São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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EFEITO CONTRÁRIO

Para senador, inflação mais alta em 2005 possibilitaria corte no juro

Mercadante defende meta maior

GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Crítico da política econômica, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que o cenário externo, citado pelo Banco Central para explicar a decisão de não reduzir sua taxa de juros, justifica a elevação da meta de inflação de 2005.
"Nós estamos claramente vivendo uma crise do petróleo, um choque de custos, além da antecipação dos efeitos da alta futura dos juros americanos", avaliou ontem o senador. Pelo sistema de metas de inflação adotado no país, as metas podem ser revistas em casos de choques de oferta -o exemplo mais comum são as altas bruscas do dólar, que encarecem as importações.
Mercadante vem defendendo publicamente que o CMN (Conselho Monetário Nacional) mantenha em 2005 a meta deste ano: um IPCA de 5,5%. Pelas regras atuais, o BC buscará no próximo ano uma taxa de 4,5%.
"Se o Brasil quer priorizar o crescimento econômico, tem de haver uma meta que seja realizável", argumentou. Seu raciocínio: se a meta atual já torna difícil a queda dos juros, hoje de 16% ao ano, pior será se o BC optar por um objetivo ainda mais ambicioso em meio a uma conjuntura desfavorável.
A política monetária é ineficaz para combater elevações de preços decorrentes de choques de custos. Em casos assim, ou se tolera uma inflação maior ou os juros têm de ficar nas alturas para compensar os efeitos do choque atuando sobre os outros preços.
Na ata da reunião do Copom de março, o BC reconheceu que os aumentos de preços ocorridos no país no começo deste ano podem ter tido relação com choques de oferta (e não de demanda), o que até então não havia sido admitido claramente.

Em 2003
Mercadante descartou, porém, a necessidade de alterar a meta de inflação deste ano -se necessário, disse, pode-se usar a margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais. Repetindo o discurso do governo, considerou também que não está em risco a previsão de crescimento econômico de 3,5% neste ano.
O senador ficou surpreso, porém, ao ser informado pela Folha de que o dólar havia passado dos R$ 3,20 ontem. "Já fechou?", perguntou. Um assessor correu a um computador e voltou confirmando que o dólar havia fechado em R$ 3,21.


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