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Sem álcool nos EUA, Brasil não exporta milho
Com dólar a R$ 2,03, o país não seria competitivo
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O que seria do mercado de
milho, hoje, sem a utilização do
produto como matéria-prima
para a produção de álcool nos
Estado Unidos?
Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres, analisou os dados de esmagamento e utilização de milho no setor de produção de álcool nos Estados Unidos nos últimos 26 anos. A conclusão é que o mercado do produto seria bem diferente hoje,
inclusive para o Brasil.
Entre os impactos que a produção de álcool trouxe sobre o
produto foi o forte crescimento
de demanda interna nos Estados Unidos, que, na safra
2005/6, foi 99,6 milhões de toneladas superior à de 1979/80.
Sem o álcool, a demanda interna norte-americana para todos
os demais setores teria crescido
apenas 55,6 milhões de toneladas.
O setor de álcool, que há 26
anos consumia apenas 1,8 milhão de toneladas de milho, foi
responsável pelo consumo de
45,7 milhões na safra 2005/6.
Deve chegar a 54,6 milhões em
2006/7.
A demanda norte-americana
mexeu com a relação estoques-consumo interno. Historicamente, os estoques representam pelo menos 21% do consumo. Na safra atual, estão perigosamente em 7,5%.
Sem o álcool, os Estados Unidos, que estão diminuindo a
participação no mercado externo, teriam exportado mais. Nas
contas de Sologuren, o país teria colocado no mercado externo mais 136 milhões de toneladas do que colocou nos últimos
26 anos.
Estoques baixos demais
A produção norte-americana, que já se aproxima dos 300
milhões de toneladas, poderia
ser de apenas 243 milhões. Já a
área destinada ao produto, que
foi de 31,7 milhões de hectares
na safra passada, poderia ter sido de apenas 28,7 milhões e,
mesmo assim, garantiria a demanda interna e exportações.
Na safra 2007/8, que está
sendo semeada, a área é de 36,6
milhões de hectares, a maior
desde 1944.
A situação seria bem diferente também para o Brasil, que
deverá exportar 7 milhões de
toneladas neste ano. Sem a utilização de milho na produção
de álcool nos Estados Unidos, o
Brasil não teria como exportar.
Isso porque o preço médio por
bushel (25,2 quilos) estaria na
média histórica de US$ 2,30, ao
contrário dos US$ 3,80 atuais
(contrato de setembro).
Sem preços elevados e com o
dólar a apenas R$ 2,028, o país
deixaria de ser competitivo no
mercado exterior.
A busca de energia no milho
nos Estados Unidos mudou
também a relação estoques-consumo do mercado global.
Atualmente em 11%, os estoques mundiais poderiam estar
em 34% em relação ao consumo, diz Sologuren.
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