São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2008

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Mercado fica à espera de sinalização da ata do Copom

Documento explicará alta da Selic e apontará tendências

DA REPORTAGEM LOCAL

Passada a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), na qual foi elevada a taxa básica de juros no Brasil de 11,25% para 11,75% anuais, o mercado financeiro espera para esta semana a divulgação da ata do encontro.
O documento vai ser conhecido na quinta-feira e trará explicações sobre a decisão relativamente surpreendente tomada na última quarta-feira. Além disso, a explicação contida na ata pode sinalizar o rumo que tomará a taxa Selic nos próximos meses.
Por enquanto, o mercado prevê que os juros seguirão em alta, alcançando os 12,75% anuais até o fim de 2008. A próxima reunião do Copom -que é formado por diretores e o presidente do BC- ocorrerá apenas nos dias 3 e 4 de junho. O Banco Central não subia os juros desde maio de 2005.
Apesar de juro em alta costumar ser uma notícia negativa para o mercado acionário, a Bolsa de Valores de São Paulo registrou valorização de 3,73% na semana passada.
Hoje os mercados não funcionarão no Brasil, devido ao feriado. Mas, a partir de amanhã, com o retorno dos negócios, pode haver dias agitados. Uma série de indicadores, especialmente no setor imobiliário dos Estados Unidos, vão ser divulgados.
"No âmbito interno, a ata do Copom deve ser vista com atenção após a alta de 0,50 ponto na reunião da última quarta", diz Júlio Martins, diretor da Prosper Gestão de Recursos. "A falta de indicadores relevantes na semana no exterior aumentam a importância dos resultados corporativos que serão divulgados nos próximos dias", afirma Martins.
A agenda americana traz na quarta a divulgação dos resultados de vendas de casas usadas, do índice de preços de imóveis e do nível de confiança do consumidor.
Na quinta-feira, saem os dados de vendas de casas novas e a prévia da taxa de desemprego americano de março. No Brasil, sairá no mesmo dia a taxa de desemprego registrada em março. Porém, ainda mais relevante, será a divulgação do IPCA-15 na sexta-feira.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é a taxa que o governo utiliza para monitorar a meta de inflação. Por isso a divulgação de sua prévia ganha mais relevância neste momento em que os juros voltaram a ser elevados.
Quando a meta de inflação é ameaçada, a primeira atitude do BC é a de elevar os juros básicos. Isso ocorre porque juros maiores desestimulam o consumo, o que, na ponta, ajuda a segurar a inflação.
Como a taxa de inflação é a principal preocupação do BC, o dólar tem se depreciado diante do real sem que novas medidas fossem tomadas pelo governo. O dólar desvalorizado ajuda o governo em sua busca por inflação controlada.
Na quinta-feira passada, o dólar caiu para R$ 1,657, em seu menor valor desde maio de 1999. E o processo de retomada de elevação da taxa básica de juros apenas tende a favorecer a depreciação da moeda norte-americana.
O Brasil tem os maiores juros reais do planeta. Dessa forma, mostra-se fortemente atrativo ao capital internacional, ávido por lucros rápidos. Esse movimento eleva a oferta de dólares no mercado, o que acaba por derrubar ainda mais a cotação da moeda americana.
"Por ora, a atuação do Banco Central pode ser entendida como preventiva em relação a um possível repasse da alta dos alimentos sobre os demais preços, especialmente em um ambiente de demanda aquecida", afirma Maristella Ansanelli, do banco Fibra.


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