|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Entrada de dólares é a maior desde a crise
Pela 1ª vez no ano, fluxo cambial acumulado fica positivo, com saldo de US$ 516 mi até 15 de maio; só neste mês, saldo é de US$ 2 bi
Juro alto que atrai investidor externo e aumento do saldo comercial explicam a mudança no fluxo; até abril, saldo era US$ 1,5 bi negativo
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo considerando apenas
os primeiros dez dias úteis do
mês, maio já tem o maior saldo
de entrada de dólares no Brasil
desde setembro de 2008, quando o agravamento da crise financeira provocou uma fuga de
investidores da maioria dos
países emergentes.
Segundo balanço fechado pelo Banco Central na sexta-feira
passada, o fluxo líquido de capital externo (diferença entre as
entradas e saídas de dólares)
observado neste mês está em
US$ 2,059 bilhões.
O resultado foi suficiente para reverter o saldo negativo de
US$ 1,544 bilhão que estava
acumulado no ano até abril e
contribui para a valorização do
real. O saldo até o dia 15 de maio
é de US$ 516 milhões.
Caso os números continuem
positivos até o final de maio, este mês será o segundo seguido
de fluxo positivo de dólares para o Brasil, o que não acontece
desde o período entre agosto e
setembro de 2008. Só no último trimestre do ano passado,
ocorreu uma saída líquida de
US$ 16,550 bilhões do país.
Neste mês, o saldo positivo
foi puxado pelas chamadas
operações financeiras, que incluem investimentos estrangeiros, inclusive em Bolsa, empréstimos externos, remessas
de lucros para fora do país e pagamento de juros, entre outros.
Considerando todas as entradas e saídas, o saldo apurado
por essas transações foi positivo em US$ 1,401 bilhão entre os
dias 1º e 15. Desde março do ano
passado esse segmento não encerra um mês no azul.
O aumento na entrada de dólares no país ajuda a explicar a
valorização do real ocorrida
nos últimos dias, com a cotação
da moeda dos EUA se aproximando dos R$ 2. Para Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, o movimento
do mercado de câmbio reflete o
maior otimismo que se observa
no mercado internacional. "O
que houve nas últimas semanas
foi um aumento no apetite por
risco. O mercado está com uma
leitura de que o pior da crise já
passou", afirma.
Justamente por estar tão
atrelado ao humor dos investidores estrangeiros, diz Zara, a
trajetória do dólar pode se reverter rapidamente caso ocorra
uma mudança brusca no cenário externo. "A crise ainda não
se resolveu totalmente, embora
os mercados estejam, por enquanto, mais otimistas."
Para Mário Battistel, gerente
de câmbio da Fair Corretora, a
crise também ajuda a explicar a
recente valorização do real. "O
Brasil ainda tem juros reais
[descontada a inflação] positivos, o que não existe em nenhum país desenvolvido e é cada vez mais raro entre os emergentes", afirma, relacionando a
alta taxa praticada no país com
o aumento no fluxo de investimentos estrangeiros.
Além disso, Battistel também aponta os saldos ainda positivos na balança comercial
como outro fator que ajuda a
sustentar, pelo menos por enquanto, a queda do dólar. Neste
ano, segundo o balanço fechado
pelo BC na sexta-feira passada,
as operações de comércio exterior foram responsáveis pelo
ingresso de US$ 12,083 bilhões
no Brasil. O valor corresponde
à diferença entre o dinheiro
trazido ao país por exportadores e as remessas ao exterior
feitas por importadores.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: E eu com isso? Índice
|