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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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FOLHAINVEST

REUNIÃO DO COPOM

BC deve manter Selic na 4ª e, com recuo do dólar, desativar mecanismo que permite elevá-la a qualquer momento

Viés cai, diz mercado, mas juro a 26,5% fica

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de toda a euforia recente com dólar e risco-país em queda, a taxa básica de juros deve continuar em 26,5% na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que começa amanhã, segundo o consenso do mercado.
A expectativa da maioria dos analistas é que o Banco Central retire o viés de alta, apesar da queda lenta da inflação, ao considerar que, com o recuo do dólar, a tendência dos índices de preços é declinante. Num prazo mais longo, dizem, a inflação se reaproximaria da meta do governo.
O viés de alta, adotado na reunião do mês passado, permite ao presidente do BC elevar os juros antes da reunião seguinte do Copom.
Em pesquisa realizada pela Reuters, todos os 20 economistas consultados afirmaram acreditar que o BC decidirá manter a taxa básica de juros na quarta-feira, quando se encerra a reunião do Copom. Para 80% dos entrevistados, o viés deverá cair.
"É possível que o BC não olhe a inflação corrente, mas a expectativa mais à frente, e considere que o resultado pode vir mais próximo de 8,5%", diz Luís Afonso Lima, economista sênior do BBV Banco.
Para ele, que considera que os últimos índices divulgados apontam inércia inflacionária e até reaceleração de preços em alguns casos, com a atual taxa de câmbio seria viável uma reaproximação da meta de inflação.
"Com o dólar a R$ 3, é possível que a inflação fique abaixo da última avaliação [do BC], que era de 10,8%, quando o câmbio ainda era de R$ 3,40."
"A inflação não está reacelerando", discorda Jorge Simino, diretor do Unibanco Asset Management. "Preços agrícolas é que caem muito devagar -agricultores estão segurando a safra para comercializá-la melhor-, assim como os preços em dólar", diz Simino ao defender a retirada do viés.
A queda do dólar, segundo economistas, é uma tendência que pode arrefecer nos próximos meses, mas veio para ficar.
Para a maioria dos economistas ouvidos pela Folha, o viés de alta nem deveria ter sido colocado.
"Se fosse levado a sério, ele teria sido usado, já que os fatores com que o BC justificou o uso do instrumento ocorreram [queda lenta da inflação e incertezas pela guerra]", diz o economista do Banco Modal, Alexandre Póvoa.
"Como foi uma colocação mais política do que técnica [para não subir a Selic", e que não foi usada, agora é que não se justifica mesmo, e o viés deverá ser retirado."
Preços
O mercado estará atento amanhã também ao IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe, o último índice de preços a ser divulgado antes do Copom. A previsão é que a segunda quadrissemana de abril do índice registre alta de 0,9%. Segundo o BBV Banco, o último dado da Fipe demonstra aumento na margem da inflação em todas as categorias.
"Se vier abaixo de 0,85%, 0,9%, poderá haver mais uma rodada de entusiasmo", diz Jorge Simino.

Outros indicadores
Analistas que fazem estudo gráfico do Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo), baseado em dados históricos, afirmam que, caso o índice se mantenha acima de 12.350 pontos, tentará atingir 12.950 pontos, o chamado ponto de resistência seguinte.
O IPCA-15 de abril sai na sexta-feira e tem projeção de alta de 1,1%, dada a concentração das pressões inflacionárias nos preços livres, segundo o BBV Banco.
Nos EUA, os "leading indicators" (principais indicadores da economia) de março, que saem hoje, devem ter queda de 0,1%


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