São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Organizadores são os que mais ganham em Cannes

Maior premiação da publicidade mundial rende 35 milhões a grupo alemão

Presidente-executivo quer ver mais estudantes brasileiros "aprendendo" sobre publicidade nas próximas edições do festival


CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

Se a Côte d'Azur recebe 12 mil especialistas em vender e em ganhar dinheiro, na semana do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, ninguém fatura mais nesse período do que os próprios organizadores do evento. Apesar de não falar em números, é possível ter uma idéia de quanto embolsa o grupo editorial alemão H Bauer, controlador da empresa organizadora Emap.
Na maior edição do festival até hoje, que aconteceu neste ano, foram inscritas 28.248 peças, a um preço médio de 400 cada uma. No total, algo em torno de 11 milhões só com inscrições de campanhas. Já as de participantes renderam 19 milhões. Somados a patrocínios variados, estima-se que a cifra supere os 35 milhões.
Para atingir faturamentos cada vez maiores, os organizadores têm aberto novas categorias, ano após ano. Têm permitido também que a mesma campanha seja inscrita em categorias diferentes. Os publicitários aumentam assim as chances de determinada peça chamar a atenção dos jurados com a desculpa de que, cada vez mais, elas integram diferentes tipos de mídia. Os organizadores, conseqüentemente, aumentam sua receita.
Essa estratégia, no entanto, começa a ser questionada. A frase mais ouvida dos jurados durante o festival era que todas as categorias estavam se misturando. Diversos deles também perguntavam se determinada peça deveria ou não ter sido inscrita naquela categoria.

Mudanças
"As categorias se desenvolvem e mudam", afirmou Philip Thomas, presidente-executivo do festival à Folha. "Estamos pensando qual é a melhor estratégia com relação a elas e teremos alguma mudança para o próximo ano. Não quer dizer que vamos acabar com categorias grandes, mas faremos o que tiver sentido porque não queremos perder a relevância. Nossa estratégia e nosso negócio são de longo prazo."
Mesmo com essa perspectiva, segundo Thomas, a tendência do festival é continuar crescendo por conta da complexidade que vem ganhando o mercado de comunicação. "Há quatro anos, tínhamos apenas 40 clientes das agências inscritos no festival, o restante eram publicitários", diz ele. "Neste ano, havia 350 clientes. Eles vêm porque precisam entender como é essa nova comunicação."
Como os clientes têm aparecido em peso, as agências os acompanham e, com elas, vem a entourage das diversas áreas cada vez mais numerosas e já obrigatórias, como marketing direto e internet, por exemplo. Para eles, há seminários e wokshops específicos. São tão numerosos que, de acordo com Thomas, a organização do evento estuda a possibilidade de buscar outros lugares para fazer partes do festival porque as salas do Palais, onde acontece, estão sempre lotadas.
"Uma coisa que pode mudar aqui é a presença de estudantes do Brasil", diz ele. "Os publicitários brasileiros são os mais ricos do mundo -todos sabem disso- e seria muito útil a eles ter jovens aqui aprendendo."
De acordo com Thomas, a multiplicação de festivais mundo afora não tem prejudicado a imagem de Cannes. "Enquanto continuarmos fazendo diferença para a indústria e a comunicação permanecer cada vez mais complexa, teremos relevância", diz ele.


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