São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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Tarifa está entre campeãs de queixas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O alto valor das tarifas é a terceira principal reclamação dos correntistas contra os bancos. Estão catalogadas no Banco Central na categoria das queixas que não descumprem "normativos" do BC. Vêm atrás apenas da espera em filas e do mau atendimento.
Em abril, o Procon de São Paulo realizou pesquisa comparando a evolução de oito serviços cobrados pelos bancos de 1996 ao começo deste ano. Nesse período, o aumento das tarifas foi inferior à inflação. No entanto, levantamento da tarifa bancária média de 20 produtos e serviços entre os meses de setembro de 2003 e março de 2004 ficou acima da inflação -aumento de 11,73% contra os 3,97% registrados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor.
Para o chefe de gabinete do Procon-SP, Vinícius Zwarg, o maior problema não é o aumento do valor das tarifas em si, mas o crescimento do número de serviços hoje cobrados pelos bancos.
"Haverá quem diga que as tarifas variaram, grosso modo, abaixo da inflação. É verdade, nenhuma delas superou a inflação [de 1996 ao começo deste ano]. Quer dizer, então, que de seis anos para cá os bancos não vêm aumentando suas tarifas? Não é verdade, porque a gama de tarifas criadas aumentou muito, inclusive para serviços essenciais", disse ele.

Milhares de tarifas
Segundo o chefe da divisão de Atendimento ao Público do BC, João Evangelista de Sousa Filho, há mais de mil tarifas distintas que os bancos cobram dos clientes, incluindo pessoas físicas e jurídicas. "Há casos de nomenclaturas diferentes utilizadas por bancos concorrentes para um mesmo tipo de serviço. Incluindo esse fator, eu diria que o total de tarifas existentes é maior do que mil."
Segundo Zwarg, os bancos cobram hoje, por exemplo, pela compensação de cheques e pela emissão de cheques abaixo de determinado valor. "Até bem pouco tempo, essas tarifas não existiam", disse.
Entre as reclamações que chegam ao Procon-SP contra os bancos, "o grande campeão é o saque indevido", diz Zwarg. Ou seja, dinheiro retirado da conta do correntista sem que o cliente reconheça o saque.
"O Banco diz que vai apurar. Mas até que se apure, mantém o valor debitado. Numa sociedade em que R$ 1 mil faz muita diferença no orçamento familiar, como a pessoa paga a conta de luz, o aluguel, o colégio das crianças?", disse o chefe de gabinete do Procon.
Zwarg afirma não ter "dúvida nenhuma de que piorou a qualidade do serviço para o cliente que tem de ir à agência".


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