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Fabricantes de alimentos negam recuperação
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O brasileiro cortou certos alimentos da lista de compras no
ano passado, e não há indicadores
de mudanças nesse comportamento. O IBGE publicou ontem
números positivos a respeito das
vendas do setor alimentício, mas
a indústria nega uma recuperação
e analistas questionam os dados.
"Resultados positivos tem de
ser analisados com cautela. O varejo pode ir muito bem num mês
fazendo promoções pontuais,
mas isso não quer dizer que há
uma recuperação sustentada. Está
tudo meio fraco ainda", diz Denis
Ribeiro, economista da Abia, entidade que representa o setor.
Pelas contas do IBGE, houve
uma alta de 4,92% no volume de
vendas de supermercados e hipermercados em fevereiro sobre
igual mês de 2003. Em relação à
receita nominal, a alta foi de
8,84% -a taxa real (descontada a
inflação) atinge 4,37%.
Na outra ponta da cadeia do setor, os fabricantes informam que
ocorreu uma retração de 3,33%
no faturamento real da indústria
em fevereiro em relação a igual
período do ano passado. A produção parou -alta de 0,09%.
No primeiro bimestre, mais discordâncias: o IBGE mostra que o
volume de vendas das lojas no
ano aumentou 4%. Já a indústria
teve alta na produção de só 0,48%.
Os números nas duas pontas da
cadeia não parecem caminhar no
mesmo ritmo, e isso nem pode
ocorrer. Em primeiro lugar, dados do IBGE retratam a venda ao
consumidor, enquanto a indústria calcula a venda futura à loja.
Os fabricantes e o comércio varejista trabalham em tempos diferentes: num mesmo mês, enquanto o varejo atende a demanda do consumidor, a indústria está produzindo para dar conta de
novas entregas.
É preciso lembrar ainda que o
varejo e a indústria têm calendários diferentes. Com o Carnaval, a
indústria trabalhou só três semanas. Mas as lojas abriram.
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