São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2010

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Edital de Belo Monte provoca dúvidas no mercado livre

O entendimento do edital do leilão de Belo Monte gerou controvérsia entre grandes consumidores de energia.
O temor era de um risco de abastecimento, no longo prazo, dos consumidores livres -grandes indústrias que consomem mais de 3 MW.
"Se o modelo desse edital servir como exemplo para futuros leilões de usinas, o abastecimento dos consumidores livres pode ser ameaçado", diz Marcelo Parodi, sócio da comercializadora de energia Compass.
Os consumidores e comercializadores do mercado livre ficaram mais satisfeitos com o modelo usado nos projetos do rio Madeira e reclamaram do modelo de Belo Monte.
"Em Jirau e Santo Antônio, os consórcios puderam optar por canalizar 30% ao mercado livre e 70% ao regulado [mercado cativo, formado por quem consome menos de 0,5 MW]."
Em Belo Monte, as regras indicavam que, se o consórcio vencedor tivesse pelo menos um autoprodutor, que ficaria com 10% da energia gerada, poderia negociar até 20% da energia com o mercado livre. Autoprodutora é a empresa que gera parte da energia que consome.
Mas, na ausência de um autoprodutor no consórcio, como é o caso do vencedor do leilão de ontem, 90% da energia ficaria destinada ao mercado cativo e só 10% poderia ser negociado no mercado livre.
"A cada nova usina o governo coloca uma regra. O ideal seria que se respeitasse a atual proporção do consumo de energia no país, em que 25% representa mercado livre e 75%, regulado."
O governo esclareceu que a regra do leilão de Belo Monte determina que o vencedor deverá trazer forçosamente um autoprodutor para o consórcio, já que anunciou logo após o resultado, que optaria por destinar 70% ao mercado cativo. Desse modo, o autoprodutor posteriormente entrará como sócio estratégico, assim como entrarão Eletronorte e outras.

CAMINHO DAS ÍNDIAS

O mercado indiano é o atual foco da Perto. A empresa gaúcha, que fabrica equipamentos, como caixas eletrônicos, para bancos e comércio, vendeu para o State Bank of India 525 terminais de saque e 300 terminais de saque e depósito, customizados para o mercado indiano. "O país tem potencial para mais de 500 mil terminais bancários, mas existem apenas cerca de 45 mil", diz Thomas Elbling, presidente da Perto. O executivo vê similaridades no cenário financeiro do Brasil e da Índia. "A concentração bancária na Índia é a mesma da brasileira, com poucos bancos de varejo que têm muitas agências", afirma. As empresas brasileiras estão criando soluções que podem ser massificadas, por serem práticas e de baixo custo, segundo Elbling. "As soluções que são usadas no Brasil são viáveis na Índia, como as folhas de cheques, que são soluções baratas para os bancos", diz ele. Para este ano, a Perto prevê faturamento de R$ 340 milhões, com crescimento de 26% sobre o ano passado.

JOIAS DA NOBREZA

A H.Stern investe mais uma vez em linhas de gente que faz moda, mas que não é do mercado joalheiro. "Queríamos inventar algo novo, mas que tivesse a ver conosco", diz Christian Hallot, porta-voz da companhia. "O sonho de toda joalheria é agregar valor às peças, com design, para que se tornem clássicos", explica. Ao convidar a estilista Diane von Furstenberg para assinar mais uma coleção de jóias, a H. Stern segue nessa linha. A coleção inclui bracelete, berloques, brincos e anéis, desenhados e desenvolvidas pela equipe da joalheria, que buscou inspiração na Índia. A escolha dos desenhos a serem executados coube à estilista. Os mantras de Furstenberg estão gravados nas joias, com letras baseadas na caligrafia da própria estilista. Os berloques exibem palavras como Love (Amor) e Confidence (Confiança). "Essa nova coleção reflete poder, das palavras e do ouro", de acordo com Furstenberg. Com mais ouro do que diamantes nas criações, o preço das peças da recente coleção está em média menor do que o de outras linhas de Furstenberg: vai de R$ 8.700 a R$ 55 mil. A peça mais cara dela à venda é de uma coleção mais antiga: uma pulseira de R$ 682 mil. Hallot não comenta valores nem os termos da parceria que já dura cinco anos com a estilista, mas festeja a alta do consumo interno. A H. Stern sentiu a crise financeira no exterior ao registrar 30% de queda em 2009 e nota agora "que o brasileiro está com uma certa euforia", segundo Hallot. "Fora do Brasil, está começando a melhorar, mas, não com a velocidade que se esperava."

CONSELHO DE NORA
O livro "Warren Buffett e a Análise de Balanços" (editora Sextante, com 160 páginas), dos autores Mary Buffett e David Clark, apresenta dicas e estratégias de como identificar empresas com vantagem competitiva de longo prazo por meio de demonstrações financeiras e balanços patrimoniais. A autora Mary Buffett foi por 12 anos casada com Peter, filho do megainvestidor norte-americano.

ESTRELAS
A "Condé Nast Traveller", publicação que aborda o turismo de luxo, acaba de apresentar a lista com os hotéis eleitos, no mundo, como sensação para 2010. O Brasil aparece com três dos 15 selecionados da América do Sul e da América Central: o Tivoli-Mofarrej, em SP; o Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu; e o Uxua Casa Hotel, em Trancoso. Além dos brasileiros, só o Peru teve o mesmo número de eleitos.

COURO
No primeiro trimestre, a Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos) registrou alta de 27,2%, ante o mesmo período de 2009. As vendas no setor ficaram em US$ 236,4 milhões. Em março, o Brasil exportou o equivalente a US$ 89,2 milhões, o que representa crescimento de 22,1% nas vendas, na comparação com o mesmo mês do ano passado.


com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK


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