São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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Presidente não vai mais gerir recuperação

DA FOLHA ONLINE NO RIO

O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio, atendeu pedido encabeçado pelo Aerus (fundo de pensão dos funcionários de companhias aéreas) para afastar o presidente da Varig, Marcelo Bottini, do cargo de gestor interino do plano de recuperação da empresa.
O afastamento estava previsto no plano de recuperação e já era admitido pelo próprio Bottini, que, no entanto, permanece como presidente da empresa e cuidará de seu dia-a-dia.
A saída de Bottini da gestão interina havia sido requerida em nome das três classes de credores no início do mês. Eles afirmavam que o presidente da Varig tinha sido incapaz de levar adiante o plano de recuperação.
Segundo Ayoub, a decisão não foi tomada em razão de má gestão, mas para agilizar o processo de constituição dos FIPs (Fundos de Investimento e Participações).
"Ele [Bottini] fica no dia-a-dia da administração da empresa e a empresa especializada na gestão dos fundos, isso aconteceria quando viesse o depósito das ações, que seria um pouco mais adiante, mas, se há consenso entre credores e isso é saudável para antecipar a instituição dos fundos, por que não?"
A gestão do plano passará a ser comandada pela consultoria Alvarez & Marsal, e o banco Brascan vai constituir os FIPs.
O modelo prevê a criação de um FIP-Controle, com aporte de todas as ações das empresas em recuperação judicial, Varig, Rio Sul e Nordeste. Pela decisão, caberá à Alvarez & Marsal apresentar ao Brascan os nomes que integrarão o conselho de administração e a diretoria da empresa.
Em nota, a Varig afirmou que neste momento "o conselho de administração e a diretoria da Varig, inclusive o diretor-presidente Marcelo William Bottini, continuam em seus cargos".

"Sem olhar para trás"
O juiz voltou a dizer ontem que a Varig está distante do "abismo" e que, apesar da crise, ainda é uma empresa economicamente viável.
Um dia após a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ter dito que o governo já socorreu a Varig no passado e que não deveria aportar mais dinheiro na companhia, Ayoub afirmou que, mesmo sem discordar dela, não se deve procurar responsáveis para a crise da Varig nem se voltar ao passado.
"Eu prefiro acreditar que, em vez de ficar revolvendo o tempo, o que aconteceu, quem fez, quem não fez, quem deveria fazer e não fez, vamos tratar de nos empenhar ao máximo em buscar uma solução. Acho que ela existe porque, do contrário, eu já teria decretado a falência."
O juiz disse que, mesmo tendo a possibilidade de cassar a liminar sobre o arresto de bens da companhia, que agora cabe à 8ª Vara Empresarial do Rio, ele prefere esperar para tomar uma decisão.
Na semana passada, a 14ª Vara de Justiça do Trabalho concedeu liminar a trabalhadores da Varig determinando o arresto (apreensão) dos bens da empresa.
O Tribunal de Justiça reconheceu o conflito de competências e determinou que a decisão fique a cargo da vara que analisa o plano de recuperação da Varig.


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