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BNDES aceita financiar companhia aérea
Recursos solicitados ao banco deverão ser usados para investimentos pela Varig, mas não para a compra da empresa
Novo comprador afirma que continuidade das operações da empresa depende de decisão da Justiça dos EUA sobre 25 aeronaves
RAPHAEL GOMIDE
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) admitiu ontem financiar investimentos da Varig
Operacional, desde que o arrematante do leilão, NV Participações -consórcio formado
pelo TGV (Trabalhadores do
Grupo Varig) e investidores-,
cumpra os requisitos e demostre a sustentabilidade financeira do seu plano.
A boa-vontade do banco oficial, porém, pode não ser suficiente para salvar a empresa.
Na opinião do coordenador do
TGV , Márcio Marsillac, "a existência da Varig depende da decisão da corte de Nova York",
hoje, que decide se estende a
proteção contra arresto de 25
aeronaves. Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a empresa vai pedir mais 72
horas à Justiça americana.
De acordo com o presidente
do BNDES, Demian Fiocca, nenhum valor de empréstimo foi
apresentado. Marsillac, entretanto, afirmou que o pedido de
financiamento será de pelo menos US$ 150 milhões, montante necessário para recuperação
da empresa. Além disso, os trabalhadores querem recursos
para reestruturar a frota.
Fiocca ressaltou que o pedido não diz respeito a dinheiro
para a compra da empresa. Ele
afirmou que o TGV informou
aos técnicos ter investidores,
mas não deu os nomes.
Marsillac frisou que os funcionários não precisam de recursos do BNDES para honrar
o depósito em juízo de US$ 75
milhões até sexta-feira. Ele disse que os investidores estão trabalhando para converter as garantias em dinheiro.
As exigências do BNDES incluem o detalhamento do plano, garantias do fluxo de caixa
futuro da empresa e o nome
dos investidores, mantidos em
segredo pelo TGV até agora.
"Eles não solicitaram recursos para a compra, mas para
novos investimentos que venham a fazer. Isso é trabalho
cotidiano do BNDES. E claro, é
preciso detalhar, mas vamos
dar o tratamento que damos a
qualquer investidor, com rigor
bancário", explicou Fiocca. Pela manhã, representantes do
TGV foram à sede do BNDES,
no Rio, e, mesmo sem ter agendado encontro, se reuniram
com técnicos do banco para
tratar do assunto.
Ficou acertado que o TGV
deve apresentar o plano detalhado de negócios hoje ou amanhã no máximo. Somente nesse momento, o TGV vai informar ao banco o nome dos investidores. O grupo de funcionários continua a negociar com
José Carlos Rocha Lima, ex-presidente da VarigLog e sócio
da Syn Logística.
Há pressa e o BNDES se dispõe a acelerar o processo de
análise, como fez no caso da
compra da VEM e da VarigLog
pela TAP, quando o procedimento demorou duas semanas.
"Temos a disposição de fazer
a operação rapidamente. Naquele caso, tínhamos a fiança
da TAP, que era quase equivalente a ter o Tesouro de Portugal como fiador," Fiocca disse
que o tempo vai depender da
qualidade da proposta.
Arrendadores
Para Marsillac, a Varig passa
por momento de grande estresse com os arrendadores de aeronaves. A audiência de hoje na
Corte de Falências de Nova
York é considerada fundamental para a continuidade da empresa. O juiz Robert Drain, que
cuida do caso, já estendeu a liminar que protege os aviões da
Varig de arresto diversas vezes,
mas na semana passada deu à
ILFC o direito de retomar nove
aeronaves. A decisão de hoje se
refere a cerca de 25 aviões.
"É inadmissível ter a homologação da proposta na noite de
segunda-feira e na quarta-feira
ficar sem aviões", disse.
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