São Paulo, quinta-feira, 21 de junho de 2007

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Dívida pública piora com aquisição de dólares

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As compras de dólares do BC (Banco Central) contribuíram para piorar o perfil da dívida do governo federal no mercado interno pelo segundo mês consecutivo.
Os dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional mostram que a parcela do endividamento corrigida pela taxa de juros subiu de 39,57% do total em abril para 40% no mês passado. Sem as intervenções do BC, o endividamento corrigido pelos juros teria sido de 36,68% da dívida total.
Em maio, a dívida federal interna chegou a R$ 1,174 trilhão, registrando um aumento de R$ 22,5 bilhões em relação a maio. Esse crescimento é explicado por vendas de R$ 10,7 bilhões em títulos e pagamentos de juros de R$ 11,8 bilhões.
O câmbio valorizado, em compensação, teve um efeito positivo sobre o valor da dívida externa, que caiu R$ 9,1 bilhões e encerrou maio totalizando R$ 125,38 bilhões.
O fortalecimento do real diante do dólar reduziu o endividamento em R$ 4,4 bilhões. Os outros R$ 4,7 bilhões de redução foram obtidos graças às compras de títulos externos feitas pelo Tesouro Nacional neste ano.
Para tentar conter a queda do dólar, o BC usa operações conhecidas como "swap reverso", que equivalem a uma compra de dólar no mercado futuro. Na prática, o governo faz um contrato com os investidores se comprometendo a pagar a variação dos juros num determinado período e recebe, em troca, a variação do câmbio.
Como a operação exige que o governo pague os juros aos investidores, a composição da dívida piora, com a elevação da parcela corrigida pela taxa Selic.
"Considerando que a trajetória dos juros é de queda, esse aumento na dívida atrelada aos juros não chega a ser preocupante", diz o economista-chefe do Banco Itaú, Tomás Málaga.
Se o efeito da atuação do BC for desconsiderado, as estatísticas da dívida pública mostram melhora em indicadores importantes.
Os títulos que têm a taxa de juros definidas no momento da venda, os chamados prefixados, aumentaram sua participação de 36,17% da dívida total em abril para 37,02%, o que faz com que a meta fixada pelo Tesouro Nacional para este ano, que é de 37%, seja cumprida.
"O percentual de títulos prefixados superou o de pós-fixados e a nossa expectativa é que isso se mantenha até o fim do ano", disse o coordenador-geral da dívida pública, Guilherme Pedras.
Além disso, o prazo médio dos papéis vendidos aumentou de 32,69 meses para 33,28 meses de abril para maio e os juros pagos na dívida interna caíram de 12,86% ao ano para 11,99% ao ano na comparação mensal. Anteontem, o Banco Central divulgara que a relação dívida/ PIB em abril caíra a 44,5%, o menor índice registrado no governo Lula.
"Isso incomoda [o aumento dos títulos corrigidos pela taxa de juros]. Mas tirando, esse efeito, o resto está bem encaminhado e as metas contidas no plano de financiamento do Tesouro Nacional devem ser cumpridas", afirma a economista do Banco ABN Amro Tatiana Pinheiro.


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