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Fundos têm taxa menor, mas retorno cai
Estudo mostra redução na cobrança feita em aplicações de renda fixa; investidor, porém, teve rentabilidade afetada pela queda do juro
Taxa de administração média caiu de 3,01% para 2,22% entre 2001 e 2007;
no período, retorno recuou de 16,31% para 12,28%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa de administração cobrada nos fundos de investimento tem caído nos últimos
anos. Todavia, essa redução pode não ter sido suficiente para
compensar a queda na rentabilidade das aplicações que
acompanham a oscilação dos
juros, decorrente do encolhimento da taxa básica Selic durante a década.
Estudo realizado pala Anbid
(Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostra
que a taxa de administração
média cobrada nos fundos de
renda fixa recuou de 3,01% em
2001 para 2,22% em 2007. Porém, a rentabilidade média dos
fundos de renda fixa recuou de
16,31% em 2001 para 12,28% no
ano passado.
"É verdade que houve uma
redução nas taxas de administração nos últimos anos, mas
ela foi relativamente tímida em
relação à queda dos juros que
ocorreu no período", avalia a
consultora de investimentos
Márcia Dessen, da Bankrisk.
Se forem considerados os juros médios pagos pelos fundos
e a taxa de administração de cada período, teríamos uma rentabilidade líquida de 12,91% em
2001 e de 9,84% em 2007 -isso
sem levar em conta a cobrança
de IR (Imposto de Renda).
A taxa de administração é cobrada dos investidores e é destinada ao administrador das
aplicações financeiras. Uma
das finalidades dessa taxa é a de
remunerar os gestores por seu
serviço e é fixada, livremente,
pelas instituições financeiras
(bancos, corretoras etc.).
Profissionais do mercado
afirmam que o crescimento da
indústria de fundos, com cada
vez mais capital aplicado e mais
investidores, favorece a possibilidade de as taxas de administração serem reduzidas. Uma
das explicações para o fato de
essas taxas ainda serem elevadas, especialmente nas aplicações de varejo, são os altos custos que as instituições teriam.
Segundo análise da própria
Anbid, no varejo há um alto
custo "por real investido, já que
envolve ampla rede agências,
milhares de funcionários para
atender milhões de clientes,
caixas eletrônicos, portal na internet e call center", além de
propaganda.
Pela definição do estudo, o
varejo representa aqueles fundos que contam com mais de
2.000 cotistas, com um investimento inicial inferior a R$ 20
mil e em que nenhum investidor possua saldo médio superior a R$ 105 mil.
Procura e oferta
"Temos de lembrar que houve um aumento da concorrência [de instituições que oferecem fundos de investimento]
nos últimos anos. E concorrência favorece o recuo nas taxas
cobradas", afirma Dessen.
Apesar de grande parte do capital dos fundos de investimento estar nas mãos de dez grandes instituições financeiras
-cerca de 78% do total-, hoje
há 259 gestores que podem ser
procurados pelos aplicadores.
Os fundos de investimentos
registram hoje um total de R$
1,2 trilhão em recursos aplicados. Há dez anos, o patrimônio
dos fundos não alcançava os R$
300 bilhões. Para a Anbid, existe atualmente 7.921 fundos para os investidores escolherem.
Nessas aplicações, cerca de 10,9
milhões de cotistas investem.
No ano passado, ganhou destaque a ameaça de concorrência da poupança para o mercado de fundos. Como a taxa básica seguia em rota de queda, o
ganho líquido de muitos fundos
de renda fixa e DI -que acompanham o sobe-e-desce dos juros- caiu e fez com que investidores decidissem migrar para a
poupança, que não cobra taxa
de administração nem IR.
A retomada do processo de
elevação da taxa Selic -parâmetro dos juros praticados no
mercado- tende a melhorar o
rendimento dos fundos nos
próximos meses, especialmente nos fundos DI.
No ano, os fundos DI já são
destaque de captação líquida
(diferença entre o sacado e o
aplicado), com R$ 12 bilhões
conquistados. A poupança registra captação de R$ 2,28 bilhões em 2008.
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