JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ENVIADO ESPECIAL A ANÁPOLIS (GO)

A Hyundai será a 12ª montadora a produzir carros no Brasil. Com investimento de R$ 1,2 bilhão até 2010 do grupo Caoa, que até então era seu importador, a fábrica sul-coreana abre sua primeira unidade produtiva na América Latina.
O Caoa, que também é o maior distribuidor Ford do país e importa os carros da Subaru, pagará royalties à matriz para que transfira sua tecnologia. É o mesmo processo que acontece com a Mitsubishi, também instalada em Goiás. Mas a coreana fica em Anápolis, e a japonesa, em Catalão.
Inicialmente, serão produzidas quatro versões do caminhão HR -devem ser 6.000 unidades até o fim do ano. Em novembro, deve começar a produção de um segundo produto.
A empresa -todas as decisões serão tomadas pelo braço brasileiro- não sabe ainda se fará os utilitário Tucson ou Santa Fe ou o sedã Elantra.
Carlos Alberto Oliveira Andrade, 63, presidente do grupo, calcula que sejam produzidos 130 mil carros por ano: 60% destinados ao mercado interno e 40% para a América Latina e, possivelmente, a Índia. "Vou lutar para produzir 600 mil unidades por ano."
O projeto é construir cinco veículos até 2010, incluindo um totalmente brasileiro. A tecnologia bicombustível é prometida para breve.
A projeção é que sejam criados 6.000 empregos diretos e 40 mil indiretos. A nacionalização inicial é de 40% (motor e câmbio, os itens mais caros, são coreanos), mas a fábrica espera atrair cerca de 40 fornecedores para Goiás para aumentar o percentual.
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que discursou de improviso e chamou o grupo Caoa de Alcoa, o Brasil conquistou quatro itens fundamentais para que uma empresa, multinacional ou não, "ponha a mão no bolso e decida fazer um investimento".
Em primeiro lugar está a consciência de que o país tem uma estabilidade macroeconômica. Lula também disse que o Brasil apresenta infra-estrutura para escoar a produção, tem mercado para absorvê-la e, por fim, tem mão-de-obra.

Ranking
Hoje, a Hyundai é a sexta maior montadora do mundo.
Segundo a Oica (organização mundial das montadoras), em 2005, ela, somando números da Kia, produziu 3.091.060 veículos motorizados. A General Motors, que ainda mantém o título de maior produtora, fez 7.943.304 unidades.
Por isso Andrade não gosta de se comparar a Eduardo Souza Ramos, que trouxe a Mitsubishi para o Brasil. "Automóveis são o principal negócio da Hyundai, mas não da Mitsubishi, que produz 900 mil unidades por ano no mundo todo."
Produzir em Goiás -o Estado foi escolhido por ter a segunda melhor logística do país, atrás de São Paulo, e por ter dado incentivos fiscais- vai ajudar no plano de expansão da Hyundai, que quer ser a quinta maior montadora do mundo até 2010.
Os carros, claro, devem ficar mais baratos, mas o presidente do grupo afirma ainda não ter feito as contas. Só de Imposto de Importação vão deixar de pagar 35%.
O HR goiano custa a partir de R$ 49 mil sem caçamba. O Tucson, o Hyundai mais vendido no Brasil, tem preços entre R$ 84,5 mil e R$ 115 mil, dependendo da tração, do câmbio e da versão de acabamento. Foram comercializados 1.932 jipinhos neste ano.