MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O grande problema do produtor rural passou a ser o crédito. O problema se arrasta por alguns anos e não faltaram motivos para o agravamento da situação, que deixou um grande saldo de contas a pagar.
Em alguns anos foram o descasamento entre custos elevados na produção e redução de preços na hora da comercialização; em outros, a queda de produtividade devido à seca ou ao excesso de chuva.
Mais recentemente, a crise mundial, que tirou parte dos financiadores do setor. Quem fez investimentos e dependia da continuidade do crédito viu as portas dos fornecedores serem fechadas. Essa crise levou, inclusive, o agronegócio a liderar os pedidos de recuperação judicial neste ano.
Não faltaram, no entanto, produtores que, por má administração ou investimentos exagerados, foram colocados na lista dos inadimplentes.
Tradicionalmente o crédito agrícola vinha, em partes iguais (33%), do sistema oficial, das tradings e dos próprios produtores. Na safra passada, as tradings pisaram no freio e passaram a financiar menos de 20%.
Essa falta de crédito obrigou o produtor e o Banco do Brasil a aumentarem suas participações. No caso dos produtores, os que não tinham recursos diminuíram o uso de tecnologia no plantio, o que compromete a produtividade.
O aumento das dívidas virou uma bola de neve para os produtores. Sem condições de pagar dívidas atrasadas, tinham financiamentos negados pela própria situação financeira.
O BB, apesar do aumento de participação no financiamento do setor, tem um limite para repassar crédito e deve levar em consideração a ficha cadastral dos produtores. A administração do banco tem de prestar contas aos acionistas.
Em alguns setores, pelo menos 60% do crédito do setor já sai do BB. Um problema específico com esses setores compromete as contas do banco. Um fundo garantidor poderia aliviar a liquidez dos produtores.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Vinicius Torres Freire: BNDES é amigo da motosserra?
Índice