|
Texto Anterior | Índice
FOLHAINVEST
REUNIÃO DO COPOM
BC deve manter Selic na 4ª e, com recuo do dólar, desativar mecanismo que permite elevá-la a qualquer momento
Viés cai, diz mercado, mas juro a 26,5% fica
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de toda a euforia recente
com dólar e risco-país em queda,
a taxa básica de juros deve continuar em 26,5% na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que começa amanhã, segundo o consenso do mercado.
A expectativa da maioria dos
analistas é que o Banco Central retire o viés de alta, apesar da queda
lenta da inflação, ao considerar
que, com o recuo do dólar, a tendência dos índices de preços é declinante. Num prazo mais longo,
dizem, a inflação se reaproximaria da meta do governo.
O viés de alta, adotado na reunião do mês passado, permite ao
presidente do BC elevar os juros
antes da reunião seguinte do Copom.
Em pesquisa realizada pela Reuters, todos os 20 economistas consultados afirmaram acreditar que
o BC decidirá manter a taxa básica
de juros na quarta-feira, quando
se encerra a reunião do Copom.
Para 80% dos entrevistados, o viés
deverá cair.
"É possível que o BC não olhe a
inflação corrente, mas a expectativa mais à frente, e considere que o
resultado pode vir mais próximo
de 8,5%", diz Luís Afonso Lima,
economista sênior do BBV Banco.
Para ele, que considera que os
últimos índices divulgados apontam inércia inflacionária e até reaceleração de preços em alguns casos, com a atual taxa de câmbio
seria viável uma reaproximação
da meta de inflação.
"Com o dólar a R$ 3, é possível
que a inflação fique abaixo da última avaliação [do BC], que era de
10,8%, quando o câmbio ainda
era de R$ 3,40."
"A inflação não está reacelerando", discorda Jorge Simino, diretor do Unibanco Asset Management. "Preços agrícolas é que
caem muito devagar -agricultores estão segurando a safra para
comercializá-la melhor-, assim
como os preços em dólar", diz Simino ao defender a retirada do
viés.
A queda do dólar, segundo economistas, é uma tendência que
pode arrefecer nos próximos meses, mas veio para ficar.
Para a maioria dos economistas
ouvidos pela Folha, o viés de alta
nem deveria ter sido colocado.
"Se fosse levado a sério, ele teria
sido usado, já que os fatores com
que o BC justificou o uso do instrumento ocorreram [queda lenta
da inflação e incertezas pela guerra]", diz o economista do Banco
Modal, Alexandre Póvoa.
"Como foi uma colocação mais
política do que técnica [para não
subir a Selic", e que não foi usada,
agora é que não se justifica mesmo, e o viés deverá ser retirado."
Preços
O mercado estará atento amanhã também ao IPC (Índice de
Preços ao Consumidor) da Fipe, o
último índice de preços a ser divulgado antes do Copom. A previsão é que a segunda quadrissemana de abril do índice registre
alta de 0,9%. Segundo o BBV Banco, o último dado da Fipe demonstra aumento na margem da
inflação em todas as categorias.
"Se vier abaixo de 0,85%, 0,9%,
poderá haver mais uma rodada de
entusiasmo", diz Jorge Simino.
Outros indicadores
Analistas que fazem estudo gráfico do Ibovespa (Índice da Bolsa
de Valores de São Paulo), baseado
em dados históricos, afirmam
que, caso o índice se mantenha
acima de 12.350 pontos, tentará
atingir 12.950 pontos, o chamado
ponto de resistência seguinte.
O IPCA-15 de abril sai na sexta-feira e tem projeção de alta de
1,1%, dada a concentração das
pressões inflacionárias nos preços
livres, segundo o BBV Banco.
Nos EUA, os "leading indicators" (principais indicadores da
economia) de março, que saem
hoje, devem ter queda de 0,1%
Texto Anterior: Frases Índice
|