São Paulo, quinta-feira, 21 de junho de 2007

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Emprego formal cresce 19% até maio

Resultado, puxado por serviços e indústria de transformação, é recorde para os primeiros cinco meses, mas já se desacelera

Movimento é fruto em parte da formalização de vagas já existentes, e não apenas da criação de novos postos de trabalho, ressalva analista

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de trabalhadores com carteira assinada apresentou crescimento recorde nos cinco primeiros meses de 2007. Dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho mostram que entre janeiro e maio foram incorporados ao mercado formal 913.836 novos postos -resultado 18,9% acima do verificado no mesmo período do ano passado.
O saldo acumulado neste ano também é superior ao registrado em 2004, considerado o melhor ano do emprego formal. Os números fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e são divulgados mensalmente pelo Trabalho. O Caged foi criado em 1992 e engloba todos os trabalhadores com registro em carteira, exceto empregados domésticos.
"Trata-se do maior resultado da história do Caged. É fruto do crescimento econômico, das medidas do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. O papel do Estado nunca foi tão importante para a geração de empregos", comemorou o ministro Carlos Lupi (Trabalho), apesar de as obras do programa praticamente não terem saído do papel.
O Ministério do Trabalho avalia que o ritmo nas contratações já começou a dar sinais de acomodação. Em maio, foram criados 212.217 postos. O número é o segundo maior da série histórica do Caged e supera o resultado do mesmo mês do ano passado.
Quando a comparação é feita com abril, porém, há uma queda no ritmo das admissões. Naquele mês, foram registrados 301.991 novos postos de trabalho formal.
"O ritmo dos primeiros quatro meses foi muito forte. É natural que se reduza. Além disso, todos os anos há um efeito sazonal que reduz as contratações de abril para maio", disse o ministro.
Para especialistas, o desempenho do mercado de trabalho neste ano tem surpreendido. "O número do ano é realmente muito bom. Mas não devemos superar a marca de 2004, embora seja possível alcançar um resultado bastante significativo e ultrapassar 2005 e 2006", avalia o economista da LCA Consultoria Fábio Romão.
Para o ministro, que se diz um otimista, 2007 deverá entrar para história como o melhor ano do emprego formal. Sua expectativa é que seja gerado 1,650 milhão de postos neste ano. A marca recorde havia sido atingida em 2004, quando foi criado 1,523 milhão de vagas formais.
Já nas projeções da LCA, o emprego formal deverá registrar um saldo positivo de 1,451 milhão de vagas neste ano.

Serviços
De acordo com o Ministério do Trabalho, o setor de serviços foi o que mais colaborou para o incremento do emprego com carteira assinada, criando 289.028 postos entre janeiro e maio. O subsetor de serviços de comércio e administração de imóveis e serviços técnicos-profissionais destacou-se com a geração de 97.578 vagas.
A indústria da transformação aparece com o segundo melhor resultado do ano. As contratações no setor superaram as demissões em 271.697 postos. Só a indústria de alimentos e bebidas participou com a criação de 101.669 empregos formais.
O Trabalho atribui o recorde na geração de emprego ao aumento do consumo das famílias, que também puxou o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no trimestre, e ao ciclo da cana-de-açúcar (leia texto abaixo).
Na avaliação de Lupi, a indústria está demonstrando um desempenho "excepcional" neste ano, assim como os setores da construção civil e da agricultura.
O economista da LCA alerta, no entanto, de que parte dos empregos gerados, segundo os dados do Caged, é, na verdade, resultado da formalização de ocupações já existentes. "Por isso é que a taxa de ocupação [que inclui emprego informal] não vem acompanhando o ritmo forte do Caged", esclarece Romão.


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