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Computador de mão deixa 5 mi na mão
Pane que durou várias horas em serviço dos aparelhos Blackberry muda rotina de executivos nos Estados Unidos
Problema revela grande dependência de usuários em relação ao aparelho; empresa canadense não revela motivos da pane
BRAD STONE
DO "NEW YORK TIMES"
Na terça-feira, às 20h na Costa Leste dos EUA, problemas
técnicos impediram que mais
de 5 milhões de usuários de
BlackBerrys no país obtivessem acesso ao seu muito apreciado serviço de e-mail sem fio.
O acesso só foi restaurado dez
longas horas mais tarde.
O blecaute do BlackBerry
-que une telefone, agena eletrônica, internet, processador
de texto- causou sofrimento a
muita gente e revelou até que
ponto muitas pessoas se tornaram dependentes de seus aparelhos eletrônicos portáteis,
emocional e profissionalmente.
Stuart Gold estava em Phoenix, a negócios, quando o serviço sofreu um apagão. Diretor
de marketing da Omniture,
empresa de software, ele percebeu que os e-mails que tentava
enviar haviam subitamente
aparecido marcados com um
ameaçador X vermelho.
Ele não se orgulha do que
aconteceu em seguida. "Eu tive
um chilique. Comecei a desmontar o aparelho. Ligava.
Desligava. Tirei a bateria e a
limpei na camisa. Estava correndo como louco pelo meu
quarto de hotel. Foi muito triste. Amo essa coisa."
Às 6h de quarta-feira, muito
ansioso quanto à perspectiva
de ter de passar um dia inteiro
em viagem e sem conexão, Gold
acordou e foi imediatamente
testar o aparelho. Ainda mudo.
Às 7h, o BlackBerry começou a
vibrar com sinais de atividade.
"Soltei um suspiro de alívio."
Muita gente supunha que estivesse sofrendo sozinha.
Lynn Moffat acreditava que
houvesse administrado um golpe fatal ao seu BlackBerry ao
derrubá-lo, na manhã de terça-feira, em Nova York. Moffat, diretora da New Theater Workshop, descobriu pelo rádio que
os problemas eram generalizados. "Fiquei tão aliviada por
não ser problema só meu, e sim
de todos os meus irmãos e irmãs em BlackBerry."
Outras pessoas passaram por
ciclos complexos de emoções,
entre as quais certa dose de paranóia. Zach Nelson, presidente-executivo do grupo de software NetSuite, havia levado sua
equipe de vendas para uma viagem de lazer em Barbados
quando subitamente deixou de
receber em seu BlackBerry e-mails dos outros 600 funcionários da companhia. "Comecei a
pensar que as pessoas não tinham aparecido para trabalhar
por estarem revoltadas já que
não haviam sido convidadas
para ir comigo ao Caribe."
A Research in Motion, a empresa canadense que produz o
BlackBerry, não foi rápida em
oferecer informações sobre os
motivos do problema, divulgando anteontem um comunicado no qual explicava que "a
causa primária está sendo investigada, no momento".
Parte do problema, no entanto, pode ser o rápido crescimento do serviço. A Research
in Motion afirma que seu quadro de assinantes cresceu em 3
milhões nos últimos 12 meses,
para um total de 8 milhões de
usuários, em parte devido à popularidade do modelo BlackBerry Pearl, ultrafino.
Os usuários do BlackBerry já
passaram por sustos no passado. Em junho, problemas técnicos interromperam o serviço
por duas vezes, ainda que os
dois defeitos tenham durado
apenas algumas horas e estivessem limitados a determinadas operadoras de telefonia
móvel que os vendem.
Uma disputa de patentes
ameaçava fechar as portas do
serviço BlackBerry em definitivo, mais de um ano atrás. Ainda
que a Research in Motion tenha negado quaisquer violações de patente, ela evitou a crise por meio de um acordo no
valor de US$ 612,5 milhões. Na
época, os fiéis usuários do
BlackBerry se apavoraram
pensando em como viveriam
sem o serviço.
Agora eles já sabem. Os sintomas incluem sensação de isolamento, forte tentação de reagir com hostilidade nos contatos com o pessoal de assistência
técnica da empresa e um severo
anseio, não muito diferente do
que uma pessoa sente ao abandonar as drogas.
Elaine Del Rossi, diretora de
vendas da HTH Worldwide,
uma seguradora, reagiu ao corte de sua "coleira virtual" com
diversos telefonemas apavorados ao escritório, por acreditar
que o sistema de e-mail de sua
empresa tivesse caído.
"Deixei de fumar há 28 anos",
ela disse, "e foi mais fácil do que
ficar sem o meu BlackBerry".
Mas alguns usuários viram o
episódio de maneira diferente e
trataram o silêncio como um
presente inesperado. Barry
Frey, vice-presidente sênior da
Cablevision, desceu de um
avião na terça-feira e sua reação representa blasfêmia para
os devotos do BlackBerry:
"Respirei fundo e desfrutei da
sensação", disse o executivo
americano.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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