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CONTAS EXTERNAS
Ingresso de capital no Brasil em abril foi de US$ 381 milhões, o pior resultado desde outubro de 2003
Investimento estrangeiro no país cai 46%
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A instabilidade do mercado financeiro, no Brasil e no exterior,
fez com que o fluxo de investimento estrangeiro direto para o
Brasil se reduzisse em 46% em
abril em relação a março, de acordo com o Banco Central. No mês
passado, o ingresso de capital externo ficou em US$ 381 milhões, o
resultado mais baixo registrado
no país desde outubro de 2003.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que as turbulências do mercado
causaram uma "redução no fluxo
de investimentos para países
emergentes".
"Depois que passar essa volatilidade, os resultados devem melhorar", afirmou.
Essa "volatilidade" dos mercados financeiros foi também a justificativa do BC para, apesar das
pressões, não reduzir os juros básicos da economia.
Anteontem, o Copom (Comitê
de Política Monetária do BC)
anunciou que manteria a taxa Selic (básica de juros) em 16% ao
ano por mais um mês.
O aumento do preço do petróleo e a possibilidade de alta dos juros norte-americanos têm causado instabilidade nos mercados.
Esses eventos poderiam, entre outras coisas, levar a uma queda no
fluxo de capital para países emergentes.
Os resultados alcançados até
agora podem fazer com que o BC
altere sua projeção para o ingresso de investimento estrangeiro no
país neste ano. Atualmente a estimativa é de US$ 13 bilhões, mas,
entre janeiro e abril, entraram somente US$ 3,1 bilhões.
Segundo Lopes, o país deve receber US$ 600 milhões em investimentos neste mês -US$ 450
milhões já haviam entrado até ontem. Assim, para que a estimativa
de US$ 13 bilhões se confirmasse,
seria necessário que a entrada de
capital externo, até o final do ano,
ficasse em US$ 1,3 bilhão por mês.
No primeiro quadrimestre, a média mensal ficou em US$ 775 milhões.
Desses R$ 3,1 bilhões em investimentos que o Brasil recebeu entre janeiro e abril, US$ 605 milhões se referem às chamadas
conversões. Conversões são operações em que uma empresa paga
suas dívidas com suas próprias
ações. Na prática, é como se o credor fosse transformado em acionista da empresa.
No mesmo período de 2003, as
conversões de dívidas em investimentos somaram US$ 381 milhões. Lopes afirma que o crescimento nesse tipo de transação reflete o maior endividamento do
setor privado ocorrido desde o
ano passado.
No primeiro quadrimestre de
2003, os vencimentos da dívida
externa totalizaram US$ 7,267 bilhões, contra US$ 11,668 bilhões
observados neste ano. Com mais
dívidas vencendo, aumentou, segundo Lopes, a conversão desses
débitos em investimentos.
Para compensar a queda no fluxo de investimentos, registrou-se,
no mês passado, um pequeno aumento nos empréstimos obtidos
por empresas brasileiras no exterior. Em abril, o setor privado
conseguiu renovar 67% das parcelas que venceram no período.
Em março, essa proporção havia
ficado em 46%.
De acordo com Lopes, muitas
empresas anteciparam suas captações para o início do ano, preferindo não fazer operações entre
março e abril, quando os juros
praticados no mercado internacional registraram alta.
Essa alta e o aumento do risco-Brasil, que serve de referência para os empréstimos contraídos pelo setor privado no exterior, elevaram o custo dos financiamentos
para as empresas brasileiras.
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