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Corretoras de hipotecas de alto risco ressurgem nos EUA
Empresas que intermediavam contratos "subprime" agora se especializam em renegociar os termos desses acordos
Investigação mostra que as empresas não costumam cumprir promessas feitas aos clientes e pouco fazem para reformar contratos
DO "NEW YORK TIMES"
De um escritório no centro
de Los Angeles, Jack Soussana
intermediou um número espantoso de hipotecas para
compradores de imóveis, durante o recente boom imobiliário, e fez fortuna com isso.
Mas Soussana mesmo admite que seus clientes não se saíram tão bem. Ele se especializava em hipotecas exóticas que
se provaram altamente propensas à inadimplência, e muitos dos clientes que as obtiveram agora estão tendo que batalhar para salvar suas casas.
Mas os perigos que os antigos
clientes de Soussana estão correndo serviram para propiciar
novos negócios ao agenciador
de hipotecas. No fim de 2008, a
equipe de Soussana começou a
prestar serviços a uma empresa
cuja especialidade é renegociar
os termos de hipotecas.
Por honorários que podem
chegar a US$ 3.500, ele e seu
pessoal prometem negociar
com os credores a fim de reduzir as prestações das hipotecas
hoje em débito que eles e muitas empresas do ramo ajudaram a espalhar pela Califórnia.
"Nós mudamos o roteiro e o
produto que estávamos vendendo", afirma Soussana. O novo roteiro baseia-se na ideia de
que os mutuários fizeram um
mau negócio, "mas agora poderemos ajudá-los a escapar das
piores consequências, porque
conhecemos bem as instituições de empréstimos".
A FedMod, como a empresa é
conhecida, é apenas um exemplo do modo como as mesmas
pessoas que costumavam intermediar hipotecas de risco na
época do boom se reconstituíram e formaram um novo setor
cuja especialidade são as reformas de contratos de hipoteca.
A despeito de fazerem promessas de assistência a proprietários de imóveis desesperados por manterem suas casas, a FedMod e as demais companhias que operam no setor
muitas vezes se provam incapazes de cumprir aquilo que prometem, de acordo com uma investigação baseada em entrevistas de antigos funcionários e
clientes dessas empresas, queixas a órgãos de defesa do consumidor e documentos de um
processo contra a companhia.
O processo alega que a FedMod costuma exagerar seu índice de sucesso, aconselhou
clientes a suspender o pagamento de hipotecas, pouco ou
nada fez para reformar os contratos e deixou de restituir em
prazo razoável os honorários
recebidos. O objetivo do processo é impedir que ela mantenha essas práticas e indenize os
clientes prejudicados.
Um dos supostos prejudicados, Joshua Garland telefonou
em março para a FedMod. Ele
tinha perdido o emprego de
chef de restaurante e se tornado bartender, e sua mulher ficara sem trabalho. A renda do
casal caiu de US$ 3.200 para
menos de US$ 1.000 -e a hipoteca estava três meses atrasada.
Um agente da FedMod disse
que os pagamentos mensais
poderiam ser reduzidos de US$
1.200 para US$ 532, mas ele
precisava pagar uma taxa de
US$ 995. "Eu disse para ele que
tínhamos US$ 1.200 para pagar
a hipoteca e, se déssemos o dinheiro, o atraso seria ainda
maior", disse Garland. "Ele
afirmou: faça o pagamento de
US$ 995, porque, uma vez que
estiver dentro do plano, o banco não tomar seu imóvel."
Após várias ligações, Garland
pagou. Então, meses se passaram sem contato do agente da
FedMod, apesar das inúmeras
mensagens pedindo informações ou o dinheiro de volta. Até
que o leilão da sua casa foi marcado para o fim de agosto. "Esse
cara fica me perseguindo por
causa dos US$ 1.000 e, logo que
eu paguei, ele desapareceu."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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