São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2008

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Fundos têm taxa menor, mas retorno cai

Estudo mostra redução na cobrança feita em aplicações de renda fixa; investidor, porém, teve rentabilidade afetada pela queda do juro

Taxa de administração média caiu de 3,01% para 2,22% entre 2001 e 2007; no período, retorno recuou de 16,31% para 12,28%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A taxa de administração cobrada nos fundos de investimento tem caído nos últimos anos. Todavia, essa redução pode não ter sido suficiente para compensar a queda na rentabilidade das aplicações que acompanham a oscilação dos juros, decorrente do encolhimento da taxa básica Selic durante a década.
Estudo realizado pala Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostra que a taxa de administração média cobrada nos fundos de renda fixa recuou de 3,01% em 2001 para 2,22% em 2007. Porém, a rentabilidade média dos fundos de renda fixa recuou de 16,31% em 2001 para 12,28% no ano passado.
"É verdade que houve uma redução nas taxas de administração nos últimos anos, mas ela foi relativamente tímida em relação à queda dos juros que ocorreu no período", avalia a consultora de investimentos Márcia Dessen, da Bankrisk.
Se forem considerados os juros médios pagos pelos fundos e a taxa de administração de cada período, teríamos uma rentabilidade líquida de 12,91% em 2001 e de 9,84% em 2007 -isso sem levar em conta a cobrança de IR (Imposto de Renda).
A taxa de administração é cobrada dos investidores e é destinada ao administrador das aplicações financeiras. Uma das finalidades dessa taxa é a de remunerar os gestores por seu serviço e é fixada, livremente, pelas instituições financeiras (bancos, corretoras etc.).
Profissionais do mercado afirmam que o crescimento da indústria de fundos, com cada vez mais capital aplicado e mais investidores, favorece a possibilidade de as taxas de administração serem reduzidas. Uma das explicações para o fato de essas taxas ainda serem elevadas, especialmente nas aplicações de varejo, são os altos custos que as instituições teriam.
Segundo análise da própria Anbid, no varejo há um alto custo "por real investido, já que envolve ampla rede agências, milhares de funcionários para atender milhões de clientes, caixas eletrônicos, portal na internet e call center", além de propaganda.
Pela definição do estudo, o varejo representa aqueles fundos que contam com mais de 2.000 cotistas, com um investimento inicial inferior a R$ 20 mil e em que nenhum investidor possua saldo médio superior a R$ 105 mil.

Procura e oferta
"Temos de lembrar que houve um aumento da concorrência [de instituições que oferecem fundos de investimento] nos últimos anos. E concorrência favorece o recuo nas taxas cobradas", afirma Dessen.
Apesar de grande parte do capital dos fundos de investimento estar nas mãos de dez grandes instituições financeiras -cerca de 78% do total-, hoje há 259 gestores que podem ser procurados pelos aplicadores.
Os fundos de investimentos registram hoje um total de R$ 1,2 trilhão em recursos aplicados. Há dez anos, o patrimônio dos fundos não alcançava os R$ 300 bilhões. Para a Anbid, existe atualmente 7.921 fundos para os investidores escolherem. Nessas aplicações, cerca de 10,9 milhões de cotistas investem.
No ano passado, ganhou destaque a ameaça de concorrência da poupança para o mercado de fundos. Como a taxa básica seguia em rota de queda, o ganho líquido de muitos fundos de renda fixa e DI -que acompanham o sobe-e-desce dos juros- caiu e fez com que investidores decidissem migrar para a poupança, que não cobra taxa de administração nem IR.
A retomada do processo de elevação da taxa Selic -parâmetro dos juros praticados no mercado- tende a melhorar o rendimento dos fundos nos próximos meses, especialmente nos fundos DI.
No ano, os fundos DI já são destaque de captação líquida (diferença entre o sacado e o aplicado), com R$ 12 bilhões conquistados. A poupança registra captação de R$ 2,28 bilhões em 2008.


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