São Paulo, terça-feira, 21 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corretoras de hipotecas de alto risco ressurgem nos EUA

Empresas que intermediavam contratos "subprime" agora se especializam em renegociar os termos desses acordos

Investigação mostra que as empresas não costumam cumprir promessas feitas aos clientes e pouco fazem para reformar contratos

DO "NEW YORK TIMES"

De um escritório no centro de Los Angeles, Jack Soussana intermediou um número espantoso de hipotecas para compradores de imóveis, durante o recente boom imobiliário, e fez fortuna com isso.
Mas Soussana mesmo admite que seus clientes não se saíram tão bem. Ele se especializava em hipotecas exóticas que se provaram altamente propensas à inadimplência, e muitos dos clientes que as obtiveram agora estão tendo que batalhar para salvar suas casas.
Mas os perigos que os antigos clientes de Soussana estão correndo serviram para propiciar novos negócios ao agenciador de hipotecas. No fim de 2008, a equipe de Soussana começou a prestar serviços a uma empresa cuja especialidade é renegociar os termos de hipotecas.
Por honorários que podem chegar a US$ 3.500, ele e seu pessoal prometem negociar com os credores a fim de reduzir as prestações das hipotecas hoje em débito que eles e muitas empresas do ramo ajudaram a espalhar pela Califórnia.
"Nós mudamos o roteiro e o produto que estávamos vendendo", afirma Soussana. O novo roteiro baseia-se na ideia de que os mutuários fizeram um mau negócio, "mas agora poderemos ajudá-los a escapar das piores consequências, porque conhecemos bem as instituições de empréstimos".
A FedMod, como a empresa é conhecida, é apenas um exemplo do modo como as mesmas pessoas que costumavam intermediar hipotecas de risco na época do boom se reconstituíram e formaram um novo setor cuja especialidade são as reformas de contratos de hipoteca.
A despeito de fazerem promessas de assistência a proprietários de imóveis desesperados por manterem suas casas, a FedMod e as demais companhias que operam no setor muitas vezes se provam incapazes de cumprir aquilo que prometem, de acordo com uma investigação baseada em entrevistas de antigos funcionários e clientes dessas empresas, queixas a órgãos de defesa do consumidor e documentos de um processo contra a companhia.
O processo alega que a FedMod costuma exagerar seu índice de sucesso, aconselhou clientes a suspender o pagamento de hipotecas, pouco ou nada fez para reformar os contratos e deixou de restituir em prazo razoável os honorários recebidos. O objetivo do processo é impedir que ela mantenha essas práticas e indenize os clientes prejudicados.
Um dos supostos prejudicados, Joshua Garland telefonou em março para a FedMod. Ele tinha perdido o emprego de chef de restaurante e se tornado bartender, e sua mulher ficara sem trabalho. A renda do casal caiu de US$ 3.200 para menos de US$ 1.000 -e a hipoteca estava três meses atrasada.
Um agente da FedMod disse que os pagamentos mensais poderiam ser reduzidos de US$ 1.200 para US$ 532, mas ele precisava pagar uma taxa de US$ 995. "Eu disse para ele que tínhamos US$ 1.200 para pagar a hipoteca e, se déssemos o dinheiro, o atraso seria ainda maior", disse Garland. "Ele afirmou: faça o pagamento de US$ 995, porque, uma vez que estiver dentro do plano, o banco não tomar seu imóvel."
Após várias ligações, Garland pagou. Então, meses se passaram sem contato do agente da FedMod, apesar das inúmeras mensagens pedindo informações ou o dinheiro de volta. Até que o leilão da sua casa foi marcado para o fim de agosto. "Esse cara fica me perseguindo por causa dos US$ 1.000 e, logo que eu paguei, ele desapareceu."


Tradução de PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: Mercados: CIT recebe aporte de US$ 3 bi para evitar concordata
Próximo Texto: Obama afirma que "incêndio foi apagado"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.