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Emprego formal cresce 19% até maio
Resultado, puxado por serviços e indústria de transformação, é recorde para os primeiros cinco meses, mas já se desacelera
Movimento é fruto em parte da formalização de vagas já existentes, e não apenas da criação de novos postos de trabalho, ressalva analista
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de trabalhadores
com carteira assinada apresentou crescimento recorde nos
cinco primeiros meses de 2007.
Dados divulgados ontem pelo
Ministério do Trabalho mostram que entre janeiro e maio
foram incorporados ao mercado formal 913.836 novos postos
-resultado 18,9% acima do verificado no mesmo período do
ano passado.
O saldo acumulado neste ano
também é superior ao registrado em 2004, considerado o melhor ano do emprego formal. Os
números fazem parte do Caged
(Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e são divulgados mensalmente pelo
Trabalho. O Caged foi criado
em 1992 e engloba todos os trabalhadores com registro em
carteira, exceto empregados
domésticos.
"Trata-se do maior resultado
da história do Caged. É fruto do
crescimento econômico, das
medidas do PAC [Programa de
Aceleração do Crescimento]. O
papel do Estado nunca foi tão
importante para a geração de
empregos", comemorou o ministro Carlos Lupi (Trabalho),
apesar de as obras do programa
praticamente não terem saído
do papel.
O Ministério do Trabalho
avalia que o ritmo nas contratações já começou a dar sinais de
acomodação. Em maio, foram
criados 212.217 postos. O número é o segundo maior da série histórica do Caged e supera
o resultado do mesmo mês do
ano passado.
Quando a comparação é feita
com abril, porém, há uma queda no ritmo das admissões. Naquele mês, foram registrados
301.991 novos postos de trabalho formal.
"O ritmo dos primeiros quatro meses foi muito forte. É natural que se reduza. Além disso,
todos os anos há um efeito sazonal que reduz as contratações de abril para maio", disse o
ministro.
Para especialistas, o desempenho do mercado de trabalho
neste ano tem surpreendido.
"O número do ano é realmente
muito bom. Mas não devemos
superar a marca de 2004, embora seja possível alcançar um
resultado bastante significativo
e ultrapassar 2005 e 2006",
avalia o economista da LCA
Consultoria Fábio Romão.
Para o ministro, que se diz
um otimista, 2007 deverá entrar para história como o melhor ano do emprego formal.
Sua expectativa é que seja gerado 1,650 milhão de postos neste
ano. A marca recorde havia sido
atingida em 2004, quando foi
criado 1,523 milhão de vagas
formais.
Já nas projeções da LCA, o
emprego formal deverá registrar um saldo positivo de 1,451
milhão de vagas neste ano.
Serviços
De acordo com o Ministério
do Trabalho, o setor de serviços
foi o que mais colaborou para o
incremento do emprego com
carteira assinada, criando
289.028 postos entre janeiro e
maio. O subsetor de serviços de
comércio e administração de
imóveis e serviços técnicos-profissionais destacou-se com
a geração de 97.578 vagas.
A indústria da transformação
aparece com o segundo melhor
resultado do ano. As contratações no setor superaram as demissões em 271.697 postos. Só
a indústria de alimentos e bebidas participou com a criação de
101.669 empregos formais.
O Trabalho atribui o recorde
na geração de emprego ao aumento do consumo das famílias, que também puxou o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no trimestre, e ao
ciclo da cana-de-açúcar (leia
texto abaixo).
Na avaliação de Lupi, a indústria está demonstrando um
desempenho "excepcional"
neste ano, assim como os setores da construção civil e da agricultura.
O economista da LCA alerta,
no entanto, de que parte dos
empregos gerados, segundo os
dados do Caged, é, na verdade,
resultado da formalização de
ocupações já existentes. "Por
isso é que a taxa de ocupação
[que inclui emprego informal]
não vem acompanhando o ritmo forte do Caged", esclarece
Romão.
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