São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2010

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Reforço de caixa do BNDES eleva dívida pública para R$ 1,6 tri

Em abril, foram emitidos R$ 74,2 bi em papéis como parte da capitalização do banco estatal; alta foi de 6% ante março

Tesouro já havia emitido R$ 100 bi para reforçar caixa do banco, em 2009; dívida externa mantém tendência de queda, para R$ 92,16 bi

EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Alavancada pela emissão de títulos para a capitalização do BNDES, a dívida pública federal voltou a crescer em abril, passando de R$ 1,495 trilhão para R$ 1,585 trilhão. Em relação a março, o salto no endividamento foi de 6,02%.
A maior parte do aumento se deve à emissão direta de R$ 74,2 bilhões em abril como parte da capitalização do BNDES, que, com nova operação realizada em maio, atingiu um total de R$ 80 bilhões neste ano.
Em 2009, o Tesouro Nacional já havia emitido R$ 100 bilhões em papéis para reforçar o caixa do banco de fomento.
Segundo o coordenador de operações da dívida pública, José Farias de Morais, como o aporte ao BNDES já estava previsto desde o início do ano, a operação, apesar de afetar o tamanho do endividamento, não altera o planejamento para a administração da dívida.
"Do total de títulos emitidos para o BNDES, R$ 45 bilhões vencem já em 2010. A ideia é ao longo do ano emitirmos papéis com mais de um ano de prazo."
O total de emissões no mês chegou a R$ 104,34 bilhões e os resgates somaram R$ 24,58 bilhões. Assim, a dívida interna teve seu valor aumentado em 6,61%, para R$ 1,492 trilhão.
Já a dívida externa continuou a tendência de queda, chegando a R$ 92,16 bilhões, patamar 2,73% inferior à posição de março.
Além do crescimento da dívida total, o perfil do endividamento também piorou.
O custo médio acumulado da dívida pública em 12 meses aumentou de 9,32% ao ano em março para 9,55% ao ano em abril, enquanto o prazo médio de vencimento dos títulos caiu, de 3,73 anos para 3,57 anos.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o aumento da dívida é um ônus com o qual o Tesouro precisa arcar para conseguir fortalecer os investimentos produtivos no país, via crédito no BNDES.
"O governo aposta no crescimento da arrecadação tributária para absorver esse lado amargo. Por enquanto, o Tesouro Nacional consegue administrar esse crescimento, mas, se não houver certa reversão no segundo semestre, poderá ter que lidar com um problema", avalia Agostini.


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