|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dólar cai a R$ 1,90, menor valor em 10 meses
Em cinco dias, moeda acumula desvalorização de quase 5%, com maior otimismo sobre retomada da economia global
Analistas creem em correção
no câmbio, em consequência
do aumento nas importações
nos próximos meses;
Bolsa de SP avança 2,08%
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Na sua sexta baixa consecutiva, o dólar comercial recuou
1,30% e terminou o dia vendido
a R$ 1,903, a menor cotação
desde 26 de setembro do ano
passado, quando estava em R$
1,851. Em pouco mais de uma
semana, a depreciação acumulada é de quase 5%.
Enquanto a economia global
parece caminhar para o fim da
recessão, a moeda americana
também retorna paulatinamente para os níveis anteriores
ao recrudescimento da crise internacional, marcado pela quebra do banco de investimentos
Lehman Brothers, nos EUA,
em 15 de setembro de 2008.
A Bolsa de Valores de São
Paulo também foi um retrato
do otimismo, ontem: subiu
2,08%, para 53.154 pontos.
Embora a maioria dos analistas concorde que a retomada
mundial deve começar entre o
final deste ano e o começo de
2010, muitas dúvidas ainda cercam o ritmo de recuperação. Os
investidores, entretanto, têm
descartado a segunda parte
dessa sentença e se atêm à percepção de que os riscos de uma
piora expressiva do cenário são
menores a cada dia que passa.
Aí, ficam à vontade para diversificar as suas carteiras, colocando dinheiro em destinos
considerados mais arriscados,
como o Brasil.
O movimento observado nas
últimas semanas é o oposto do
que se verificou a partir de setembro do ano passado. Assustados com os prejuízos sofridos
nos EUA e na Europa com aplicações no mercado imobiliário,
os grandes investidores fugiram dos mercados emergentes
para se refugiar nos títulos do
governo americano, tidos como
relativamente seguros.
O problema é que o retorno
oferecido por esses papéis está
baixo demais. Então, passado o
pânico, os investidores voltam
a aceitar um pouco mais de risco em troca de rendimentos
maiores.
Essa queda do dólar ante o
real não surpreende Nathan
Blanche, sócio da Tendências
Consultoria, que desde o final
do ano passado previa que a
moeda americana voltaria ao
nível de R$ 1,85. "A taxa de
câmbio tende a convergir para
os fundamentos no médio e no
longo prazo", afirma. Ou seja,
os fatores conjunturais -como
o medo de um crash global-
podem até mexer fortemente
com as cotações em alguns momentos, mas é o fluxo, o qual
espelha as condições da economia do país, que determina os
valores de equilíbrio.
A expectativa de Blanche é
que a moeda termine 2009 em
R$ 1,85. Até agora, o bom desempenho da balança comercial brasileira,cujo superávit no
ano até a semana passada é
14,3% maior do que o do mesmo período de 2008, também
tem ajudado bastante a empurrar as cotações da moeda americana para baixo. Nos próximos meses, esse cenário deve
mudar um pouco, na avaliação
de Blanche. "As importações,
que vinham recuando mais do
que as exportações, devem
crescer, pois espera-se um reaquecimento da economia brasileira", diz. A maior parte das
compras feitas pelo país é de insumos industriais e máquinas.
Embora o Banco Central esteja atuando bastante no mercado de câmbio para impedir
uma oscilação mais forte da
moeda americana, ainda pode
haver volatilidade, afirma Felipe Pellegrini, gerente da mesa
de operações da corretora Confidence. "Nos próximos dias,
deve haver uma correção de
preços, pois a baixa das últimas
sessões foi bem acentuada",
diz. "Os prognósticos são bons,
mas não acredito que a divisa se
firme abaixo de R$ 1,89 tão cedo. São necessários mais sinais
de melhora da economia global
para isso."
Texto Anterior: Siderurgia: Vale acerta redução de 28,2% no preço do ferro Próximo Texto: E eu com isso? Índice
|