São Paulo, domingo, 21 de março de 1999

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FUSÃO
Novo banco, que será o oitavo maior dos EUA, planeja aquisições na Ásia e na Europa
Fleet Boston quer crescer no exterior

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

Os planos do novo banco norte-americano Fleet Boston Corp., que nasceu há uma semana da união do Fleet Financial com o BankBoston, são de crescer, e muito.
"O novo banco está posicionado para fazer aquisições. Poderemos adquirir instituições menores e continuar nosso plano de consolidação", diz Henrique Meirelles, que será o presidente mundial do novo banco. Meirelles é brasileiro e já preside o BankBoston.
O Fleet Boston quer se tornar um banco com presença em todo o território dos Estados Unidos. Hoje, o banco está em quatro Estados na região da Nova Inglaterra, e, como todos os outros bancos dos EUA, é regional. A legislação do país restringe os bancos nacionais. Mas isso está mudando e o banco quer aproveitar a oportunidade.
Os projetos de expansão vão além dos EUA, alcançando a Ásia e a Europa, onde a instituição quer estender seu braço de investimento, o banco Robertson Stephens.
A junção dos dois bancos, que criou uma instituição de US$ 180 bilhões de ativos, a oitava maior dos Estados Unidos, gerou grande polêmica nos meios financeiros e na imprensa internacional.
Alguns jornais internacionais, inclusive aqueles especializados em economia, como o "Financial Times", disseram que o Fleet estava adquirindo o BankBoston.
Os executivos dos dois bancos têm se desdobrado para tentar derrubar essa versão. "É uma fusão", diz Henrique Meirelles.
"Se fosse uma aquisição, o Boston não teria aceitado", afirma.
Dois fatores principais deram margem à versão de aquisição. O primeiro é que o Fleet, com US$ 104,4 bilhões de ativos, é bem maior que o Boston, que tem ativos de US$ 73,5 bilhões.
O outro é que a instabilidade dos mercados emergentes jogou muitas dúvidas sobre o BankBoston nos últimos meses, derrubando suas ações na Bolsa. Analistas chegaram a afirmar que o banco era um provável alvo de aquisição.
"O Fleet é maior, mas tomou a decisão de fazer uma fusão de iguais porque o Boston está crescendo mais e está presente em mercados mais sofisticados", diz Meirelles. Para ele, o modelo do gerenciamento da nova instituição é a prova definitiva de que houve uma fusão e não uma aquisição.
Robert Higgins, atual presidente do Fleet, será o responsável pelo banco de varejo nos EUA, enquanto Meirelles vai assumir a área internacional e também as áreas de atendimento a empresas, fundos mútuos e a corretora nos EUA.
O presidente do conselho do Fleet, Terrence Murray, presidirá o conselho da nova instituição. Em 2001, Murray será substituído no cargo por Chad Gifford, atual presidente do conselho do Boston.
A Security Exchange Comission, xerife do mercado de ações nos EUA, foi informada de que trata-se de uma fusão de iguais.
Na prática, haverá uma troca de ações, em que os acionistas do Boston receberão 1,1844 ação do Fleet para cada uma do Boston.
O nome fantasia do novo banco dentro do mercado norte-americano será anunciado mais tarde, depois de uma pesquisa de mercado. No Brasil e no restante do mundo continua a valer a marca BankBoston. "O nome Fleet não é conhecido fora dos EUA. Uma eventual mudança será uma decisão pessoal minha e eu não pretendo mudar", diz Meirelles.



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