São Paulo, sábado, 21 de abril de 2007

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Dependência não acabará no curto prazo

Brasil terá dificuldades de garantir totalmente o abastecimento se for interrompida a importação de gás da Bolívia

Construção de fábricas necessárias para converter gás trazido por navios de outros países deverá demorar ao menos um ano


HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil não poderá substituir, no curto prazo, o gás natural importado da Bolívia, no caso de interrupções de fornecimento. Mesmo no longo prazo, a partir de 2010, o gás boliviano continuará a ser necessário, embora sua participação na oferta caia de aproximadamente 40% para cerca de 25%.
O GNL (Gás Natural Liqüefeito), que poderia ser importado de países como Argélia, só poderá entrar no mercado brasileiro, na melhor das hipóteses, em maio de 2008. Essa é a data prevista para que fiquem prontas plantas de regaseificação, caso não haja nenhum atraso em obras ou no processo de licenciamento ambiental.
Se houver corte ou diminuição significativa no fornecimento antes disso, a solução é racionar -o que o governo chama de "contingenciar".
Em abril do ano passado, após um acidente com um duto na Bolívia, o governo brasileiro teve que adotar medidas de restrição ao consumo de gás natural no país: redução de 72% no suprimento que atende às usinas termelétricas, redução de 51% no consumo próprio da Petrobras em suas refinarias e também diminuição de até 12% na oferta de gás para as distribuidoras estaduais.

GNL
Em maio do ano passado, quando começou a crise política com a Bolívia, o Brasil decidiu começar a investir em GNL - Gás Natural Liqüefeito, resfriado a 162 C negativos, reduzido em 600 vezes no seu volume e transportado por navios. O produto seria importado de países como Argélia, Qatar, Trinidad e Tobago.
Para poder usar o GNL, no entanto, é necessário transformá-lo novamente em gás. Para isso, são necessárias unidades regaseificadoras no Ceará e no Rio de Janeiro. Os investimento estão sendo feitos pela Petrobras.
Na avaliação da estatal, em 2010 a oferta de gás natural no Brasil será de 121 milhões de metros cúbicos, sendo 71 milhões produzidos no país, 30 milhões importados da Bolívia e 20 milhões de GNL. Hoje, a oferta de gás no mercado brasileiro é de aproximadamente 73 milhões de metros cúbicos.
Além da importação de GNL, parte do esforço do governo na redução da dependência está no aumento da produção própria. O objetivo é aumentar em quase 70% a produção nacional, hoje em 42 milhões de metros cúbicos. Além disso, deverão ser construídos 4.600 quilômetros de gasodutos.
O esforço tem como objetivo, além de reduzir a dependência da Bolívia, dar conta do aumento da demanda, estimado em 17% ao ano nos próximos anos.


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