|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dólar ignora calmante e dispara mais 2,33%
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em mais um dia de nervosismo no mercado, o dólar fechou em alta de 2,33%, a R$ 2,77. No mês, a valorização da moeda é de 10%.
O principal motivo para a tensão foi o anúncio da Moody's de
que deverá rebaixar a nota do
Brasil. Também pesou a nova estagnação de José Serra (PSDB)
nas pesquisas eleitorais. Uma vitória de Serra agrada ao mercado
por representar a continuidade da
atual política econômica.
A Bovespa caiu 5,08%, a sua
maior baixa desde setembro.
O dia-a-dia do mercado nesta
semana têm sido de especulação e
do que, no jargão dos operadores,
é chamado de "efeito manada"
-cria-se uma sensação de que o
cenário irá piorar e todos correm
para se proteger do pior. Investidores buscam proteção cambial,
crescem as remessas de dólares
para o exterior e, no cenário externo, há um movimento de venda
de papéis brasileiros. Empresas,
com dificuldades em rolar suas
dívidas, devido à deterioração dos
indicadores, têm optado por quitá-las e intensificam a busca pela
moeda. O temor é de que o país
possa dar um calote. Os vencimentos de títulos públicos estão
muito concentrados no fim deste
ano, devido a uma má atuação do
BC na rolagem da dívida pública e
às incertezas de um ano eleitoral.
Os investidores exigem papéis de
curto prazo e foram atendidos pelo BC. Os C-Bonds, títulos da dívida externa, caíram 6,3%.
O BC voltou a intervir no câmbio ontem. Vendeu dólares, meia
hora antes do término do pregão.
Foi a terceira intervenção desde
sexta-feira, quando o governo
anunciou o "pacote calmante"
para tentar conter o nervosismo.
Desta vez, segundo estimativas
dos operadores, a venda pode ter
atingido US$ 150 milhões.
"O BC agiu certo. Hoje [ontem"
não havia como insistir em tentar
conter a alta", diz Alan Gandelman, da Ágora. "Ele tem de esperar a "manada" passar. Não adianta se colocar na frente."
Boa parte dos operadores concorda, mas avalia, também, que o
BC terá de adotar novas medidas,
do contrário a moeda não interromperá sua trajetória de alta tão
cedo. Ele poderá elevar ainda
mais a alíquota para o depósito
compulsório ou voltar a oferecer
título cambiais. Após o fechamento dos pregões, as negociações do mercado eletrônico apontavam para um dólar acima dos R$ 2,80 hoje.
Texto Anterior: Seca crédito externo para o setor privado Próximo Texto: Para Barclays, Colômbia é melhor do que Brasil Índice
|