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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Para economistas, ata que será divulgada na quinta deve sinalizar futura manutenção dos juros
Analistas esperam Copom mais pessimista
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deverá sinalizar interrupção
mais prolongada da queda dos juros. Essa é a expectativa de economistas para a ata que sai na quinta-feira, menos de uma semana
antes da reunião do banco central
dos Estados Unidos, que deve elevar os juros do país.
Analistas afirmam não esperar
alta do câmbio e do risco-país nos
próximos dias apenas por causa
da proximidade da reunião do
Fomc (o comitê de política monetária dos EUA).
A esperada elevação de 0,25
ponto percentual dos juros americanos já foi embutida nos preços. Não deve repercutir muito no
mercado, se não surgirem fatos
novos, dizem economistas.
O Banco Central deve anunciar
amanhã a rolagem de títulos cambiais que vencem no dia 1º de julho. A expectativa é que o BC oferte ao mercado pelo menos parte
do vencimento, o que pode reduzir a volatilidade no câmbio.
O mercado especula também a
possibilidade de o governo fazer
em breve uma captação externa.
Para alguns economistas, a ata
da reunião passada deve vir mais
pessimista do que a anterior.
Apesar de a maioria dos bancos
e consultorias ter mantido a projeção de 15% para a taxa básica de
juros da economia, a Selic, no final do ano, poucos se surpreenderiam se os juros se mantiverem
em 16% na virada para 2005.
A estabilidade por mais alguns
meses da Selic se justificaria, segundo analistas, porque a inflação
preocupa e parte das incertezas
externas que provocaram a interrupção da queda dos juros não se
dissipou.
Juros mais altos
Há quem afirme que a ata poderá fazer uma avaliação tão negativa do cenário externo a ponto de
deixar em aberto a possibilidade
de o Copom vir a elevar os juros
mais adiante.
"Por enquanto, 16% estão compatíveis com o rendimento que se
tem no exterior, mas se os juros
longos dos Estados Unidos subirem e se aproximarem da Selic é
possível que venham a elevar os
juros aqui", diz o economista de
um banco estrangeiro.
"Se isso ocorrer, o BC vai ter de
se decidir entre deixar o câmbio,
que estará pressionado, ou ir embora e subir a taxa."
Para boa parte dos analistas, porém, a alta de juros no Brasil ainda
é improvável, mesmo que as projeções de inflação estejam acima
do centro da meta.
O argumento é que, se a alta do
câmbio e do petróleo persistir, o
BC poderá usar a banda acima da
meta central para acomodar os
reflexos daqueles aumentos.
"É possível que o Copom seja
mais claro na ata quanto à sua visão do choque de oferta [alta do
petróleo e do dólar] e se usará a
margem que a meta oferece. Talvez registrem que a inflação esperada fique entre 7% e 7,5%", diz
Guilherme Nóbrega, economista
do Banco Fibra.
A ata deve concentrar as atenções em uma semana em que há
alguns índices de preços no Brasil
e poucos indicadores a serem divulgados nos Estados Unidos.
Hoje saem o IGP-10 e o IPC-S.
Amanhã, a segunda prévia do
IGP-M. Na quarta-feira, será a vez
do IPCA-15. Nos EUA, o principal
dado é o PIB americano do primeiro trimestre, na sexta-feira.
"A ata deve perder importância.
Passou o ciclo de queda de juros.
Vamos desligar de taxa de juros e
focar mais em juros reais, no
"spread" cobrado do consumidor.
Vamos mais para o lado micro",
diz Luiz Antonio Vaz das Neves,
diretor de pesquisa da corretora
Planner.
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