São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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Eletroeletrônicos, carros e PCs ainda têm vendas fortes

Comércio de bens duráveis também sente freada no Norte e no Nordeste, mas moradores mantêm busca de "sonhos de consumo"

Domicílios das regiões ainda têm um número menor de aparelhos eletrodomésticos do que no resto do país, apontam especialistas

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando se pergunta às famílias do Norte e do Nordeste o que elas fariam se tivessem aumento de renda, 29% respondem que comprariam alimentos. "É uma região com grande potencial para consumo de itens básicos", afirma Fatima Merlin, gerente de atendimento a varejo da empresa de pesquisas de consumo LatinPanel. "Para isso, basta incentivar a criação de empregos e a renda."
Mas, mesmo com um terço da população ainda sem poder comprar gêneros de primeira necessidade, é nos produtos "aspiracionais" que o consumo no Norte e no Nordeste não pára de crescer. Segundo o LatinPanel, enquanto 35% dos domicílios brasileiros têm máquina de lavar, nessas regiões o percentual fica em 13%. O mesmo acontece com microondas (diferença de 25% no país, contra 9% nas regiões) ou forno elétrico (12%, ante 3%).
Como no varejo de alimentos, o percentual de crescimento das lojas e dos fabricantes de produtos duráveis diminuiu. "É impossível manter o percentual de crescimento de 35% anuais ao longo dos anos", afirma Juraci Parente, coordenador do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas. Porém, o crescimento nas vendas continua forte.
A fabricante de eletroeletrônicos Mondial, uma das mais fortes do Nordeste, por exemplo, registrou aumento de vendas de 15% nos primeiros seis meses do ano em relação ao mesmo período de 2006.
Para Giovanni Cardoso, diretor da Mondial, o percentual é bom, principalmente se for considerado que, em 2006, a empresa tinha tido um salto de 35% nas vendas.
"Os beneficiários do Bolsa Família que vivem na informalidade consideram o benefício uma renda fixa para pagar prestações", diz. "E nada é mais atraente que uma TV nova."
A Amazon PC, líder de mercado no Norte e no Nordeste, viu o faturamento saltar de R$ 18 milhões, em 2003, para R$ 200 milhões em 2006. Uma das estratégias foi focar nos mercados ao Norte do país, instalando sua fábrica em Manaus.
"Temos custos menores com logística e, enquanto nossos concorrentes parcelam em sete vezes, nós chegamos a 12 prestações", diz Carlos Diniz, presidente da Amazon PC.
Essa procura reflete-se nas redes varejistas como a Ricardo Eletro, que está se expandindo no Nordeste. Na empresa, o incremento médio de vendas foi 12%. "É um número surpreendente, principalmente num ano depois da Copa do Mundo", afirma Rodrigo Nunes, vice-presidente da Ricardo Eletro.
As montadoras vivem situação parecida. De janeiro a junho, as vendas aumentaram 3,79% no Norte e 17,45%, no Nordeste. No país, o crescimento médio foi de 25,8%.
(CRISTIANE BARBIERI)


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