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Dívida pública piora com aquisição de dólares
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As compras de dólares do BC
(Banco Central) contribuíram
para piorar o perfil da dívida do
governo federal no mercado interno pelo segundo mês consecutivo.
Os dados divulgados ontem
pelo Tesouro Nacional mostram que a parcela do endividamento corrigida pela taxa de juros subiu de 39,57% do total em
abril para 40% no mês passado.
Sem as intervenções do BC, o
endividamento corrigido pelos
juros teria sido de 36,68% da
dívida total.
Em maio, a dívida federal interna chegou a R$ 1,174 trilhão,
registrando um aumento de R$
22,5 bilhões em relação a maio.
Esse crescimento é explicado
por vendas de R$ 10,7 bilhões
em títulos e pagamentos de juros de R$ 11,8 bilhões.
O câmbio valorizado, em
compensação, teve um efeito
positivo sobre o valor da dívida
externa, que caiu R$ 9,1 bilhões
e encerrou maio totalizando R$
125,38 bilhões.
O fortalecimento do real
diante do dólar reduziu o endividamento em R$ 4,4 bilhões.
Os outros R$ 4,7 bilhões de redução foram obtidos graças às
compras de títulos externos
feitas pelo Tesouro Nacional
neste ano.
Para tentar conter a queda do
dólar, o BC usa operações conhecidas como "swap reverso",
que equivalem a uma compra
de dólar no mercado futuro. Na
prática, o governo faz um contrato com os investidores se
comprometendo a pagar a variação dos juros num determinado período e recebe, em troca, a variação do câmbio.
Como a operação exige que o
governo pague os juros aos investidores, a composição da dívida piora, com a elevação da
parcela corrigida pela taxa Selic.
"Considerando que a trajetória dos juros é de queda, esse
aumento na dívida atrelada aos
juros não chega a ser preocupante", diz o economista-chefe
do Banco Itaú, Tomás Málaga.
Se o efeito da atuação do BC
for desconsiderado, as estatísticas da dívida pública mostram melhora em indicadores
importantes.
Os títulos que têm a taxa de
juros definidas no momento da
venda, os chamados prefixados,
aumentaram sua participação
de 36,17% da dívida total em
abril para 37,02%, o que faz
com que a meta fixada pelo Tesouro Nacional para este ano,
que é de 37%, seja cumprida.
"O percentual de títulos prefixados superou o de pós-fixados e a nossa expectativa é que
isso se mantenha até o fim do
ano", disse o coordenador-geral da dívida pública, Guilherme Pedras.
Além disso, o prazo médio
dos papéis vendidos aumentou
de 32,69 meses para 33,28 meses de abril para maio e os juros
pagos na dívida interna caíram
de 12,86% ao ano para 11,99%
ao ano na comparação mensal.
Anteontem, o Banco Central
divulgara que a relação dívida/
PIB em abril caíra a 44,5%, o
menor índice registrado no governo Lula.
"Isso incomoda [o aumento
dos títulos corrigidos pela taxa
de juros]. Mas tirando, esse
efeito, o resto está bem encaminhado e as metas contidas no
plano de financiamento do Tesouro Nacional devem ser cumpridas", afirma a economista do
Banco ABN Amro Tatiana Pinheiro.
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