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Mercado fica à espera de sinalização da ata do Copom
Documento explicará alta da Selic e apontará tendências
DA REPORTAGEM LOCAL
Passada a reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária
do Banco Central), na qual foi
elevada a taxa básica de juros
no Brasil de 11,25% para 11,75%
anuais, o mercado financeiro
espera para esta semana a divulgação da ata do encontro.
O documento vai ser conhecido na quinta-feira e trará explicações sobre a decisão relativamente surpreendente tomada na última quarta-feira. Além
disso, a explicação contida na
ata pode sinalizar o rumo que
tomará a taxa Selic nos próximos meses.
Por enquanto, o mercado
prevê que os juros seguirão em
alta, alcançando os 12,75%
anuais até o fim de 2008. A próxima reunião do Copom -que é
formado por diretores e o presidente do BC- ocorrerá apenas nos dias 3 e 4 de junho. O
Banco Central não subia os juros desde maio de 2005.
Apesar de juro em alta costumar ser uma notícia negativa
para o mercado acionário, a
Bolsa de Valores de São Paulo
registrou valorização de 3,73%
na semana passada.
Hoje os mercados não funcionarão no Brasil, devido ao
feriado. Mas, a partir de amanhã, com o retorno dos negócios, pode haver dias agitados.
Uma série de indicadores, especialmente no setor imobiliário dos Estados Unidos, vão ser
divulgados.
"No âmbito interno, a ata do
Copom deve ser vista com
atenção após a alta de 0,50 ponto na reunião da última quarta", diz Júlio Martins, diretor
da Prosper Gestão de Recursos.
"A falta de indicadores relevantes na semana no exterior aumentam a importância dos resultados corporativos que serão divulgados nos próximos
dias", afirma Martins.
A agenda americana traz na
quarta a divulgação dos resultados de vendas de casas usadas,
do índice de preços de imóveis
e do nível de confiança do consumidor.
Na quinta-feira, saem os dados de vendas de casas novas e a
prévia da taxa de desemprego
americano de março. No Brasil,
sairá no mesmo dia a taxa de
desemprego registrada em
março. Porém, ainda mais relevante, será a divulgação do IPCA-15 na sexta-feira.
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) é a taxa
que o governo utiliza para monitorar a meta de inflação. Por
isso a divulgação de sua prévia
ganha mais relevância neste
momento em que os juros voltaram a ser elevados.
Quando a meta de inflação é
ameaçada, a primeira atitude
do BC é a de elevar os juros básicos. Isso ocorre porque juros
maiores desestimulam o consumo, o que, na ponta, ajuda a
segurar a inflação.
Como a taxa de inflação é a
principal preocupação do BC, o
dólar tem se depreciado diante
do real sem que novas medidas
fossem tomadas pelo governo.
O dólar desvalorizado ajuda o
governo em sua busca por inflação controlada.
Na quinta-feira passada, o
dólar caiu para R$ 1,657, em seu
menor valor desde maio de
1999. E o processo de retomada
de elevação da taxa básica de
juros apenas tende a favorecer
a depreciação da moeda norte-americana.
O Brasil tem os maiores juros
reais do planeta. Dessa forma,
mostra-se fortemente atrativo
ao capital internacional, ávido
por lucros rápidos. Esse movimento eleva a oferta de dólares
no mercado, o que acaba por
derrubar ainda mais a cotação
da moeda americana.
"Por ora, a atuação do Banco
Central pode ser entendida como preventiva em relação a um
possível repasse da alta dos alimentos sobre os demais preços,
especialmente em um ambiente de demanda aquecida", afirma Maristella Ansanelli, do
banco Fibra.
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