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TECNOLOGIA
Com GPS e equipamentos nas máquinas, agricultor identifica os terrenos mais produtivos e corrige distorções do solo
Precisão garante economia de até 15%
CÍNTIA CARDOSO
JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL
A agricultura de precisão envolve uma série de técnicas que utilizam a tecnologia da informação
para otimizar o manejo das lavouras. Sua utilização pode, de acordo com especialistas, reduzir os
custos para o produtor em até
15% no longo prazo.
A principal ferramenta utilizada
nessa técnica é o GPS (Global Positioning System), um instrumento que oferece coordenadas geográficas precisas. A partir de equipamentos instalados nas máquinas agrícolas, é possível saber
quais as características exatas de
cada porção do terreno plantado.
Esses aparelhos medem, principalmente, a produtividade do local, o peso dos grãos colhidos e
sua umidade e a infestação de
pragas e ervas daninhas. "Cruzando esses dados com os obtidos
pelo posicionamento do GPS, o
agricultor tem uma fotografia
perfeita das condições de produtividade de sua fazenda", diz Gregory Riordan, engenheiro de vendas da Massey Ferguson.
Após esse levantamento, o agricultor passa para a segunda fase
do processo, que é avaliar o motivo das distorções na produtividade. Essa avaliação gera outros mapas (de atributos do solo), que serão utilizados na última etapa da
técnica de agricultura de precisão:
a correção do solo.
Teoricamente, a intervenção no
solo serviria para aumentar a produtividade dessas áreas, igualando-as àquelas com alto rendimento. Porém, de acordo com alguns
especialistas, esse ganho de produtividade é apenas um fator secundário e o maior benefício é a
redução de custos.
"É uma utopia acreditar que o
agricultor vai conseguir ter uma
fazenda que produz uniformemente em toda a sua área. Principalmente em grandes propriedades, diferenças de solo e de luminosidade são bastante comuns",
diz Marcelo Macedo Gonçalves,
agrônomo e especialista de produto da John Deere.
"O mapeamento de fertilidade
do solo é mais importante, portanto, para localizar -e explorar
melhor- as áreas mais produtivas, deixando de lado as menos
produtivas."
Longo prazo
As eventuais reduções de custo
e ganhos de produtividade, porém, só seriam viáveis no longo
prazo, dizem especialistas. "Em
média, é necessário investir num
sistema de monitoramento por
pelo menos cinco anos para que o
agricultor possa obter os primeiros resultados dessa tecnologia",
afirma Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Solos.
Segundo ele, quanto mais o produtor utilizar essas técnicas, mais
informações ele terá sobre as características de sua propriedade e,
assim, poderá tomar melhores
decisões na hora de plantar e corrigir o solo. "Para obter melhores
resultados, é importante ter bons
registros do histórico de produtividade da área plantada, uma pequena estação meteorológica e um bom acompanhamento técnico, feito por agrônomos."
Participação pequena
A utilização dos equipamentos
de agricultura de precisão no Brasil ainda é pequena. Nos Estados
Unidos, segundo dados da John
Deere, há cerca de 25 mil colheitadeiras com essa tecnologia, contra
cerca de 80 no Brasil -contando
todas as marcas presentes nos
dois países. Segundo Paulo Gobbo, gerente regional de vendas da
Case IH, no país ainda se utiliza
pouco essa tecnologia por um
motivo simples: o custo de operação é alto.
"O preço do equipamento, relativamente ao das máquinas agrícolas, não é tão alto. Mas fazer o
monitoramento da fazenda demanda muito investimento, seja
em pessoal, seja em análise do solo", diz Gobbo.
A agricultura de precisão no Brasil está concentrada, principalmente, nas colheitadeiras. De acordo com as empresas, é quase irrisório o número de máquinas de pulverização, de plantio e de adubação que utilizam essa tecnologia.
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