São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Bovespa já acumula perda de 11% no mês

Influenciada pelo pessimismo no mercado externo, Bovespa recua mais 3% e reduz ganhos acumulados no ano para apenas 1,1%

Estrangeiros já tiraram R$ 5,2 bi da Bolsa em junho; preocupação com resultados de bancos e alta do petróleo desanimam investidores


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A semana aprofundou o mau desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo neste mês. A queda da Bovespa na semana ficou em 3,85%, o que elevou suas perdas mensais a 10,99%.
O mercado acionário brasileiro não tem conseguido se descolar do adverso cenário internacional. No pregão de ontem, as perdas do índice Ibovespa bateram em 2,97%.
A saída de capital externo tem prejudicado bastante o mercado acionário local. Neste mês, até o dia 17, os estrangeiros mais venderam que compraram ações no montante de R$ 5,18 bilhões. A categoria responde por cerca de 35% de todas as operações da Bolsa.
Quedas expressivas foram registradas ontem nos principais centros financeiros. Na Europa, a Bolsa de Frankfurt perdeu 2,12%; a de Londres teve desvalorização de 1,53%.
Para as Bolsas americanas, o resultado de ontem foi de baixa de 2,27%, na Nasdaq, e de 1,83%, no índice Dow Jones.
O setor financeiro voltou ao centro das preocupações, com previsões de resultados futuros pessimistas. Ontem, foi a vez de as seguradoras de títulos de dívida MBIA e Ambac serem rebaixadas pela agência Moody's. As ações da MBIA recuaram 13% em Nova York. Entre os bancos, fortes quedas para Morgan Stanley (-3,76%), Bank of America (-3,70%) e Citigroup (-2,34%).
No mercado brasileiro, apesar de o setor bancário estar em uma fase de grandes resultados, marcada por lucros recordes, as ações dos bancos também caíram. No pregão de ontem, os papéis PNs do Itaú recuaram 4,05%, seguidos por Banco do Brasil ON (-3,82%) e Bradesco PN (-2,93%).
"O mercado internacional atravessa há algum tempo um período negativo, marcado por incertezas em relação ao setor financeiro e riscos de crescimento em um cenário de pressão inflacionária", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management. "A Bovespa viveu um período de melhora entre abril e maio, mas agora tem andado mais colada ao cenário externo."
A retomada de alta no preço do petróleo, após a trégua de quinta-feira, é outro fator que prejudicou o desempenho das Bolsas pelo mundo ontem. O petróleo tem rondado seus picos históricos, o que aumenta o temor de pressão inflacionária. E elevação exagerada de preços pode levar os bancos centrais a subirem as taxas de juros, movimento que prejudica o mercado acionário.
O barril de petróleo subiu 2,04% ontem em Nova York, para encerrar as operações a US$ 134,62. Em Londres, a alta foi de 1,74%.
Na próxima semana, o Fomc (comitê do BC dos EUA que define os juros) vai anunciar como fica a taxa básica americana, que está em 2% anuais. A expectativa do mercado é que a taxa fique inalterada. Analistas e investidores estarão atentos à nota que os dirigentes do Fomc irão soltar após o encontro, que pode sinalizar o rumo da política monetária na maior economia do mundo.
"Não acho que é hora de o BC americano começar um processo de aperto monetário, de olho na inflação", diz Maia.

Perdas
No ano, a Bovespa passou a registrar alta de apenas 1,14%.
Desde que atingiu seu recorde histórico, os 73.516 pontos marcados em 20 de maio, a Bovespa já perdeu 12,1% -ontem, fechou aos 64.613 pontos.
O comportamento das ações do Ibovespa (índice que acompanha os papéis de maior liquidez) na semana mostra que poucas têm escapado da queda generalizada. Das 66 ações do Ibovespa, apenas 11 escaparam de terminar a semana em baixa.
Nas maiores baixas, apareceram ações de setores distintos, como Rossi Residencial ON (queda de 12,75% na semana), VCP PN (-11,43%) e Lojas Renner ON (-10,16%).
No mercado de câmbio, o dólar interrompeu sua rota de baixa em relação ao real. A moeda subiu 0,12% ontem e terminou a R$ 1,606. Porém, na semana, a queda do dólar foi expressiva, de 1,83%.
O dólar tem sido negociado em seu mais baixo patamar desde janeiro de 1999, período em que o governo, diante de uma crise cambial, liberou a cotação da moeda.


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