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Dependência não acabará no curto prazo
Brasil terá dificuldades de garantir totalmente o abastecimento se for interrompida a importação de gás da Bolívia
Construção de fábricas necessárias para converter gás trazido por navios de
outros países deverá demorar ao menos um ano
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil não poderá substituir, no curto prazo, o gás natural importado da Bolívia, no caso de interrupções de fornecimento. Mesmo no longo prazo,
a partir de 2010, o gás boliviano
continuará a ser necessário,
embora sua participação na
oferta caia de aproximadamente 40% para cerca de 25%.
O GNL (Gás Natural Liqüefeito), que poderia ser importado de países como Argélia, só
poderá entrar no mercado brasileiro, na melhor das hipóteses, em maio de 2008. Essa é a
data prevista para que fiquem
prontas plantas de regaseificação, caso não haja nenhum
atraso em obras ou no processo
de licenciamento ambiental.
Se houver corte ou diminuição significativa no fornecimento antes disso, a solução é
racionar -o que o governo chama de "contingenciar".
Em abril do ano passado,
após um acidente com um duto
na Bolívia, o governo brasileiro
teve que adotar medidas de restrição ao consumo de gás natural no país: redução de 72% no
suprimento que atende às usinas termelétricas, redução de
51% no consumo próprio da Petrobras em suas refinarias e
também diminuição de até 12%
na oferta de gás para as distribuidoras estaduais.
GNL
Em maio do ano passado,
quando começou a crise política com a Bolívia, o Brasil decidiu começar a investir em GNL
- Gás Natural Liqüefeito, resfriado a 162 C negativos, reduzido em 600 vezes no seu volume e transportado por navios.
O produto seria importado de
países como Argélia, Qatar, Trinidad e Tobago.
Para poder usar o GNL, no
entanto, é necessário transformá-lo novamente em gás. Para
isso, são necessárias unidades
regaseificadoras no Ceará e no
Rio de Janeiro. Os investimento estão sendo feitos pela Petrobras.
Na avaliação da estatal, em
2010 a oferta de gás natural no
Brasil será de 121 milhões de
metros cúbicos, sendo 71 milhões produzidos no país, 30
milhões importados da Bolívia
e 20 milhões de GNL. Hoje, a
oferta de gás no mercado brasileiro é de aproximadamente 73
milhões de metros cúbicos.
Além da importação de GNL,
parte do esforço do governo na
redução da dependência está
no aumento da produção própria. O objetivo é aumentar em
quase 70% a produção nacional, hoje em 42 milhões de metros cúbicos. Além disso, deverão ser construídos 4.600 quilômetros de gasodutos.
O esforço tem como objetivo,
além de reduzir a dependência
da Bolívia, dar conta do aumento da demanda, estimado em
17% ao ano nos próximos anos.
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