São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2010

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Morre Francisco Gros, ex-presidente do BC

Economista, que sofria de câncer, também comandou o BNDES e a Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso

Gros integrou a equipe que elaborou o programa de abertura da economia brasileira, no governo Fernando Collor, em 1991

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Francisco Gros, que exerceu os cargos de presidente do Banco Central, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da Petrobras, morreu ontem, por volta das 17h, em São Paulo, aos 68. Gros, que estava internado desde 28 de abril no hospital Sírio-Libanês, sofria havia pouco mais de um ano de câncer no cérebro.
Gros deixa mulher e três filhos. O corpo do economista será levado hoje para o Rio. O velório está marcado para amanhã, no Cemitério do Caju, onde o corpo será cremado.
Segundo familiares, Gros foi internado por conta de complicações da quimioterapia.
Gros se formou em economia pela Universidade de Princeton, nos EUA, em 1964. O economista é descrito pelos amigos como um homem muito culto. Ele iniciou sua carreira como banqueiro de investimentos em Wall Street, no início da década de 1970, no banco Kidder, Peabody and Co.
Ele retornou ao Brasil em meados da década e teve passagens pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), onde atuou como superintendente e diretor. Ocupou ainda o cargo de diretor-executivo do Unibanco no início do anos 1980.
Amigos do economista destacam a atuação de Gros como presidente do Banco Central, cargo que exerceu em 1987 (governo Sarney) e novamente de 1991 a 1992 (governo Collor).
Foi um dos principais integrantes da equipe econômica que elaborou o programa de abertura da economia brasileira, iniciado em 1991.
Conduziu ainda as negociações que levaram a acordos com o Clube de Paris em fevereiro de 1992 e com o FMI em junho do mesmo ano.
Gros também esteve à frente do BNDES, entre 2000 e 2002, e da Petrobras, entre 2002 e 2003 (governo FHC). Foi presidente da OGX, empresa do grupo de Eike Batista, de setembro de 2007 a abril de 2008.
"Homem íntegro e competente, Gros teve êxito na atividade privada e, quando serviu ao governo, agiu com responsabilidade pública. Além da perda para o país, perdi um amigo", disse em nota o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Participei da segunda passagem dele pelo Banco Central. Foi um período de alta turbulência. No início do mandato, enfrentou todos os problemas do Plano Collor e na saída lidou com a fase do impeachment. Ele teve uma liderança muito firme e sempre focada nos valores certos, nas decisões que olhavam sempre para o bem maior do país", afirmou Armínio Fraga, ex-presidente do BC.
O ex-presidente do BC Gustavo Loyola era diretor do banco na época. "Gros tinha uma postura de diretoria colegiada no BC. Trabalhava muito bem com o grupo e soube conduzir negociações importantes para o país", disse.


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