São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

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Fabricantes de alimentos negam recuperação

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O brasileiro cortou certos alimentos da lista de compras no ano passado, e não há indicadores de mudanças nesse comportamento. O IBGE publicou ontem números positivos a respeito das vendas do setor alimentício, mas a indústria nega uma recuperação e analistas questionam os dados.
"Resultados positivos tem de ser analisados com cautela. O varejo pode ir muito bem num mês fazendo promoções pontuais, mas isso não quer dizer que há uma recuperação sustentada. Está tudo meio fraco ainda", diz Denis Ribeiro, economista da Abia, entidade que representa o setor.
Pelas contas do IBGE, houve uma alta de 4,92% no volume de vendas de supermercados e hipermercados em fevereiro sobre igual mês de 2003. Em relação à receita nominal, a alta foi de 8,84% -a taxa real (descontada a inflação) atinge 4,37%.
Na outra ponta da cadeia do setor, os fabricantes informam que ocorreu uma retração de 3,33% no faturamento real da indústria em fevereiro em relação a igual período do ano passado. A produção parou -alta de 0,09%.
No primeiro bimestre, mais discordâncias: o IBGE mostra que o volume de vendas das lojas no ano aumentou 4%. Já a indústria teve alta na produção de só 0,48%.
Os números nas duas pontas da cadeia não parecem caminhar no mesmo ritmo, e isso nem pode ocorrer. Em primeiro lugar, dados do IBGE retratam a venda ao consumidor, enquanto a indústria calcula a venda futura à loja.
Os fabricantes e o comércio varejista trabalham em tempos diferentes: num mesmo mês, enquanto o varejo atende a demanda do consumidor, a indústria está produzindo para dar conta de novas entregas.
É preciso lembrar ainda que o varejo e a indústria têm calendários diferentes. Com o Carnaval, a indústria trabalhou só três semanas. Mas as lojas abriram.


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