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Lula dá aval para a ajuda ao agronegócio
Banco do Brasil, que tem tradição no crédito ao setor, deve ser gestor de novo fundo; PIB agrícola recuou 2,26% com a crise
Medida faz parte dos planos
do governo para reaquecer
a economia do país e chegar
com mais força à eleição
presidencial do próximo ano
KENNEDY ALENCAR
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal prepara a
criação de um fundo garantidor
para o agronegócio, a exemplo
de medida adotada recentemente para estimular o crédito
a micro e pequenas empresas.
A ideia é que o Banco do Brasil, que tem tradição na concessão de crédito rural, seja o gestor do fundo. O valor, ainda em
estudo, oscila entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões.
Os ruralistas alegam que a
crise internacional e as dívidas
agrícolas acumuladas nos últimos anos frearam novos empréstimos bancários. Assim, o
fundo entraria como uma espécie de avalista para os produtores endividados.
A proposta surgiu após pleito
da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) a
ministros da área econômica.
Presidente da CNA, a senadora
oposicionista Kátia Abreu
(DEM-TO) apresentou a proposta aos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, e ao
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles. A senadora tem boa relação com o comandante do BC.
O governo ficou preocupado
com a queda do PIB (Produto
Interno Bruto) do agronegócio
no primeiro trimestre deste
ano. Houve redução de 0,5%
em relação ao mesmo período
de 2008 -nessa mesma comparação, o PIB geral recuou
1,8%. Desde o início da crise,
em outubro de 2008 (quando a
quebra do banco americano
Lehman Brothers congelou o
mercado de crédito no mundo
todo), o setor do agronegócio
acumula perda de 2,26%.
Eleições
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
já deu o aval para a criação do
fundo. Preocupado em obter
uma taxa positiva do PIB nacional neste ano, o presidente
tem estimulado medidas que
possam aquecer a economia.
Para Lula, é questão de honra evitar PIB zero ou negativo.
Ele deseja ter discurso contra a
oposição para chegar a 2010
com argumentos que lhe permitam defender o seu governo
e a eventual candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff, à Presidência.
O fundo garantiria empréstimos ao setor de agronegócio.
Na visão do governo, não há
pressão inflacionária à vista
por parte dos alimentos. A medida seria uma forma de incentivar a safra de 2009/2010 e de
evitar aumento no preço dos
alimentos.
Na prática, oferecer uma
oportunidade de recursos aos
agricultores neste momento é
uma forma de colher uma safra
volumosa no ano eleitoral, evitando tensões no setor e reduzindo pressão sobre os preços.
"Se a empresa ou o agricultor
não tiver limite no banco, o
fundo funcionaria como um
avalista, um reforço para o banco liberar o dinheiro e garantir
a capitalização da agropecuária", disse o deputado federal
Luis Carlos Heinze (PP-RS),
um dos líderes da bancada ruralista no Congresso.
Novos financiamentos
Nessa relação com os bancos,
outra preocupação dos ruralistas é com o grau de risco dos
produtores endividados.
Eles querem que, em reunião
do CMN (Conselho Monetário
Nacional) prevista para ocorrer
nesta semana, o nível de classificação desses produtores (com
dívidas atrasadas ou renegociadas) não seja um empecilho para a captura de novos financiamentos.
Amanhã, na cidade paranaense de Londrina, o ministro
da Agricultura, Reinhold Stephanes, e o presidente Lula
anunciam o Plano Agrícola Pecuário 2009/2010. O montante
em créditos para o período será
de R$ 93 bilhões, sendo R$ 12,3
bilhões para capital de giro das
agroindústrias.
Com o objetivo de ajudar a
agricultura, o governo Lula, a
exemplo de administrações anteriores, já renegociou dívidas
dos produtores agrícolas.
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