfônica do Estado), protocolou na última quinta-feira pedido na Delegacia Regional do Trabalho em São Paulo para verificar se o novo regente titular da orquestra, o francês Yan Pascal Tortelier, tem ou não autorização para trabalhar no Brasil. Se não tiver, Neschling pede que "sejam tomadas as medidas cabíveis contra a Fundação Osesp", que mantém a Sinfônica.
A DRT-SP confirmou o pedido de Neschling. Informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o ex-regente da Osesp receberá resposta a sua solicitação na semana que vem. Provavelmente também na próxima semana Tortelier já terá voltado à França.
A Folha apurou que Neschling vai ainda recorrer à Justiça contra a Fundação Osesp para obter as verbas rescisórias não pagas até agora, a que ele entende ter direito. Para ele, o processo de sua saída foi mal conduzido, já que teria negociado a sua permanência na Sinfônica do Estado até 2010.
O episódio da saída do maestro, que estava à frente da Osesp desde 1997, foi bastante tumultuado. Apesar de o salário mensal de R$ 120 mil de Neschling sempre ter causado polêmica, não foi essa a principal razão de sua saída.
O regente afastado entrou em conflito direto com o governador José Serra, logo no início do governo. Chamou-o de "menino mimado" e "autoritário" e deu entrevistas criticando o governador e o secretário estadual da Cultura, João Sayad.
A gota d'água foram críticas de Neschling à decisão do conselho da fundação de formar um comitê para a escolha de seu sucessor. Neschling afirmou publicamente que a sucessão estava sendo feita de maneira "intempestiva e irresponsável".
Pouco depois, o maestro, que estava na Suíça, recebeu um telefonema do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, atual presidente do conselho da Fundação Osesp, dizendo que a situação tinha ficado insustentável.
Em uma carta, foi informado de que o conselho da instituição tinha decidido, em votação "unânime", pela "ruptura imediata" de seu contrato.
A Fundação Osesp informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que obteve junto ao Ministério do Trabalho toda a documentação necessária para que Tortelier trabalhasse regularmente no Brasil. Sobre o pedido apresentado à Justiça do Trabalho com relação a verbas rescisórias, a fundação informou não ter sido notificada.
A Folha apurou que o salário de Tortelier é mais do que o dobro do de Neschling.
NA CHUVA

A AGRC, unidade especializada em risco da consultoria e corretora Aon, contabilizou entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões de prejuízo em média para cada cliente de Belo Horizonte e Rio de Janeiro com as recentes chuvas e enchentes. O número reflete apenas a reposição de bens danificados. "Há ainda os prejuízos ligados à interrupção do negócio", afirma Alexandre Botelho, diretor da unidade. Segundo Botelho, o aquecimento global tem aumentado os riscos ligados a catástrofes naturais para as empresas e alguns poderiam ser evitados antes da implantação de muitos projetos.

SUTILEZA
Aos poucos, a comunicação do Unibanco vai ganhando a cara do Itaú. Na campanha mais recente que está no ar, foram incorporadas pessoas junto aos personagens em desenho animado, marca da propaganda do Unibanco.

LARANJA
Foi a primeira vez que foram colocados atores de verdade nos filmes. Discretamente, há um personagem que veste camiseta laranja, cor do logotipo do Itaú.

ORGÂNICO

Os produtores brasileiros de orgânicos terão de rever as estratégias para ingressar no mercado externo após a crise, segundo Sylvia Wachner, coordenadora da Sociedade Nacional de Agricultura.

PRODUTIVO

Os orgânicos, que têm custo mai alto de produção e menor produtividade, estão com valores equivalentes aos produtos convencionais no mercado externo. "Tudo encarece o orgânico, o solo tem que ser preparado por anos, embalagem e certificação são caras. Mas agora terão que competir com o mesmo preço", diz Wachner.

Construção pesada volta a contratar

Depois de registrar quedas consecutivas desde outubro, o emprego na construção pesada apresentou a primeira alta, em fevereiro, segundo o Sinicesp (sindicato do setor).
Ainda tímida, a recuperação contabilizou saldo de contratação de apenas 20 trabalhadores, totalizando 50.335 no mês.
A crise, que estancou empreendimentos, ajudou a derrubar quase 4.000 vagas de setembro a janeiro.
Para Helcio Farias, do Sinicesp, o mercado volta a se aquecer, impulsionado pelas obras estaduais de infraestrutura. "Estão em vias de ser publicados os editais para o novo pacote de obras do Estado de São Paulo."
Farias calcula que o patamar de outubro, quando havia 53.644 vagas -mais de 3.000 acima do nível atual-, deve ser alcançado em julho. "Se o edital sai hoje, por exemplo, imaginamos que é preciso 90 dias para começar a obra. Os empregos devem vir com força em julho."
Para Farias, o pico de 2008, de setembro, pode ser resgatado ainda neste ano.

TENDÊNCIA

Michael Gazala, presidente do WGSN América -portal de pesquisa de tendências de design, consumo e artes on-line-, veio pela primeira vez ao Brasil nesta semana. Com a crise, que estimulou a busca por pesquisa para embasar decisões, a procura pelos serviços do portal subiu 10% ao mês no país. O número de assinantes também cresceu. A assinatura, que dá acesso a pesquisas sobre arte, beleza, esporte e outros, custa US$ 27.000 ao ano.

com CRISTIANE BARBIERI (interina), JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI, e FÁTIMA FERNANDES


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