São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 2002

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TECNOLOGIA

Com GPS e equipamentos nas máquinas, agricultor identifica os terrenos mais produtivos e corrige distorções do solo

Precisão garante economia de até 15%

CÍNTIA CARDOSO
JOSÉ SERGIO OSSE

DA REPORTAGEM LOCAL

A agricultura de precisão envolve uma série de técnicas que utilizam a tecnologia da informação para otimizar o manejo das lavouras. Sua utilização pode, de acordo com especialistas, reduzir os custos para o produtor em até 15% no longo prazo.
A principal ferramenta utilizada nessa técnica é o GPS (Global Positioning System), um instrumento que oferece coordenadas geográficas precisas. A partir de equipamentos instalados nas máquinas agrícolas, é possível saber quais as características exatas de cada porção do terreno plantado.
Esses aparelhos medem, principalmente, a produtividade do local, o peso dos grãos colhidos e sua umidade e a infestação de pragas e ervas daninhas. "Cruzando esses dados com os obtidos pelo posicionamento do GPS, o agricultor tem uma fotografia perfeita das condições de produtividade de sua fazenda", diz Gregory Riordan, engenheiro de vendas da Massey Ferguson.
Após esse levantamento, o agricultor passa para a segunda fase do processo, que é avaliar o motivo das distorções na produtividade. Essa avaliação gera outros mapas (de atributos do solo), que serão utilizados na última etapa da técnica de agricultura de precisão: a correção do solo.
Teoricamente, a intervenção no solo serviria para aumentar a produtividade dessas áreas, igualando-as àquelas com alto rendimento. Porém, de acordo com alguns especialistas, esse ganho de produtividade é apenas um fator secundário e o maior benefício é a redução de custos.
"É uma utopia acreditar que o agricultor vai conseguir ter uma fazenda que produz uniformemente em toda a sua área. Principalmente em grandes propriedades, diferenças de solo e de luminosidade são bastante comuns", diz Marcelo Macedo Gonçalves, agrônomo e especialista de produto da John Deere.
"O mapeamento de fertilidade do solo é mais importante, portanto, para localizar -e explorar melhor- as áreas mais produtivas, deixando de lado as menos produtivas."

Longo prazo
As eventuais reduções de custo e ganhos de produtividade, porém, só seriam viáveis no longo prazo, dizem especialistas. "Em média, é necessário investir num sistema de monitoramento por pelo menos cinco anos para que o agricultor possa obter os primeiros resultados dessa tecnologia", afirma Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Solos.
Segundo ele, quanto mais o produtor utilizar essas técnicas, mais informações ele terá sobre as características de sua propriedade e, assim, poderá tomar melhores decisões na hora de plantar e corrigir o solo. "Para obter melhores resultados, é importante ter bons registros do histórico de produtividade da área plantada, uma pequena estação meteorológica e um bom acompanhamento técnico, feito por agrônomos."

Participação pequena
A utilização dos equipamentos de agricultura de precisão no Brasil ainda é pequena. Nos Estados Unidos, segundo dados da John Deere, há cerca de 25 mil colheitadeiras com essa tecnologia, contra cerca de 80 no Brasil -contando todas as marcas presentes nos dois países. Segundo Paulo Gobbo, gerente regional de vendas da Case IH, no país ainda se utiliza pouco essa tecnologia por um motivo simples: o custo de operação é alto.
"O preço do equipamento, relativamente ao das máquinas agrícolas, não é tão alto. Mas fazer o monitoramento da fazenda demanda muito investimento, seja em pessoal, seja em análise do solo", diz Gobbo.
A agricultura de precisão no Brasil está concentrada, principalmente, nas colheitadeiras. De acordo com as empresas, é quase irrisório o número de máquinas de pulverização, de plantio e de adubação que utilizam essa tecnologia.



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